Nos últimos boletins da covid divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) desde a semana passada é informada a queda no número de casos e óbitos em Mato Grosso do Sul. Conforme especialistas, o cenário deve ser de queda da doença no Estado. Porém, a variante Delta pode ser a ‘pedra no sapato’.

Conforme o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, com o avanço da vacinação, podemos esperar uma queda acentuada no número de casos da covid no próximo mês, seguindo a tendência dos últimos dias de junho. “O cenário é de queda no número de casos, sim. Ainda mais com o avanço da vacinação”, explica.

Entretanto, há a preocupação da variante Delta, que já teve os primeiros casos confirmados no Brasil e duas mortes, inclusive em uma moradora de Apucarana, no Paraná, que fica a 260 km da divisa com MS. A mutação identificada na Índia pode estar circulando por todo o país, inclusive em Mato Grosso do Sul. A variante Delta é, pelo menos, 2 vezes mais transmissível do que a P1 (Gama) e, consequentemente, mais letal.

“Se a variante [Delta] se tornar predominante [pode ter aumento de casos], pois não temos a cobertura vacinal alta, em torno de 70% a 90% [com as duas doses]. Somente com a cobertura de vacinados alta que vamos ter tranquilidade para enfrentar a nova variante”, observou.

Infectologista Júlio Croda alerta para perigo em potencial da variante Delta em MS – Foto: Agência Brasil

Para o especialista, enquanto a variante P.1 continuar prevalescendo no Estado e a vacinação avançar no mesmo ritmo de junho, o próximo mês deverá ser mais tranquilo. 

Fim de junho e a covid

Na live de segunda-feira (28), o titular da SES-MS, Geraldo Resende, iniciou com as seguintes palavras: “Apesar da situação ser crítica, temos boas notícias”.

No decorrer da apresentação dos números da doença no Estado, Resende anunciou o fechamento da semana epidemiológica 25 que teve a 2ª queda seguida no número de casos e óbitos. 

Entre os dias 20 e 6 de junho foram confirmados 9.673 novos casos da doença enquanto que duas semanas antes MS havia fechado a semana 23 com 13.086 registros. Em relação à mortes a situação é semelhante. Foram 278 óbitos no período frente a 329 registradas na semana anterior, por exemplo.

A perspectiva de queda se consolida com a taxa de contágio caindo e voltando ao patamar de 1, que é o limite de controle da doença, e com a queda nas internações. Na segunda-feira, havia 449 pessoas a menos hospitalizadas com covid nos hospitais de MS.

Variante Delta

Chamada de Delta, a variante B.1.617 teve origem na Índia e se proliferou na Europa. Na Inglaterra, estudos comprovaram que ela se tornou 60% mais contagiosa que a cepa britânica, a Alfa. Mas isso não significa que irá ocorrer o mesmo no Brasil. Depende de como vai se comportar diante da variante que mais circula e mais contamina no momento, a de Manaus, também chamada P.1.

Por exemplo, a variante Alfa é muito contagiosa, mas não ganhou espaço no Brasil, que tem a predominância da P.1.

Vai dominar o mundo?

No dia 18 de junho, a cientista-chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde), Dra. Soumya Swaminathan, afirmou que a variante Delta “está a caminho de se tornar a variante globalmente dominante por causa de sua transmissibilidade significativamente aumentada”. Até o momento, 80 países já registraram casos da cepa indiana.