Kely Zerial, de 37 anos, empresária e arte-educadora que resgatou a bebê recém-nascida dentro de uma sacola na manhã de sexta-feira (29), em , quer adotar a criança. Ela já acionou , preparou a documentação e entrou com pedido de guarda, com a expectativa de poder chamar a menina de filha em breve. O detalhe é que Kely estava iniciando tratamento com embriologista para realizar o sonho de se tornar mãe.

“Já encaminhei as documentações com e já estamos fazendo o procedimento para adotá-la. Na segunda-feira, teremos alguma devolutiva da Justiça”, disse. “Externei minha vontade em adotá-la. O que senti naquele dia foi algo especial, muito forte e maternal, mexeu comigo. Não tem como descrever o que senti de sexta pra ontem [sábado]. Foi o dia todo de correria entre posto de saúde, e polícia, só parei à noite”, completou. 

Kely conta que foi tudo muito rápido. Entre 8 horas e 8h10 da manhã de sexta-feira, ela estava em casa, no Guanandi, quando percebeu inquietação dos cachorros, que latiam muito. Em seguida, ouviu uma pancada no portão. Ela então pegou as chaves e foi verificar o que estava acontecendo. No entanto, no caminho até o portão, ouviu o interfone tocar e voltou para atender. Era a vizinha alertando sobre a sacola com um bebê na frente do imóvel.

Ao se aproximar, viu a recém nascida lá dentro. “Fiquei em choque, com o corpo mole, por uns momentos sem reação”, lembra. Kely então a resgatou, a segurou junto ao corpo e a levou para dentro de casa. “Eu vi que tinha muito sangue, e comecei a verificar se ela estava bem. Fui olhando os dedinhos e os pezinhos”. Ela acredita que a mãe havia acabado de dar à luz, tendo em vista que a criança estava suja de sangue e ainda com cordão umbilical.

Depois, foi limpando a bebê enquanto acionava o e a polícia. Kely levou a menina ao posto de saúde do Tiradentes, onde foi feito o primeiro atendimento. De lá, a criança foi transferida para o Hospital Universitário. As informações são de que a menina é extremamente saudável e está sob os cuidados de  um abrigo. Agora, a empresária acompanha os trâmites judiciais envolvendo o pedido de guarda e torce por um final feliz.

Ela disse ainda que, apesar da gravidade do ato de abandono, a mãe não deve ser julgada pela sociedade de forma precipitada, sem antes ser ouvida. “Ninguém sabe o que aconteceu com essa mulher, ninguém sabe o desespero dela. Ninguém sabe se foi vítima de abuso, se foi estuprada, se era alguma adolescente. Sabemos que ela certamente estava desamparada, em situação de vulnerabilidade”. A mãe ainda não foi identificada.