Mudanças no Pix? Taxas e limite de transações desanimam campo-grandenses
Novidade no sistema bancário brasileiro, serviço começou gratuito, mas pode mudar
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O Banco Central anunciou na manhã desta segunda-feira (10) uma consulta pública sobre o funcionamento do Pix Saque e Pix Troco, que caso tenha mudança aprovada, dará as instituições financeiras o direito de cobrar pela transferência a partir da quinta transação. Em Campo Grande, os comerciantes enxergam a medida com certo pessimismo, devido à possibilidade de mudança repentina em um serviço que começou gratuito.
Para o proprietário de um restaurante na avenida Afonso pena, a medida pode prejudicar o fluxo de caixa de estabelecimentos pequenos, mas já era esperada. “Até que demorou, muito estranho não cobrarem de cara. Aqui a venda por Pix gira em torno de 10%, se for um pequeno comércio vai prejudicar, mas um com condição melhor não vai afetar tanto”, disse Yan Felipe, de 30 anos.
O empreendedor notou a mudança de comportamento entre fornecedores e clientes, que aboliram o uso do TED e DOC. “Ninguém mais usa DOC e TED, o Pix é instantâneo. Vai ter uma taxa que você vai ter que pegar. Tudo é cobrado, o governo tem que tirar dinheiro de algum lugar”, finalizou Yan Felipe.
Na rua 14 de Julho, o gerente de uma loja de eletrodomésticos também vê com pessimismo possíveis mudanças, excluindo a versatilidade do aplicativo para receber e fazer vendas. “Uma venda que o cliente estava na casa dele, não vai mais acontecer. Hoje mesmo, faltou R$ 200 para uma mulher finalizar a compra dela, ela recebeu esse valor por Pix da patroa. Se tivesse taxa, a patroa provavelmente não faria a transação. Ela não compraria a máquina e nós não venderíamos, todo mundo ia sair no prejuízo”, explicou Jece Andrade, de 34 anos.
O administrador afirma que as pessoas tinham medo de utilizar o recurso, por medo de golpes. Com a popularização, houve adesão das pessoas e a necessidade dos bancos lucrarem. “Cerca de 5% a 15% dos clientes compram ou pagam os boletos pelo Pix, é muito utilizado. Viram que todo mundo aderiu e resolveram taxar”, finalizou Jece Andrade.
Há dois meses cobrando de pessoa jurídica
A mesma novidade que agilizou os processos de venda e compra em uma loja de bijuterias, começou a dar indícios de mudança há dois meses, com o início de cobrança para pessoas jurídicas. “Começou gratuito e há 2 meses começaram a cobrar R$ 0,95 pelas transações da empresa, e escalonado o preço de acordo com o valor da venda. Se eu fizer uma transferência da minha conta jurídica por Pix pago R$ 10”, explicou o gerente financeiro Djalma Santos, de 45 anos.
O receio é de uma possível regressão nas relações financeiras, com o retorno do uso do cartão de débito e extinguido a praticidade do serviço. “Cerca de 5% dos meus clientes utilizam o Pix. Acelerou o processo de compensar trancões, principalmente no sábado que os bancos não fazem transferência. O cliente vai voltar a pagar no débito porque pra ele não terá custo”, explicou .
Por fim, a novidade que veio para mudar a forma como nos relacionados com o dinheiro está aos poucos regredindo aos padrões tradicionais. “Quando surgiu não cobravam nada, muito bom para ser verdade. Conquistou todo mundo e agora cobram de quem querem” finalizou Djalma.
Mudanças previstas
O Banco Central colocou em Consulta Pública nesta segunda-feira proposta de criação de dois novos serviços relacionados ao Pix: o Pix Saque e o Pix Troco. Ambos possibilitarão a retirada de recursos em espécie, a diferença entre os dois é que o Pix Saque é uma transação exclusivamente para saque, enquanto o Pix Troco está associado a uma compra ou prestação de serviço.
Os serviços poderão ser disponibilizados por agentes de saque por meio da celebração de contrato com um participante do Pix – instituição financeira ou instituição de pagamento. Os agentes de saque podem ser estabelecimentos comerciais ou empresas dos mais diversos tipos ou, ainda, instituições especializadas na oferta de serviço de saque, a exemplo das entidades que provêm os serviços dos caixas 24h. O Pix Saque poderá, ainda, ser oferecido por instituições financeiras em geral, em suas redes próprias de ATMs.
Pela proposta colocada em Consulta Pública, os usuários terão quatro saques gratuitos por mês, seja utilizando Pix Saque ou Pix Troco. A partir da quinta transação, as instituições financeiras ou de pagamentos detentoras da conta do sacador poderão cobrar uma tarifa pela transação. Os sacadores não poderão ser cobrados diretamente pelos agentes de saque.
O BC definirá o limite de valor máximo que o usuário poderá sacar por dia, a princípio estipulado em R$ 500,00. Respeitado esse limite máximo, as instituições participantes do Pix e os agentes de saque definirão em contrato bilateral as condições para a prestação do serviço. Ou seja, os estabelecimentos comerciais e demais agentes de saque terão liberdade de definir se querem ofertar apenas Pix Saque, apenas Pix Troco ou ambos; os dias e períodos que pretendem disponibilizar o serviço; informações sobre os valores (exemplo, apenas múltiplos de R$ 10), entre outros.
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