Com casos de variante delta em análise, dispensar uso de máscaras ainda é incerto em MS

Mesmo com risco da nova variante, Prosseguir flexibilizou e liberou todas as atividades no Estado

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Uso de máscara continua obrigatório em Campo Grande
Uso de máscara continua obrigatório em Campo Grande

A circulação da variante delta tem preocupado diversos países no mundo, inclusive aqueles que já haviam dispensado o uso das máscaras. Nesta semana, autoridades dos Estados Unidos voltaram atrás e recomendaram o uso da proteção em locais fechados, mesmo para imunizados. Enquanto isso, Mato Grosso do Sul iniciou flexibilizações e todas as atividades econômicas podem funcionar. A SES (Secretaria de Estado de Saúde) afirma que já foram feitas análises de amostras para a variante delta, mas nenhum caso foi confirmado até então. Enquanto isso, a medida de dispensar o uso de máscaras ainda é incerta no Estado.

Nesta semana, o CDC (Centro de Controle de Doenças) voltou atrás e recomendou que as pessoas vacinadas voltem a usar máscaras em locais fechados nos Estados Unidos. A medida foi tomada por conta da variante delta, que é considerada mais contagiosa e tem infectado os jovens. 

Durante as lives, a SES tem reforçado que os países que já estão mais avançados na vacinação servem de exemplo para Mato Grosso do Sul. O secretário estadual de saúde Geraldo Resende afirma que observa a adoção de medidas contra o coronavírus em todo o mundo e também em outros estados do Brasil. 

“A gente fica observando para ver o resultado, é muito cedo. Aqui em Mato Grosso do Sul, temos recomendado a continuidade das medidas do enfrentamento da covid, ainda não vamos nos abster delas: isolamento social, uso de máscaras, manter as regras de higiene e, por outro lado, fazer com que avance o processo de imunização”, ressaltou.

O titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, José Mauro Filho, explica que embora os Estados Unidos tenham um volume maior de vacinados, se comparar proporcionalmente, a diferença para Campo Grande não é tão grande. Conforme a plataforma Our World in Data, 49,8% da população está completamente imunizada nos EUA. Em Campo Grande, 43,3% da população adulta tem o ciclo vacinal completo, segundo o Vacinômetro. 

Para o secretário municipal, é natural que as flexibilizações sejam feitas neste momento, considerando a taxa de óbitos e internações. Por outro lado, ele reforçou preocupação com a variante delta. “O que nos preocupa são essas variantes. Agora está sendo discutida a vacinação heteróloga, quando você toma uma dose de uma marca e a segunda dose de outra. A questão da terceira dose também está em pauta”, disse.

Resende comenta que, quanto mais pessoas imunizadas, mais cedo o estado poderá voltar à normalidade. A vacinação também evita o surgimento de novas mutações do vírus, mas o secretário reforça que os casos da variante delta em estados vizinhos geram preocupação. 

“Temos feito sequenciamento, até agora não tem comprovação que ela [variante delta] esteja aqui no Mato Grosso do Sul, mesmo que especialistas apontem que possa estar presente. Estamos encaminhando, quando surgir resultado dessas amostras de sequenciamento, vamos divulgar. Não temos até agora a comprovação laboratorial da presença da variante delta”, disse o titular da SES.

Em nota, a SES explica que o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) realizou parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) para o sequenciamento genômico das amostras de testes positivos de Covid-19. “O Lacen/MS também envia amostras para o Instituto Adolfo Lutz para monitoramento de novas cepas, controle de qualidade e investigar possíveis casos de re-infecção sinalizadas pela Vigilância Epidemiológica”.

Por enquanto, o futuro do uso de máscaras é incerto. Mesmo com 56,2% da população geral vacinada com pelo menos uma dose, ainda não há previsão de dispensar o uso de máscaras. O secretário estadual de saúde frisa que as máscaras só serão dispensadas após a imunidade de rebanho e depois que um comitê de especialistas aprove a medida. 

“Queremos avançar na imunização, atingir imunidade de rebanho em agosto. Que chegue próximo dos 80% de imunização, com a primeira e segunda dose. Basta ter vacina, há compromisso dos municípios de fazer com que isso aconteça”, conclui.

Já José Mauro Filho comentou que é preciso fazer debates sobre o assunto. “Temos que fazer debates e ter leis autorizativas para caminhar nesse sentido, mas sem o encaminhamento do Governo Federal, não tem força para evoluir. A França emitiu uma lei obrigando que estabelecimentos com mais de 50 pessoas sejam exclusivos para uso de vacinados”.

Mesmo com risco da variante, Prosseguir libera tudo

As autoridades de saúde têm demonstrado preocupação com a variante delta, que já está presente em estados vizinhos. A determinação de lockdown na cidade de Chapadão do Sul, na última semana, chamou a atenção para o aumento de casos nos municípios de divisa. A variante delta começa a cercar MS e já está presente nos estados vizinhos, como Goiás, São Paulo e Paraná. 

Mesmo assim, o Prosseguir fez flexibilizações nesta semana, quando todas as atividades econômicas foram liberadas. O Programa deixou de utilizar o termo ‘serviço essencial’ para definir os estabelecimentos que são prioridades durante a pandemia em Mato Grosso do Sul. Agora, todas as atividades econômicas estão liberadas e somente os estabelecimentos com atividades propícias para aglomeração terão restrição na ocupação. Bares, casas de festas e tabacarias estão na lista. 

A maioria das cidades está com a classificação de risco alto na pandemia. Ao todo, 38 cidades foram classificadas com a bandeira vermelha e 31 cidades têm a bandeira laranja, de risco médio. Somente 10 municípios receberam a bandeira amarela do Prosseguir, com classificação de risco tolerável. MS não tem cidades com a bandeira verde (risco baixo) ou cinza (grau extremo). 

Perigo da variante delta

O Estado tem apresentado melhora nos indicativos da pandemia, mas o cenário pode mudar completamente com a chegada da variante delta. Em entrevista ao Jornal Midiamax, o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda, disse que há  preocupação com a variante delta. A variante é, pelo menos, 2 vezes mais transmissível do que a P1 (Gama) e, consequentemente, mais letal.

“Se a variante [Delta] se tornar predominante [pode ter aumento de casos], pois não temos a cobertura vacinal alta, em torno de 70% a 90% [com as duas doses]. Somente com a cobertura de vacinados alta que vamos ter tranquilidade para enfrentar a nova variante”, observou.

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