Documento apresentado na CPI da Covid aponta que o Ministério da Saúde teria tentado comprar 200 milhões de doses da vacina russa Sputnik nos mesmos moldes utilizados na compra das doses extras da Covaxin.

As negociações teriam ocorrido mesmo sem as vacinas produzidas pelas farmacêuticas terem recebido aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). As negociações sobre a Covaxin, alvo de denúncias de irregularidades, já são investigadas pela CPI.

Numa carta enviada, em 18 de março, pelo então secretário-executivo da Saúde, Elcio Franco, para Fundo Soberano Russo (responsável pela Sputnik) tentava abrir negociação para compra inicial de 100 milhões de doses, com opção para compra de mais 100 milhões.

Nesse documento, Franco quer a confirmação de que a empresa União Química continua como a representante da Sputnik no Brasil, sinalizando que a negociação seguiria com o laboratório brasileiro.

“Antes de lançarmos formalmente as negociações, contudo, agradeceria receber do RDIF (Fundo Russo de Investimento Direto) confirmação sobre o status do relacionamento com a União Química Farmacêutica Nacional S/A, que por ora segue sendo a representante oficial do RDIF no Brasil e firmou contrato com este Ministério da Saúde de venda de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V para o segundo trimestre de 2021”, afirmou Elcio na carta.

A data de envio da carta coincide com o mesmo período em que o governo federal tratava a compra de 100 milhões de doses extras da Covaxin, também por meio de uma empresa representante no Brasil.

Diante da negociação da Sputnik, integrantes da CPI apontam que vacinas com intermediários no Brasil tiveram tratamento completamente diferente dos grandes laboratórios, como Pfizer, Janssen e o próprio Butantan.

Veja a íntegra da carta de Elcio Franco ao fundo russo:

*Com informações do G1.