Com 58% dos adolescentes vacinados, MS vai seguir imunização com doses disponíveis
‘Decisão esdrúxula’, analisa secretário sobre recomendação para suspender vacinação; expectativa é que Ministério da Saúde reavalie
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Mesmo depois que o Ministério da Saúde recomendou a suspensão da vacinação em adolescentes contra o coronavírus, Mato Grosso do Sul definiu que irá continuar o processo de imunização. A definição foi divulgada pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) na quinta-feira (17) e, por enquanto, a estratégia é utilizar as doses que estão disponíveis nos municípios. Somente nesta semana, o Estado recebeu 142,7 mil doses da Pfizer, imunizante utilizado na vacinação dos adolescentes.
Em Mato Grosso do Sul, 58,86% dos adolescentes de 12 a 17 anos já foram vacinados com ao menos uma dose da Pfizer. Os dados são do Vacinômetro e a estimativa é que o Estado tenha 278,2 mil adolescentes sem comorbidades, por isso ainda falta vacinar cerca de 114,4 mil jovens com a 1ª dose. A imunização dos adolescentes começou há pouco mais de um mês e MS foi o primeiro a iniciar a vacinação do grupo.
O titular da SES, Geraldo Resende, explica que o Estado continua a vacinação com as doses que estão disponíveis e já foram distribuídas aos municípios. “Vamos aguardar, logicamente. Tenho absoluta certeza que o Ministério da Saúde vai reavaliar, tenho convicção de que ele vai mudar essa postura”, comenta.
Resende aponta que não existe respaldo na comunidade científica para a recomendação feita pelo Ministério da Saúde referente à suspensão da imunização para os adolescentes. Ele afirma que entidades como o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e os próprios técnicos de assessoramento do Ministério não apoiam a recomendação.
“Não existe nenhum destes setores que estão apoiando, foi uma decisão unilateral. Temos 60% vacinados, isso só trouxe mais um ingrediente de desconfiança para a população, uma decisão esdrúxula do Ministério da Saúde”, avalia o secretário estadual de saúde.
Entenda mudança na orientação
O Ministério da Saúde tirou adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de grupos cuja vacinação contra a covid-19 é recomendada. Por meio de nota informativa divulgada na noite de quarta-feira (15), a pasta pede que sejam vacinados só os adolescentes com comorbidades ou privados de liberdade. O uso da vacina da Pfizer nesta faixa etária foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Parte das cidades, como Salvador e Natal, já mandou parar a imunização nessa faixa etária. Já a capital paulista, por exemplo, informou que não vai suspender. O governo federal não esclareceu qual será a orientação para quem já tomou a 1ª dose.
Na nota, o ministério elenca seis pontos para justificar a decisão. O primeiro item diz que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades. Na verdade, não há orientação contrária da entidade internacional para a vacinação dessa faixa etária. A recomendação da OMS é para que os menores de idade só sejam imunizados depois que todas as pessoas dos grupos de maior risco estejam vacinadas. Em Mato Grosso do Sul, a vacina já foi ofertada a pessoas mais vulneráveis à covid, como idosos, profissionais de saúde e pessoas com doenças crônicas, como transplantados, pacientes de câncer, diabéticos, além dos adultos.
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