Com alta nos combustíveis, mensalidade de vans escolares deve aumentar até 15% em Campo Grande

Com medo de perder clientes, alguns motoristas devem manter o preço, mas admitem que estão no “limite” com alta nos combustíveis

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(Foto: Reprodução/Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

A recente alta nos combustíveis já afeta diversas atividades e começa a encarecer serviços prestados com a utilização de veículos em Campo Grande. Entre eles, está o transporte escolar particular que deve sofrer aumento de até 15% nas mensalidades nos próximos dias.

O reajuste de 10% a 15% no valor cobrado pelos motoristas e empresas do setor foi definido pelo Sintems (Sindicato dos Trabalhadores Escolares do Estado de Mato Grosso do Sul). De acordo com o presidente do sindicato, Rodrigo Aranda Armoa, o aumento é necessário, pois os motoristas já estariam trabalhando “no limite”.

André Vicente Cruz, de 40 anos, é motorista de transporte escolar e lembra de pagar R$ 4,90 no litro do diesel em janeiro e hoje já precisa desembolsar cerca de R$ 7,00. “Utilizamos um sistema igual das escolas particulares, valores anuais divididos por mês. O valor do Diesel subiu quase 50% e ainda estamos no meio do ano, por isso teremos que aumentar. É muito complicado segurar [o preço] por tanto tempo”, lamenta.

O motorista conta ter despesa próxima aos R$ 6 mil mensais, metade apenas em combustível. “Fica impossível da gente manter o veículo em dia, a maioria dos motoristas utilizam veículos já usados, que demandam mais manutenção e junta com esse valor da gasolina”, disse.

Questionado sobre uma possível perda de clientes com o aumento nos valores, André conta que a informação está sendo bem recebida pelos pais, que buscam entender a situação dos profissionais e mantêm o pagamento do serviço. “A gente entende que pode pesar para alguns pais e até olhamos caso a caso, mas é a única saída”, finalizou.

Márcio Vargas da Silva, de 43 anos, também atua na área e admite receio de perder clientes em caso de aumento nos valores, por isso manterá os valores cobrados atualmente. “Mas se tiver um novo aumento [dos combustíveis] não vou conseguir manter o preço”, comentou.

“Muitos dos meus clientes possuem rendas mais baixas e se eu decidir cobrar mais, mesmo que seja um percentual pequeno, fica complicado”, explicou. Entretanto, o motorista conta que não suportaria uma nova alta. “Se tiver um novo aumento não vai dar para manter o preço, vou precisar repassar ou cancelar o contrato”, finalizou.

Segundo o presidente do Sintems, Rodrigo Armoa, a alta recente nos combustíveis causou queda no número de profissionais que atuam na área nos últimos anos, saindo de 125 em 2019 para 75 atualmente. “Além dos custos para abastecer, ainda ganhamos a concorrência dos aplicativos de carona paga”, comentou.

Armoa não vê com bons olhos o futuro do setor e acredita que apenas a implementação de sistemas utilizados em cidades como São Paulo poderia dar sobrevida à categoria. Para o presidente sindical, os valores repassados para o Consórcio Guaicurus em relação ao passe livre dos estudantes poderiam ser destinados para contratação de vans, mantendo a gratuidade e alimentando o setor.

Valor da gasolina em Campo Grande

Considerando o preço médio de R$ 6,904 no litro da gasolina em Campo Grande na última semana, segundo pesquisa da ANP, o combustível pode chegar a preço médio de R$ 7,104. Já o óleo diesel, que custou R$ 6,623 o litro no mesmo período, deve alcançar R$ 7,323 por litro, superando o preço da gasolina.

Diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de MS), Edson Lazarotto, destacou ao Jornal Midiamax a estimativa de aumento, mas observou que cada revendedor e região, devido a custos como frete, podem ter variações distintas, para mais ou para menos no valor da gasolina.

Levantamento realizado na semana anterior apontou postos cobrando R$ 7,17 no litro da gasolina e R$ 7,37 o diesel em Campo Grande. O valor é praticado na Rede Faleiros da Avenida Marquês de Lavradio. No posto Los Angeles, do Jardim Bálsamo, o valor do litro da gasolina está R$ 7,05 e do diesel, R$ 7,15.

Combustíveis valendo ouro no interior de MS

A alta não afetou apenas a Capital sul-mato-grossense, mas também diversos municípios do interior. O Jornal Midiamax realizou um levantamento em alguns municípios do Estado e encontrou a gasolina sendo comercializado por R$ 8,00 o litro. O diesel chega a R$ 8,06.

O município com o valor mais caro, de R$ 8,00 no litro da gasolina aditivada, foi Alcinópolis, entretanto o diesel não possui o valor mais alto, comercializado por R$ 7,60.

Já em Corumbá, foi possível encontrar postos vendendo o litro do diesel por R$ 8,06. Entretanto, a gasolina é comercializada por R$ 7,89.

Reajuste da Petrobras nas refinarias

O anúncio previa um reajuste de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro da gasolina e de R$ 4,91 para R$ 5,61 do diesel a partir deste sábado (18), mas ainda nas refinarias.

Em dezembro de 2021, o valor praticado nas refinarias para a gasolina era de R$ 1,89 e R$ 2,02 para o diesel no Brasil.

Na nota em que anuncia o reajuste, a Petrobras afirma que o mercado global de energia está atualmente em “situação desafiadora”, por conta da recuperação da economia mundial e a guerra na Ucrânia.

A estatal aponta, ainda, que “é sensível ao momento em que o Brasil e o mundo estão enfrentando e compreende os reflexos que os preços dos combustíveis têm na vida dos cidadãos”, e que tem buscado equilibrar seus preços com o mercado global, sem o repasse imediato da volatilidade dos preços externos e do câmbio.

“Não obstante, quando há uma mudança estrutural no patamar de preços globais, é necessário que a Petrobras busque a convergência com os preços de mercado”, diz a nota, que sugere que, de outra forma, poderia haver risco de desabastecimento interno.

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