Capitais fizeram até BRTs com recursos que Campo Grande dispensou do Avançar Cidades
BRTs, que são linhas de ônibus de grande capacidade que operam em faixas segregadas nas ruas, foram implantados em Salvador
Evelin Cáceres –
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A Prefeitura de Campo Grande dispensou R$ 93,1 milhões de financiamento em 2020 para melhorar as ruas da cidade, acelerando o tempo de deslocamento do transporte coletivo. Outras capitais pelo país foram selecionadas na mesma época, como Curitiba, Porto Alegre, Salvador, São Luís e São Paulo, com previsão de investimento no valor de R$ 525,8 milhões.
Aproveitando a abertura dos recursos, Salvador usou a linha de financiamento federal para ampliar o sistema de BRTs (Bus Rapid Transit), linhas de ônibus de grande capacidade que operam em faixas segregadas nas ruas. Um sistema considerado solução eficiente para dar celeridade ao transporte coletivo.
O Jornal Midiamax mostra nesta semana, em uma série de reportagens, o caos espalhado pela cidade com a implantação de corredores, muitos inacabados. Entre as reclamações dos passageiros e motoristas está a localização dos ‘pontões’, posicionados à esquerda das vias, como é o caso da Rui Barbosa, o corredor mais recente inaugurado em Campo Grande na última terça (20).
Campo Grande usaria o recurso dispensado para complementar os R$ 110 milhões em financiamentos pelo PAC Mobilidade Urbana, cujo objeto seria a implantação de corredores exclusivos de transporte coletivo, intervenções viárias, construção, reforma e ampliação de terminais de ônibus, implantação de estações de embarque e desembarque e pontos de ônibus.
Financiamento da União
Em troca, a Capital de Mato Grosso do Sul resolveu usar recursos que são do Orçamento Geral da União, sujeitos a contingenciamento, comprometendo o cronograma, para a execução das obras que estavam incluídas no projeto do Avançar Cidades [confira lista completa ao final da matéria], conforme afirmado pela própria administração municipal.
Com isso, obras importantes que ligariam os corredores de ônibus aos principais terminais da cidade sequer foram iniciadas, como os da Avenida Cônsul Assaf Trad e o corredor inacabado, como o da Avenida Gunter Hans.
Até mesmo as do PAC Mobilidade, com recursos disponíveis desde 2014, estão apenas 24% concluídas. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional informou que “diante o baixo desempenho do empreendimento, a Prefeitura de Campo Grande apesentou à Caixa Econômica Federal um novo plano de ação para que as obras pudessem ser retomadas, com redução de algumas metas do contrato”.
BRTs
Em Salvador, o BRT passou a fazer parte do sistema de integração do transporte coletivo no último dia 11 de novembro, após cerca de 40 dias em fase de testes. O horário de funcionamento é das 6h às 22h.
Segundo a prefeitura, o BRT tem apresentado bom desempenho operacional e tido grande aceitação dos usuários. No primeiro mês de operação, 174 mil pessoas usaram o BRT. O equipamento estava em testes desde o dia 30 de setembro, antes de iniciar a operação integrada com os outros modais de transporte da cidade.
A tarifa é de R$ 4,90 e as obras do BRT começaram na gestão do prefeito ACM Neto, em março de 2018. A primeira etapa da obra foi entregue em 2020 e a segunda etapa continua em obra, com previsão de entrega no final de 2023.
O custo de implantação por quilômetro é de R$ 20 milhões, com capacidade de até 50 mil usuários e velocidade média de 18 a 40 km/h.
Avançar Cidades
O secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos à época era o mesmo atual, Rudi Fiorese. Na ocasião, havia dito que após a seleção, o próximo passo seria submeter os projetos para a Caixa Econômica Federal, que daria o parecer final para a contratação dos recursos. Vencida esta etapa, a Prefeitura pediria autorização à Câmara e, em seguida, o contrato de financiamento seria assinado.
No entanto, a Caixa informou que o contrato não foi formalizado. A linha de financiamento do Avançar Cidades no âmbito do programa Pró-Transporte previa juros de 6% ao ano, podendo ser acrescida taxa diferencial de juros de até 2% e taxa de risco de crédito de até 1%; contrapartida de 5% do valor de investimento, 48 meses de carência e 20 anos para pagamento.
