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Cotidiano

Som alto e até limpeza de calçada: briga entre vizinhos exige ‘jogo de cintura’ de síndicos para evitar tragédia

Saber ouvir e seguir o regulamento estão entre os principais modos de tentar garantir convivência tranquila
Thalya Godoy -
Vizinhos precisam ter empatia, afirmam síndicos
Condomínio em Campo Grande estabelece regras para o portão social. (Foto: Marcos Ermínio)

Som alto, reforma em horários inadequados e até a limpeza de uma calçada podem ser motivos para brigas entre vizinhos. No dia 24 de julho, um homem de 41 anos ficou com uma bala alojada no rosto após discussão com o morador da casa ao lado sobre a limpeza em frente às residências, em (MS). 

Em (MS), a Lei Complementar nº 8 de 28 de março de 1996 prevê que é proibido perturbar o sossego alheio com qualquer som, ruído ou vibração além dos níveis máximos fixados pela lei. 

Diante desses transtornos, síndicos em Campo Grande orientam que a solução em muitos casos é saber ouvir os moradores e tomar providências embasadas nas leis municipais, federais e regras fixadas pelo próprio condomínio para tentar garantir a harmonia.

“Aos moradores é preciso ter parcimônia, se colocar no lugar de alguém antes do julgamento”, afirmou o síndico profissional, Helder Oliveira, de 38 anos.

Ele diz que, entre os motivos campeões de reclamação entre os moradores, o barulho está na liderança. “Existem alguns casos que as pessoas não ficam apenas na conversa, eles partem para vias de fato. Eu administro cinco grandes condomínios, diversas vezes presenciei e tivemos que intervir para não ter problemas maiores”, ele relembra.

Nos residenciais em que administra, Helder fixou uma placa em que avisa que casos de violência contra mulheres e crianças serão denunciados para a Polícia Militar. 

O síndico diz que já precisou acionar a polícia diversas vezes e, nesses casos, os moradores são orientados ou levados para a delegacia. 

“Não acho que somente isso resolve, deveria ter mais do que somente orientar. Na maioria das vezes fica por isso mesmo. A agredida não tem noção do que pode acontecer, ou acha que tudo mudará, e deixa por isso mesmo”, conta.

Placa fixada nos residenciais alerta sobre denúncias em caso de violência

Como entender os vizinhos?

Cleonice Dias, 39 anos, é síndica há seis anos no condomínio Reinaldo Buzanelli 1, no Jardim Campo Nobre. Ela é moradora do residencial desde a entrega feita pelo governo em 2014 e relembra como era o local antes da sua gestão, com roubos frequentes, diversas bocas de fumo, moradores inadimplentes, muito barulho e briga entre vizinhos que envolveram até ameaças.

Para resolver os problemas que ela mesma vivenciava como moradora, teve como principal aliada as normas já estabelecidas quando o condomínio de 24 blocos e 384 apartamentos foi entregue.

“Eu converso pela primeira vez. Na segunda vez, eu levo uma notificação baseada em termos de reclamação. Se continuar, eu levo a multa e a notificação e passo para a advogada. Ela intima judicialmente e, aí sim, só dói quando pega no bolso”, garante. “Eu trabalho na lei mesmo, aqui não tem meia boca para mim e eles sabem disso, porque quando você trabalha na lei você tem melhoria nas coisas”, complementa.

Em blocos em que há problemas, a síndica afirma que procura também chamar todos para o hall, às vezes acompanhada de seguranças para garantir uma conversa tranquila, e todos têm direito a falar para tentar resolver os conflitos.

Além de seguir as normas, Cleonice afirma que ouvir e ajudar as pessoas também tem efeitos positivos para a convivência. “Aqui tem famílias, pessoas que ajudei a se recuperar, idosos que a família abandonou e a gente ajuda a fazer compras”.

Regina Trindade, de 59 anos, é moradora do condomínio, e afirma que a única vez que precisou fazer uma notificação foi por causa do barulho de vizinhos que estavam bêbados.

“Quando é possível, a gente conversa e pede, mas quando não funciona não adianta bater boca. Eu venho na administração e registro a reclamação”, conta.

Cléo recebe roupas e móveis que passam por um processo de inspeção e limpeza antes de serem doados. (Foto: Marcos Erminio/ Midiamax)

Outra moradora do condomínio Reinaldo Buzanelli 1, Ana Da Silva, de 23 anos, relembra que a já foi agredida no residencial e que antes não conseguia dormir devido ao barulho dos vizinhos que, mesmo com a da polícia, aumentavam o som quando os agentes iam embora.

“A Cléo pedia para a gente fazer uma notificação e ela corria atrás para tentar ajudar. Graças a Deus ela conseguiu botar ordem aqui”, declara.

Cristiane Ajala, 37 anos, é síndica do condomínio CH8, no Aero Rancho, que possui 224 apartamentos e foi inaugurado há um ano. Ela conta que os principais motivos para reclamação são a falta de cuidados para viver em apartamentos, como mau cheiro e som alto.

As penalidades envolvem a até multas no valor de R$ 75, equivalente à taxa de condomínio, mas ela diz que as pessoas mostram-se dispostas a mudar.

Cristiane também pontua que será desenvolvido no residencial um projeto social para educar os moradores sobre regras de boa convivência. “Muitos não tinham a cultura de viver em condomínio”, explica a síndica.

Qual volume é permitido?

A reclamação mais frequente entre vizinhos é o som alto. Em zonas residenciais, confira o que diz a legislação municipal:

  • Período Matutino: 55 decibéis
  • Período Vespertino: 50 decibéis
  • Período Noturno: 45 decibéis

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