Atolado em reclamações, Consórcio Guaicurus paga pesquisa para saber opinião de passageiros

Reclamações sobre atrasos, falta de ônibus, veículos sucateados e lotações são frequentes

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Impasse por reajuste da tarifa de ônibus fez município deixar de receber ISS
Impasse por reajuste da tarifa de ônibus fez município deixar de receber ISS

Em meio a reclamações sobre atrasos, frota insuficiente e lotação, nos terminais de ônibus ou nos Peg Fácil de Campo Grande, os passageiros notam com certa frequência a presença de alguns representantes do Consórcio Guaicurus. Prancheta na mão, colete para identificação e uma pergunta: como você avalia o transporte público?

A pesquisa de satisfação nas plataformas e na região central de Campo Grande acontece há cerca de um mês. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, ainda não é possível informar quantos moradores já foram ouvidos durante o levantamento e nem se os resultados da pesquisa impactarão em melhorias no transporte.

Uma leitora disse à reportagem que ficou curiosa ao ver o “vai e vem” dos representantes da empresa no terminal, pois, segundo ela, são nítidas as necessidades do transporte público na Capital. “Até mesmo vocês [Jornal Midiamax] estão cansados de publicar sobre a situação dos ônibus, das lotações, da falta de veículos. Participei da pesquisa, mas aposto que não vai dar em nada”, opinou a moradora.

O Jornal Midiamax noticia com frequência a insatisfação dos passageiros com o transporte público.  De atrasos, falta de ônibus, veículos sucateados a lotações, as denúncias são constantes. 

Retirada de linhas 

Desde o início da pandemia, moradores de Campo Grande sentem o impacto da retirada de linhas do transporte coletivo que ligavam bairros ao Shopping Campo Grande. Foram tiradas de circulação linhas como 086 Júlio de Castilho/Shopping Campo Grande e 082 Aero Rancho/Shopping Campo Grande.

Dessa forma, trabalhadores que utilizavam essas rotas para chegar ao serviço precisaram remanejar seus trajetos para outros ônibus, passando a enfrentar uma rotina de estresse e atraso logo no início da manhã.

Lotação

Moradora do Núcleo Industrial, Silvia Borges, de 48 anos, pega o ônibus em seu bairro às 6h rumo ao Terminal Júlio de Castilho. No local, ela costumava pegar o 086 para descer no Peg Fácil do Shopping CG e ir caminhando até os endereços em que trabalha como diarista, próximos dali.

Com a retirada do 086, Silvia passou a utilizar o 411 Centro/Santa Mônica. Contudo, ela não foi a única que precisou optar por essa rota, gerando um aumento considerável no número de passageiros em horários de pico.

“Esse ônibus [411] já vem do bairro lotado, ele acaba de encher [no terminal], que você vai pendurado na porta, é horrível. A gente não tem nem como se mexer”, relata a diarista. “Eu chego tarde, a minha patroa reclama”, completa.

Atraso

Situação semelhante é enfrentada pela auxiliar de serviços gerais, Maria Aparecida da Cruz Vera, de 52 anos, que mora no bairro Tijuca II. Ela trabalha no bairro Santa Fé e pegava o ônibus 082 Aero Rancho/Shopping Campo Grande.

Desde que a linha foi retirada, ela vivencia o drama da incerteza se o 302 Caiobá/Centro vai parar ou não no ponto. “Todos os dias, no horário das 5h40, na rua Pará, eles não param, já pegam a faixa do meio para não pegar os passageiros de tão cheio”, conta a mulher. Segundo Maria Aparecida, há dias em que a espera chega a 1h30. “Será que eles acham que ninguém vai trabalhar?”, indigna-se.

Tarifa vai subir

Os moradores que utilizam o transporte público de Campo Grande podem preparar o bolso, pois a tarifa, o “passe de ônibus”, poderá sofrer reajuste com a aproximação da data-base, em dezembro. Com a inflação e a alta no preço do combustível, a composição da tarifa será analisada e ao que tudo indica deve haver aumento. Atualmente o passe de ônibus custa R$ 4,20.

Conforme o prefeito Marquinhos Trad (PSD), o reajuste anual da tarifa está previsto no contrato com o Consórcio Guaicurus e se baseia em quatro fatores: a inflação, o óleo diesel, o salário dos motoristas e a variação na quantidade de passageiros que utilizam o transporte coletivo.

“Quem avalia esses componentes são os técnicos, são os peritos que analisam e me mandam um número. Aí eu tenho duas alternativas: eu acompanho aquele número ou não acompanho. Se eu não acompanhar, eles [Consórcio Guaicurus] entram na Justiça, porque é algo previsto no contrato”, disse o prefeito.

O reajuste da tarifa acontece anualmente e as tratativas são feitas entre a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e o Consórcio Guaicurus. O anúncio da definição deverá ser publicado em Diário Oficial em dezembro.

Conteúdos relacionados

tempo