O Jornal Midiamax questionou o secretário sobre a não contratação do financiamento e atraso no cronograma de obras dos corredores de ônibus, mas não obteve respostas. O espaço segue aberto para manifestação.
Lista de projetos que seriam atendidos pelo Avançar Cidades
As ciclovias – 29,5 km
- Avenida Luiz Alexandre (entre Afonso Pena e Rua Antônio Maria Coelho);
- Sai da Fabio Zahran vai até Paulo Freire, desce pela Paulo Freire, entra na Avenida das Bandeiras e desce pela rua Tatuí (Vila Carvalho, paralela a Salgado Filho);
- Fabio Zahran – desce pela Rua Carandá, Arica, Candelária, rotatória da Avenida Jorge Chaia até a Rua Anchieta, desce e faz o contorno na Avenida Gabriel Spipe Calarge com a Rua Divisão, Cordeiro de Souza (ligação Gabriel Spipe Jorge Chaia);
- Manoel da Costa Lima – da rotatória com a Filinto Muller até o Trevo Imbirussu;
- Filinto Muller (ligação entre a rotatória da Manoel Costa e a ciclovia da Fábio Zahran);
- Antônio Maria Coelho (entre a Rua Professor Luiz Alexandre até a rotatória com a Mato Grosso Lima Felix);
- Plutão (ligação com a Avenida Noroeste).
Ciclo-faixas
- Rua Antônio Rahe (entre a Cristóvão Lechucaté e Avenida Cônsul Assaf Trad);
- Avenida Fabio Zahran (entre a Afonso Pena e a Rua 26 de Agosto);
- Duque de Caxias (entre a Avenida Solon Padilha e a Rua Radio Maia);
- Euler de Azevedo (entre a Presidente Vargas e a Avenida Tamandaré);
- Presidente Ernesto Geisel (da rotatória com a Euler de Azevedo até um pouco à frente Elvidio Serra);
- Ligação da Avenida Duque de Caxias com a Rua Fernando Noronha;
- Passa pelas ruas Barnabé Mesquita, São Caetano, Eunice Welver, Nioaque, Presidente Vargas até a Fernando de Noronha;
- Tamandaré (entre a Avenida Euler de Azevedo, Rua Urano, interligação com a Rua Plutão);
- Avenida Rodoviária (Rua Iguatemi, Avenida Rodoviária até a Rua das Joias);
- Alfenas (ruas Noroeste, Alfenas, Jaboticabal e chega na Avenida Tamandaré).
Linhas de ônibus – 10,87 km
- Jardim Inápolis (Nucleo Industrial) – 3,83 km
- Polo Empresarial Oeste – 0,70 km
- Residencial José Teruel – 0,62 km
- Granja São Luiz e Bandeira- 2,92 km
- Leon Denizart Conte – 2,8 km
- Corredores do transporte coletivo – 34 km
- Avenida Mato Grosso – 4,8 km
- Avenida Cônsul Assaf Trad – 10,52 km
- Avenida Calógeras – 3 km
- Avenida Costa e Silva – 4,37 km
- Rua 25 de Dezembro – 2,07 km
- Rua Alegrete – 1,87 km
- Rui Barbosa – 4,04 km
Prefeita admite reavaliar corredor da Rui Barbosa
Durante agenda pública na manhã da quarta-feira (21), a prefeita Adriane Lopes (Patriota) afirmou que críticas de motoristas, comerciantes e passageiros sobre o funcionamento do corredor da Rui Barbosa, uma das vias mais estreitas do Centro da Capital, fazem parte do que é esperado no período de implantação.
“O mesmo questionamento foi feito na Rua Brilhante, onde otimizamos em até 8 minutos o tempo dos ônibus, muito do que ouvimos são especulações”, disparou a prefeita diante das reclamações dos usuários e motoristas, que enfrentam nó no trânsito causado, principalmente, pela localização dos ‘pontões’ ao longo das vias.
Em relação a uma reavaliação sobre a operação dos corredores, a prefeita afirmou que processos relacionados ao corredor da Rui Barbosa só podem ser mudados depois de uma avaliação técnica.
“Nossas equipes especialistas em trânsito estarão avaliando todos o percurso e a execução e se tiver oportunidade de melhorias, podemos fazer, mas até o momento não há nada divergente do que está posto”, disse Adriane.
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