A explosão de casos de covid e de internações causou colapso no sistema de saúde de Mato Grosso do Sul. O problema não se restringe à falta de leitos, mas afeta também o estoque de medicamentos, insumos e materiais médicos. Dessa forma, para conseguir atender à demanda, hospitais precisam improvisar para suprir a falta desses itens.

Conforme alguns profissionais de saúde da linha de frente ouvidos pela reportagem, é frequente a substituições de medicamentos por outros com ‘menos eficácia' e até racionamento de materiais. “Na ponta, a gente está vendo a falta de medicamentos, a gente sente diretamente esse impacto, mas estão havendo muitas substituições de medicamentos e insumos que não têm a mesma eficácia, a mesma resposta. Mas, sempre dá-se um jeito”, pontuou uma trabalhadora do setor de enfermagem.

A situação é enfrentada no Hospital São Francisco, em Itaquiraí, região sul de MS. Na unidade, medidas de racionamento e até ‘improvisos' foram instituídos para driblar o problema. “Estamos equacionando, não tem como fugir. Tivemos que ampliar leitos clínicos para covid de 4 para 12. Temos que substituir [medicamentos], comprar de outro lugar e em outras coisas estamos improvisando. Estamos controlando o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), fazendo escala para diminuir a circulação de profissionais na área para poder economizar”, explicou o diretor administrativo do hospital, Milton Melo.

Além disso, o interior sofre com a falta de mão-de-obra qualificada. “Os profissionais estão no limite. No interior não acha profissionais técnicos para substituir. Pode até ter o dinheiro, mas não tem o profissional, está bem estressante”, disse o diretor.

Em geral, nos hospitais do Estado, a palavra de ordem é economizar. “Todos estão com os mesmos problemas: dificuldade em comprar alguns medicamentos, subiu demais os valores”, pontuou Milton.

No de Amambai, a dificuldade em comprar medicamentos também é o maior desafio. “Com essa pandemia, os preços de medicamentos ficou estratosférico. Uma ampola de omeprazol que a gente pagava de R$ 2 a R$ 3 hoje custa R$ 30, se onerou demais e nós estamos lutando para que não falte, mas não está fácil”, pontuou o diretor administrativo do hospital, Paulo Sérgio Catto.

Ainda conforme o diretor, a previsão não é das melhores. “Estamos tendo dificuldades nas próprias distribuidoras, devido ao alto volume, e o recurso vai ser insuficiente”, adianta.

Assim, Paulo Sérgio conta que também precisa fazer substituições. “A gente fica na luta e às vezes consegue substituir um medicamento, conversamos com os médicos e procuramos outro similar e, dentro do possível, a equipe vai atrás”, conta.

Então, o risco de faltar medicamentos é grande. “Pode faltar na distribuidora, então corro o risco de ficar sem”, finaliza o diretor.