Guia: saiba como auxiliar uma pessoa com deficiência nas ruas e como não ofendê-la com termos capacitistas

MS tem seis atletas competindo por medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020

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Projeto foi reivindicado pelo Conselho Municipal de Apoio aos Direitos das Pessoas com Deficiência.
Projeto foi reivindicado pelo Conselho Municipal de Apoio aos Direitos das Pessoas com Deficiência.

As Paralimpíadas de Tóquio 2020 chegaram e Mato Grosso do Sul tem seis atletas concorrendo às medalhas da competição. O maior evento esportivo do mundo coloca em destaque os PCDs (Pessoas com Deficiência) e a acessibilidade para esse público.

A acessibilidade é a garantia e a melhoria na qualidade de vida das pessoas com deficiências, em qualquer ambiente. Ela contribui para o desenvolvimento inclusivo e gera resultados sociais, pois sua prática é fundamental para pessoas com limitações.

Você sabe como lidar e ajudar um PCD? Confira algumas dicas com base em orientações da Fenapaes (Federação Nacional das Apaes), usado em estudo da UniFio.

Terminologias

Termos como portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência ou portador de necessidades especiais não são mais utilizados. A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa. A pessoa não porta uma deficiência, ela tem uma deficiência. Por tanto, o termo correto é PCD (Pessoa com Deficiência).

Segundo a federação, movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, convencionaram pessoa(s) com deficiência como a forma que preferem ser chamados. Pode-se utilizar os termos: cego, pessoa cega, pessoa com deficiência visual. Não é correto utilizar o termo surdo-mudo, mas sim surdo ou deficiente auditivo.

Como auxiliar uma pessoa com deficiência física:

  • Devemos nos dirigir diretamente à pessoa com deficiência física. É importante perceber que, para uma pessoa sentada, é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, numa conversa mais longa com uma pessoa que está na cadeira de rodas, é recomendável sentar-se, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível;
  • A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo;
  • Se quiser ajudar, sempre pergunte antes se a pessoa precisa de ajuda e como você deve proceder;
  • Ao empurrar uma pessoa em uma cadeira de rodas, faça-o com cuidado;
  • Se parar para conversar com alguém, vire a cadeira de rodas de frente para que a pessoa possa participar da conversa;
  • A pessoa com paralisia cerebral pode apresentar dificuldades de comunicação interpretadas erroneamente como deficiência intelectual. No entanto, na maioria das vezes, o seu cognitivo é preservado;
  • Caso não compreenda o que diz, peça que repita ou que escreva, respeitando o ritmo de sua fala.

Como auxiliar uma pessoa com deficiência visual:

  • Ao se aproximar de uma pessoa cega ou com baixa visão, cumprimente-a, podendo tocá-la levemente nas mãos;
  • Durante a conversa, não é necessário falar mais alto, a menos que ela o solicite;
  • Utilize com naturalidade termos como cego, ver e olhar. Os cegos também os utilizam;
  • Procure não limitar a pessoa cega mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-a de realizar o que sabe, pode e deve fazer sozinha.

Como conduzir uma pessoa cega:

  • Ao conduzir uma pessoa cega, ofereça seu braço (cotovelo) para que ela segure. Não a agarre, nem puxe pelo braço ou pela bengala;
  • Informe sobre obstáculos existentes tanto no chão, como degraus e desníveis, quanto no alto, onde a pessoa possa bater a cabeça;
  • Ao passar por portas ou corredores estreitos, posicione seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa segui-lo;
  • Sempre que se ausentar do local, informe a pessoa; caso contrário, ela poderá ficar falando sozinha.

Deficiência auditiva e surdez

Pessoas com deficiência auditiva ou surdez podem se utilizar de uma comunicação espaço-visual, através da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como principal meio de conhecer o mundo em substituição à audição e à fala, tendo ainda uma cultura característica. Existem surdos que por opção pessoal preferem utilizar a oralização (fala e leitura labial).

Como auxiliar uma pessoa com deficiência auditiva:

  • Procure falar pausadamente, mantendo contato visual, pois ao desviar o olhar ela poderá entender que a conversa acabou;
  • Fale articuladamente, movimentando bem os lábios, evitando colocar objetos ou a própria mão na boca, para não atrapalhar a leitura labial, caso seja oralizado. Fale num tom de voz normal;
  • Quando o surdo estiver acompanhado de intérprete, fale diretamente com a pessoa surda, não com o intérprete;
  • Se necessário, e se você não souber a língua de sinais, comunique-se por meio da escrita ou de mímicas e gestos simples que possam indicar o que você quer dizer;
  • Nem todo surdo lê ou escreve com facilidade. A Libras tem uma estrutura diversa da língua portuguesa. É uma língua, não uma linguagem. Portanto, informações por escrito não substituem um intérprete de língua de sinais.

Como auxiliar uma pessoa com deficiência intelectual:

  • A pessoa com deficiência intelectual, até poucos anos atrás, conhecida como deficiência mental ou excepcional, deve ser tratada com respeito e dignidade, assim como qualquer cidadão gostaria de ser tratado;
  • Poderá agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual. Trate-as com respeito e consideração;
  • Não tenha receio de orientá-la quando perceber uma situação duvidosa ou inadequada. A pessoa com deficiência intelectual necessita de orientações claras, em linguagem simples e direta;
  • Não reforce ou incentive atitudes e falas infantis, elogios desnecessários no diminutivo, como se conversasse com uma criança. Se for criança, trate-a como criança, se for adolescente, trate-a como adolescente; se adulto, trate-a como adulto;
  • Não subestime sua inteligência. A pessoa com deficiência tem um tempo diferenciado de aprendizagem, mas pode adquirir muitas habilidades e conhecimentos.

Como auxiliar uma pessoa com deficiência múltipla

  • Ofereça ajuda e espere que a pessoa diga como poderá ajudar.

Como auxiliar uma pessoa com autismo

  • Converse com ela respeitosamente;
  • Aceite a outra pessoa como ela é, assim como você espera ser aceito do jeito que você é;
  • Ofereça ajuda sempre que notar que a pessoa parece necessitá-la. Pergunte antes de ajudar e jamais insista em ajudar.

Superadores? Não! Competidores!

O Globoesporte.com publicou uma reportagem abordando o porquê não é bacana chamar os atletas paralímpicos de exemplos de superação. Eles querem superar algumas coisas, sim: a distância, o tempo, os adversários… mas não a deficiência. Dizer que alguém é um exemplo de superação apenas por causa da deficiência é reduzir sua trajetória. É ser capacitista. As pessoas com deficiência (PCD) não são coitadinhas.

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Edênia Garcia nada na piscina de treino para as Paralimpíadas de Tóquio — Foto: Ale Cabral/CPB.

Chegar às Paralimpíadas é um feito gigante. Reduzir o atleta paralímpico a alguém que superou algo é minimizar o que ele realmente é: uma pessoa extremamente talentosa e competente no esporte. O portal de esportes entrevista diversos nomes do paratletismo, como Edênia Garcia, dona de três medalhas nos Jogos e Clodoaldo Silva, um dos atletas mais populares do Brasil.

“A gente tem muita coisa para mostrar além da própria deficiência. Ela está aqui, faz parte do contexto. Eu não iria aos Jogos se não fosse minha deficiência, não dá pra deixá-la invisível. Mas é importante focar na performance. É uma linha tênue. Na dúvida, priorize a pessoa antes da deficiência”, disse Edênia. A reportagem completa do GE pode ser lida clicando aqui.

 

 

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