Cerca de 900 motoristas do transporte coletivo de Campo Grade irão trabalhar nesta segunda-feira (12), com um adesivo no braço escrito: “ já”. O da categoria é para que os profissionais sejam incluídos nos grupos prioritários da vacinação contra a .

De acordo com o diretor-financeiro do STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), William Alves, o transporte público possui cerca de 1.400 funcionários na Capital, com 900 sendo motoristas. “Hoje todos eles irão usar o adesivo, metade no turno da manhã e outra metade no turno da tarde”, disse.

“Todo mundo precisa se vacinar, mas existe alguns grupos que entraram na nossa frente como prioridade que eu não consigo entender. O agente de transito por exemplo, muitas vezes nem tem contato com os motoristas, já nós temos contatos todos os dias com os passageiros que trabalham em todoas as áreas imagináveis”, comentou o diretor-financeiro do STTCU. “Até agora cerca de 10 motoristas foram contaminados e 3 faleceram devido a doença”, complementou.

Faixa é usada em protesto do motoristas dos ônibus de Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)
“Vacina já” é frase utilizada pelos motoristas do transporte coletivo de Campo Grande. (Foto: Marcos Hermínio/Midiamax)

Ele explica que a manifestação foi organizada após a prefeitura de Campo Grande e a SESAU (Secretaria Municipal de Saúde) manterem silencio sobre o assunto mesmo após o envio de um documento enviado a ambos no dia 11 de janeiro. No documento era pedido a inclusão dos motoristas como grupo prioritário.

A previsão é que o protesto ocorra apenas hoje (12) e com isso a classe consiga uma resposta do poder público, caso não ocorra, o sindicato deverá protocolar mais um documento, que será encaminhado também à Câmara dos Vereadores, Assembleia Legislativa e Governo do Estado.

“Se nós não formos respondidos novamente, aí faremos uma assembleia para decidir qual será o próximo passo”, finalizou. 

Lotação

A situação do transporte público em Campo Grande é alvo de frequentes reclamações, tanto por parte dos usuários como de motoristas. Isso porque a superlotação dos veículos é frequentemente reportado, mesmo com determinação, por decreto, de lotação máxima de 70% da capacidade.

“[Eles] ficam dentro desses ônibus lotados, vulneráveis a pegar [o vírus] e contaminar seus familhares e também os passageiros”, declara Wandressa Rosa, de 32 anos, esposa de um motorista que está há 14 anos no serviço. “Sabemos que temos um número grande de profissionais contaminados”, alega.

Ação civil pública ingressada após vistoria do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) questiona judicialmente a superlotação e falta de protocolo de biossegurança nos terminais durante a pandemia.

Na ocasião, relatório listou uma série de irregularidades às quais os trabalhadores estavam sendo submetidos diariamente. Dentre elas, filas com aglomerações sem distanciamento em pontos e terminais; ônibus cheios; falta de fiscais para controlar o distanciamento; falta do uso de máscara por funcionários; passageiros lavando as mãos nos bebedouros dos terminais e falta de fiscalização; falta de sabonete líquido e papel toalha.

A ação resultou na condenação aos responsáveis para correção dos problemas, em decisão interlocutória do juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva. Na ocasião, ele destacou o transporte público como meio de mobilidade urbana e em caráter de utilidade pública.