VÍDEO: carreata pede ‘liberdade’ para empresas e igrejas na pandemia e cobra contagem de votos
‘Marcha da Família Cristã pela Liberdade’ contesta medidas adotadas para conter o coronavírus em MS e pede reabertura de templos religiosos
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Centenas de pessoas participaram na manhã deste domingo (11) da “Marcha da Família Cristã pela Liberdade” pelas ruas de Campo Grande. O movimento prega o fim das medidas restritivas adotadas para enfrentamento do novo coronavírus e a reabertura de igrejas. Além disso, cobrou a contagem pública de votos nas eleições no Brasil.
Apesar da última pauta estar alinhada com os movimentos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, organizadores negaram ligação com os mesmos. Em carreata, dezenas de veículos partiram da Via Parque, seguindo pela Avenida Afonso Pena rumo ao Aeroporto Internacional, acompanhados de um carro de som que buscava apoio popular à mobilização.
“Viemos pedir a liberdade, que estamos perdendo a passos largos. A liberdade de ir e vir, de trabalhar e levar o sustento para a própria família e de professar a nossa fé”, afirmou a médica Sirlei Ratier, 72 anos, organizadora e coordenadora municipal da Marcha. “Estamos vendo as pessoas proibidas de frequentar os templos religiosos, enquanto ônibus e metrôs estão superlotados”.
Os comentários são direcionados às medidas adotadas tanto pelo Governo do Estado como pela Prefeitura de Campo Grande para impedir a realização de aglomerações e, desta forma, conter a circulação do novo coronavírus. Elas incluíram toque de recolher com horários diferenciados de início conforme a gravidade da pandemia por município e restrições a atividades empresariais e religiosas.
Recentemente, o Estado chegou ao pico da pandemia. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no sábado (10), colocou Mato Grosso do Sul como o quinto Estado do país em tendências de morte por Covid-19. Foi identificado aumento nos óbitos nas faixas etárias entre 30 e 59 anos. No mesmo dia, o Estado chegou a 228.427 casos de coronavírus, com 1.201 registros em 24 horas. Houve mais 52 mortes, totalizando 4.821 vidas perdidas desde o início da pandemia.
A coordenadora disse, ainda, que pessoas vêm sendo “presas e algemadas pelo fato de estarem transitando, o que é um direito constitucional”, referência à circulação durante o toque de recolher”. Segundo ela, o movimento visa a “pedir a intercessão de Deus nesta causa, para que o poder dEle nos ajude a vencer essa batalha, que está sendo travada no plano material e espiritual”.
Sirlei afirmou, ainda, que o movimento não tinha a intenção de prestar apoio a outras pautas de grupos bolsonaristas, como apoio à intervenção militar. “Não estamos pedindo intervenção militar, não é o motivo dessa pauta”.
Manifestantes pedem ‘liberdade’ para trabalhar e professar religião
Entre os manifestantes, também não houve referência direta a este movimento. No entanto, manifestantes se posicionaram contra o “comunismo, miséria, terror e morte”. Sirlei ainda incluiu a contagem pública de votos nas eleições, e não apenas a contabilização eletrônica –algo também defendido publicamente pelo presidente.
A psicóloga Maria Lúcia Smaniotto, 55, resumiu suas reivindicações ao eixo “Deus, pátria, família e liberdade”. “Estamos perdendo o direito ao sustento, à família, à liberdade religiosa e ao trabalho. Queremos também a contagem pública dos votos”, afirmou. Além disso, ela defendeu que fosse adotada a “prevenção medicamentosa e o tratamento precoce do Covid”.
O uso de medicamentos do chamado “kit Covid”, como ivermectina e cloroquina, vem sendo contestado por autoridades de Saúde, embora ainda sejam adotados em alguns municípios que alegam ver eficácia na sua utilização –ao mesmo tempo em que surgem relatos da comunidade médica de problemas causados pela medicação, como hepáticos.
Uma professora de 35 anos, que preferiu não se identificar, também disse que sua presença no local se dava pela cobrança da “liberdade de poder trabalhar para pagar as contas, que estão chegando do mesmo jeito”. Segundo ela, diante do impedimento do poder público de que escolas e igrejas funcionem normalmente, “temos de ficar em casa esperando a morte chegar”.
Também presente à manifestação, o procurador de Justiça Sergio Harfouche afirmou lidar “com pessoas que estão sofrendo por causa do lockdown” –medida que não foi oficialmente adotada em Campo Grande, mas substituída pela antecipação de feriados– e pela “intervenção na sua família”.
“O que estamos vivendo é a retaliação da liberdade”. Por fim, ele afirmou que os manifestantes lutavam para que “as pessoas tenham liberdade para viver, trabalhar, para ir ao seu culto e para viver em família. O respeito e a preservação da liberdade”.
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