Apesar de integrarem o grupo de pessoas que já estão sendo vacinadas contra o , a totalidade de indígenas não foi abraçada. Assim, em vista do cenário crítico da pandemia nesta comunidade, a Justiça determinou que moradores de aldeias urbanas sejam incluídas na vacinação em Mato Grosso do Sul.

A recomendação 01/2021 do (Ministério Público Federal) determina que a União cadastre todos os indígenas localizados em áreas urbanas, ou em contextos urbanos, no Estado. Assim, o processo deverá ser feito por meio da (Secretaria Especial de Saúde ) e o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de MS.

Indígenas que não vivem em aldeias ou territórios indígenas também devem ser cadastrados. O processo deverá possibilitar a vacinação deste grupo prioritário em totalidade. Para o presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Dom Roque Paloschi, a situação vai além do descaso público.

“O critério adotado demonstra racismo institucional, uma vez que define como indígenas apenas povos que vivem em aldeias de terras indígenas homologadas, ignorando os povos que vivem em contexto urbano que, segundo dados do Censo IBGE, de 2010, são cerca de 46% da população indígena no Brasil”, disse.

Outra medida que deverá ser adotada é a divulgação diária do quantitativo de doses recebidas e detalhamento da quantidade que será destinada a cada unidade, que realizará a vacinação nos indígenas. A porcentagem e quantidade de pessoas que foram vacinadas também devem ser divulgadas.

Assim, os vacinados devem constar no registro com nome, CPF (Rani ou CNS, se profissional da Saúde), local onde foi feita a imunização, função exercida e local onde a exerce. Os dados devem ser publicados até às 22h de cada dia.

Falta de comunicação

Desde o começo desta quinta-feira (28), lideranças indígenas estão na sede da Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), em . Até o final desta sexta-feira (29) o manifesto ainda continuava, pois os participantes aguardam encontro com o secretário da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Robson Santos.

Vereador em e líder na aldeia Taquaperi, Claudemiro Pereira explica que o principal objetivo da manifestação é conseguir dialogar. “Não temos diálogo com o Dsei há cerca de um ano. Afastaram funcionários da área de saúde das aldeias, falta estrutura, a situação é precária e em muitos casos, não temos nem ambulância”, diz.

Liderança na aldeia Bananal, Wilson Terena afirma que há 15 aldeias em e apenas um médico para atendimento. O profissional ainda foi infectado pela Covid-19, deixando as aldeias sem assistência. “A gente pede socorro, perdemos várias pessoas, gente querida, pessoas da família. Está um descaso com a saúde indígena”.