Com fim do uso das máscaras, passageiros cobram volta dos ônibus com ar-condicionado
Ônibus convencionais e os ‘fresquinhos’ das linhas executivas não circulam mais desde abril de 2020
Mariane Chianezi, Karina Campos –
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Com o fim da exigência do uso das máscaras no transporte coletivo, Campo Grande ainda segue sem previsão de ter em circulação os ônibus com ar-condicionado nas ruas. Os veículos convencionais e os executivos, os famosos ‘fresquinhos’, não são usados desde abril de 2020, quando a pandemia chegou à Capital. O Consórcio Guaicurus informou que ainda não há previsão dos aparelhos voltarem a ser ligados nos trajetos.
Para quem pega o transporte público diariamente, o mínimo de conforto seria essencial. Para Ana Paula Machado, 38 anos, atendente, já passou da hora dos veículos equipados com os aparelhos retornarem às ruas.
“Eu era acostumada a andar muito nos fresquinhos e, além de ser mais confortável, eram muito mais rápidos que os convencionais. Já está na hora de voltar, está cada dia mais quente. E nós mulheres, gostamos de nos arrumar, passar uma base no rosto, mas quando entra no ônibus derrete tudo, mesmo com a janela aberta, fica muito abafado”, disse a passageira.
Eulila Bueno, 60 anos, é técnica de enfermagem e disse que usa o transporte público para tudo. Ela comenta que defende a volta dos veículos com ar-condicionado por causa do calor na Capital. “As temperaturas aqui estão cada vez pior. Hoje já bateu 34 graus de manhã”, disse.
Ao todo, são 14 veículos convencionais com ar-condicionado que circulam em linhas centrais da Capital. Alguns deles têm sido usados frequentemente, mas com aparelhos desligados. Como no caso da linha 082 (Shopping Campo Grande – Terminal Aero Rancho), que tem em circulação os veículos climatizados, mas mantém os aparelhos desativados.
Os executivos, que faziam linhas bairro-centro, nunca mais foram vistos nas ruas de Campo Grande. Os ‘fresquinhos’ têm passagem mais cara que a tradicional, atualmente no valor de R$ 5,40.
A Prefeitura Municipal foi acionada, mas até o fechamento deste material, não havia se posicionado. Em reportagem anterior, a prefeitura disse que os ônibus com climatização iriam retornar “assim que houvesse o entendimento pela área da saúde de que os mesmos apresentam segurança para serem utilizados com as janelas fechadas”.
‘Tarifa não condiz com qualidade’
Os usuários do transporte público em Campo Grande não estão nada contentes com o aumento da tarifa de ônibus que passou a vigorar desde o dia 17 de janeiro. A passagem passou de R$ 4,20 para R$ 4,40. Segundo relatos de pessoas entrevistadas pelo Jornal Midiamax no Centro da Capital, o valor seria injusto, pois destoa da qualidade do serviço oferecido.
O autônomo Leandro acha que o valor da tarifa já era alto, principalmente para pessoas como ele que não possuem o benefício da gratuidade. “Gasto mais de R$ 200 por mês e o pior não é nem saber que está pagando, é saber que o transporte continua ruim, tem ponto que é só pedaço de pau, as pessoas se molham. Fora os atrasos”, reclama.
Tayane Rodrigues, de 30 anos, recebe o passe de onde trabalha, mas mesmo assim se solidariza com quem desembolsa o valor da passagem. “Pra mim não afeta tanto, mas pra quem paga é um absurdo, por conta dos ônibus atrasados e cheios”.
Yara Oliveira, de 32 anos, vai ao trabalho algumas vezes de moto e outras de ônibus. “Já quase não estou sentindo diferença nos valores, de tão caro que está”.
Outro usuário que reclamou muito da qualidade do serviço prestado foi Emanuel Pistório, de 43 anos. “Pelo transporte que a gente recebe eu acho que está muito alto esse valor (R$ 4,40), principalmente pela qualidade, pelo conforto e também o tempo que a gente espera. Se tivesse o aumento e a gente percebesse uma melhora tudo bem, mas está piorando”.
Incentivos milionários
Um Termo de Convênio nº 32.097 transferiu R$ 7,2 milhões em recursos do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul para ajudar a arcar com a gratuidade do passe dos estudantes de Campo Grande. O termo foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado em 29 de junho, após acordo do Município com o Estado, para subsidiar a gratuidade do passe do estudante dos alunos da rede estadual de Campo Grande.
A transferência será realizada por meio da SED-MS (Secretaria de Estado de Educação) e Campo Grande e tem por objetivo a transferência voluntária de recursos financeiros para custear passe de estudante aos alunos matriculados na Rede Estadual de Ensino que são residentes no município de Campo Grande.
Serão utilizados recursos da Lei Orçamentária deste ano, com amparo legal na Lei Federal nº 8.666/93, Decreto Estadual nº 11.261/2003, Resolução SEFAZ nº 2.093/2007, Lei Municipal nº 3.026/93, Plano de Trabalho e Parecer Jurídico.
Problemas recorrentes
Além do veículo que pegou fogo no motor, os passageiros enfrentam diversas dificuldades no transporte público diariamente, como atrasos e frota reduzida.
Veículos sujos também foram alvo de reclamação dos passageiros, assim como problemas nas “cordinhas” para sinalizar o ponto que deseja descer. O jardineiro Sidney da Silva relatou para a reportagem que o ônibus que seguia na linha 061 [Moreninhas] estava com a campainha de sinal estragada e, por isso, ele e vários outros passageiros não conseguiram descer nos pontos que precisavam.
Até animal peçonhento foi encontrado em ônibus. Uma passageira do ônibus da linha 087 levou um susto ao se deparar com um escorpião em seu banco do transporte coletivo. A mulher registrou imagens do ocorrido e ainda reforça o valor da passagem que subiu para R$ 4,40, mas aparentemente não apresentou melhorias. “R$ 4,40 a passagem do ônibus e de brinde vem escorpião no ônibus (…) Será que foi cobrado passagem dele também?”, questiona.
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