Mesmo após ‘cura’, covid deixa cascata de inflamação e médicos alertam pacientes em MS

Risco de contrair nova infecção e até mesmo de morte é preocupante

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Não é apenas uma gripezinha. A covid é uma doença sistêmica que atinge todo o sistema imunológico. Por isso, é frequente  pacientes que conseguiram alta e foram considerados ‘curados’ terem complicações graves e até chegar a óbito.

Dessa forma, médicos em Mato Grosso do Sul alertam pacientes da necessidade de acompanhamento  de profissionais no período  de recuperação para evitar que novas infecçoes ou sequelas. “Não é uma doença exclusivamente pulmonar, como uma gripe. É uma doença que atinge o sistema imunológico e faz uma cascata inflamatória muito forte. Faz alteração importante nos fatores de coagulação. Tudo está interligado”, explicou o médico nefrologista Marcelo Santana.

Dessa forma, o especialista explica que, quando o vírus entra no organismo, inicia uma verdadeira ‘guerra’, que causa estragos em vários sistemas. “Imagina um campo de batalha, onde o vírus entra nesse campo. O  sistema imunológico identifica esse vírus e manda todo o arsenal de guerra. Então, todo o campo de batalha é acometido por bombas caindo, causando um cenário de guerra ali. Teve destruição muito grande e isso precisa ser regenerado”, explica o médico.

Nesta semana, o dono da gráfica Alvorada, Mirched Jafar Júnior, morreu por complicações da covid. O empresário chegou a receber alta do hospital, mas voltou com quadro de infecção e não resistiu.

Assim, a recomendação médica é que o paciente tenha um acompanhamento multidisciplinar. “Nos pacientes mais graves, certamente [é necessário acompanhamento]. Aqueles que necessitaram de oxigênio, ficaram intubados, precisam ter acompanhamento com equipe multiprofissional, com fonoaudiólogo, fisioterapeuta. Dependendo do grau de acometimento do paciente, é importantíssimo que seja acomapanhado posteriormente”, indica Marcelo.

Internação prolongada

A covid é uma doença que, em muitos casos, leva o paciente a ficar internado por longo período, o que leva a outras infecções e acometimento de outros órgãos, como explica a especialista em clínica médica e semi-intensivista, Tayna Santiago.

“Qualquer paciente que fique por tempo prolongado, corre o risco de pegar infecção bacteriana, podendo ser ligada a ventilação mecânica, no trato urinario ou pulmonar, mas nesses casos já estamos falando de germes hospitalares”, explica.

Dessa forma, a profissional explica que uso de procedimentos como a intubação favorecem novas infecções. “. Isso ocorre porque há uma queda na imunidade de um paciente que está se recuperando de uma lesão prévia, como a infecção pelo covid-19, por exemplo”.

O risco de infecção hospitalar nesses pacientes também é muito alto. “Estar no hospital ja é um risco para qualquer pessoa se contaminar e pegar infecções muito mais fortes que a covid, aí entra a importância dos equipamentos de proteção da equipe, lavar as mãos e higienizar os equipamentos antes e após serem utilizados”, explica Tayná.

A médica lista as principais complicações verificadas em pacientes internados por longos períodos. “Pneumonias, infecção urinária, infecção de corrente sanguínea, úlceras na pele por pressão, além de falência de alguns órgãos, como a função renal e hepática. Para evitar isso, lançamos mão
de exames laboratoriais e o exame físico à beira leito e exames de imagem quando forem necessários”, conclui.

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