MS tem 4ª maior taxa de sífilis no país, doença que impacta vida de gestantes e bebês
Em Campo Grande, a sífilis é a infecção sexualmente transmissível mais recorrente, diz Sesau
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A sífilis é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios: sífilis primária, secundária, latente e terciária.
Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.
A infecção por sífilis pode colocar em risco não apenas a saúde do adulto, como também pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal previne a sífilis congênita e é fundamental.
Os números do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2020, preocupam e colocam Mato Grosso do Sul como o 4º estado com maior taxa de sífilis adquirida no país. Em Campo Grande, a sífilis é a infecção sexualmente transmissível mais recorrente, diz Sesau.
Comparado com a taxa de detecção, MS é o 3º no país, inclusive com a taxa acima da média nacional, sendo 116,1 casos a cada 100 mil habitantes. Doze estados brasileiros também apresentam taxa acima da média em relação à detecção de sífilis em gestantes. Nesse ranking, MS aparece em 4º colocação.
Os números de mortalidade por sífilis congênita em menores de um ano por 100 mil nascidos vivos também chamam atenção. Rio de Janeiro lidera o ranking, com 19,5 casos, seguido de Amapá (12,6) e Espirito Santo (12,3). Mato Grosso do Sul aparece no 9º lugar. Confira o infográfico:
Impacto na vida de gestantes e bebês
De acordo com a médica ginecologista e obstetra, Maria Auxiliadora Budib, a sífilis representa hoje um importante problema na saúde das gestantes e dos bebês. A especialista diz que dados mundiais evidenciam que a maior parte dos mais de 12 milhões de casos anualmente registrados pela OMS ocorre em países menos favorecidos, estando associada a 90.000 mortes neonatais e 65.000 recém-nascidos prematuros ou de baixo peso.
“A sífilis materna não tratada resultou aproximadamente 304.000 mortes fetais e perinatais e mais de 216.000 crianças infectadas com risco de morte precoce. Portanto, os números são estarrecedores, e precisam ser olhados com estratégia de redução”, pontua a médica.
Ela esclarece que nas clínicas médicas é possível diagnosticar a doença, mas uma das principais causas da incidência da sífilis é a reinfecção por parte do parceiro que recusa tratamento. “A ‘falha’ de tratamento acontece pela reinfecção quando o parceiro não é submetido ao tratamento porque se recusa e traz o ciclo de transmissão novamente à gestante e ao concepto. As repercussões da sífilis na gestação incluem graves efeitos adversos para o bebê, desde abortos, óbitos fetais e neonatais até recém-nascidos vivos com sequelas diversas da doença, que poderão se manifestar até os 2 anos de vida”, disse.
Mais de 70% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, sendo de fundamental importância o rastreamento na gestante. Além disso, Maria Auxiliadora diz que o risco de transmissão vertical é muito elevado na doença sintomática — nas fases primária e secundária — variando de 90 a 100%. Nas fases latente e terciária, o risco varia entre 10 e 30%.
Saúde pública
Para diagnosticar a sífilis, basta realizar um exame de sangue e, caso a doença seja detectada, tem cura. A SES (Secretaria de Estado de Saúde), explicou ao Jornal Midiamax que fornece prevenção, testagem, tratamento e acompanhando.
Com relação à sífilis adquirida, a SES pontuou que faz campanha para combate à doença com orientações nas mídias sociais e aproveita todas as oportunidades para debater a prevenção, diagnóstico e tratamento, aliado ao autocuidado.
Já com relação à sífilis em gestante e congênita, a Secretaria explica que é trabalhada a questão do pré-natal, onde são recomendadas duas testagens para a sífilis e também no momento do parto.
“Neste caso, também os testes e o tratamento para mãe e bebê são fornecidos, não esquecendo que possuímos exames de pré-natal através do Programa de Proteção a Gestante do Mato Grosso do Sul, que é uma referência para o país. A questão da testagem e tratamento da parceria sexual é também extensamente trabalhada e importante”, disse em nota.
DSTs em Campo Grande
No primeiro semestre de 2021, foram realizados mais de 24 mil testes rápidos para diagnósticos de infecções de doenças sexualmente transmissíveis em Campo Grande e, do total, 2.282 deram positivo para HIV, sífilis, Hepatite B ou C, ou mais.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) explica que a sífilis é a infecção mais recorrente na Capital, onde 1.866 pessoas tiveram resultado reagente.
No caso destas pessoas, a secretaria disse ser possível identificar que 432 casos são de sífilis adquirida, 307 em gestantes e 35 congênita — que é quando a mãe passa o vírus para a criança durante a gestação.
O tratamento para qualquer uma destas infecções é feito na própria rede pública de saúde, onde o paciente, assim que diagnosticado, é orientado a buscar uma unidade de saúde para iniciar o mais precocemente possível o tratamento, com acompanhamento médico, realização de exames para identificar a carga viral — naqueles casos em que é possível — e uso de medicação.
“Podemos identificar, através dos dados obtidos, que em apenas 35 dos casos de mulheres que foram identificadas com sífilis, o vírus foi transmitido para a criança. Isso é possível graças ao tratamento eficaz com o uso de penicilina. A distribuição de preservativos é feita em todas as unidades de saúde, tanto os masculinos quanto os femininos, e ficam à disposição da população em locais acessíveis, como nas farmácias e balcões de recepção, por exemplo, e, quando usados corretamente, também contribuem para a redução dos casos de ISTs”, disse a Sesau em nota.
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