Há um ano na linha de frente, mulheres são 70% dos profissionais infectados em MS

Em Mato Grosso do Sul, 70% dos profissionais da linha de frente que foram infectados por coronavírus são mulheres.

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Há um ano, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarava a pandemia do coronavírus. Neste tempo, profissionais da Saúde lutam contra o tempo para salvar vidas e retardar o avanço da doença. Mais do que nunca, mulheres são as mais afetadas pela Covid-19, principalmente na linha de frente. Em Mato Grosso do Sul, 70% dos profissionais infectados pelo vírus são do sexo feminino.

De acordo com a Fiocruz, mulheres são drasticamente mais afetadas pela pandemia. Então, a Fundação também destaca que as trabalhadoras da linha de frente contra o coronavírus são ainda mais atingidas pela doença.

“É preciso reconhecer que as mulheres sofrem de maneira dramática as consequências da pandemia. Como ocupam a maior parte dos postos de trabalho no setor da saúde, são também mais fortemente acometidas pela doença”, diz no último relatório da Friocruz.

Dos 7.832 casos confirmados desde o início da pandemia em profissionais da Saúde, 5.624 são mulheres. Destas, nove morreram por causa da Covid-19.

A vítima mais recente do coronavírus entre as profissionais da linha de frente de MS, é Aby Jaine da Cruz Montes Moura, que faleceu em 4 de março deste ano. Assim, a médica pediatra trabalhava no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) e também era professora na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Foi lembrada pelos colegas de trabalho e pacientes com carinho e homenagens destacavam determinação e alegria da profissional.

Luta de cada dia

A enfermeira Kellen Bueno, 37 anos, atua no HRMS e foi uma das primeiras da equipe a testar positivo para Covid-19. No entanto, ela comemora que se curou rapidamente da doença. Ela conta que já estava apreensiva no início da pandemia, por liderar uma equipe. Porém, conforme a doença avança em Mato Grosso do Sul, o medo aumenta.

“Medo por você e pelos colaboradores, afinal de contas nós temos famílias. Tem toda uma equipe de enfermeiros que gira ao seu redor, eu sou estilo mãezona, me preocupo com todos, tento dar condições para que todos mantenham integridade física, orientando, para não cometer falha, nós não podemos falhar”, frisa. Ela lembra que já perdeu colegas próximos para a doença, o que aumenta ainda mais a preocupação com os enfermeiros.

Ela afirma que enfrenta uma ‘saga’ antes de entrar em casa, para não infectar os filhos e o marido. As roupas são lavadas separadamente e o sapato não pode entrar em casa de jeito nenhum. Apesar da rotina de uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) serem cansativos, o que dói é não poder abraçar e beijar os filhos como antes.

Ela tem dois filhos, sendo uma de 14 anos, o que torna a situação ainda mais dolorosa. A menina, que antes era apegada à mãe, não pode mais dormir no mesmo quarto. Até a hora do filme requer cuidados, a família não pode ficar muito próxima.

Kellen destaca que o cenário preocupa em Campo Grande, mas a população pode ajudar. “A única forma de ajudar é fazer isolamento. A gente faz com a nossa própria família, nossa rotina diária mudou completamente. Se não ficarem em casa, não vamos voltar a ter vida normal. Não pode levar uma vida como era antes. Enquanto isso não passar, precisamos do apoio de todo mundo, conscientização”, alerta.

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