MS não vai seguir indicação de Ministério e vacinação de adolescentes continua no Estado
Adolescentes com idades entre 12 e 17 anos seguem sendo imunizados com a Pfizer
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Após o Ministério da Saúde recuar e suspender a vacinação contra a Covid-19 em adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) informou que não vai seguir a indicação e imunização no público continuará no Estado. Em MS, mais de 167 mil doses já foram aplicadas em adolescentes sem comorbidades.
Conforme explicou a SES em nota ao Jornal Midiamax, os municípios foram orientados a continuarem vacinando os adolescentes sem comorbidades com doses da Pfizer. “Mato Grosso do Sul não registrou nenhum efeito adverso grave da vacina aplicada em adolescentes. O Ministério da Saúde tomou a decisão de forma isolada, sem consultar a câmara técnica, assim como sem consultar o Conass e Conasems”, disse a pasta.
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) criticaram a decisão mais cedo. Os conselhos encaminharam uma nota conjunta ao presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, pedindo um posicionamento ao órgão.
Nésio Fernandes, secretário de Saúde do Espírito Santo e vice-presidente do Conass na região sudeste, disse, no Twitter, que a nota é “vaga” porque não suspende nem contraindica a vacinação de adolescentes. Ele falou também que a competência para autorizar ou não o uso de imunobiológicos é da Anvisa.
Em nota, o governo de São Paulo disse lamentar a decisão do Ministério da Saúde, “que vai na contramão de autoridades sanitárias de outros países”. “A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos EUA, Chile, Canadá, Israel, França, Itália, dentre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles”, declarou a gestão do governador João Doria (PSDB).
Orientação de suspensão
O Ministério da Saúde tirou adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de grupos cuja vacinação contra a covid-19 é recomendada. Por meio de nota informativa divulgada na noite desta quarta-feira (15), a pasta pede que sejam vacinados só os adolescentes com comorbidades ou privados de liberdade. O uso da vacina da Pfizer nesta faixa etária foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Parte das cidades, como Salvador e Natal, já mandou parar a imunização nessa faixa etária. Já a capital paulista, por exemplo, informou que não vai suspender. O governo federal não esclareceu qual será a orientação para quem já tomou a 1ª dose.
Na nota, o ministério elenca seis pontos para justificar a decisão. O primeiro item diz que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades. Na verdade, não há orientação contrária da entidade internacional para a vacinação dessa faixa etária. A recomendação da OMS é para que os menores de idade só sejam imunizados depois que todas as pessoas dos grupos de maior risco estejam vacinadas. No Brasil, a vacina já foi ofertada a pessoas mais vulneráveis à covid, como idosos, profissionais de saúde e pessoas com doenças crônicas, como transplantados, pacientes de câncer, diabéticos, entre outros.
O documento do ministério, assinado por Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, afirma que a maioria dos adolescentes sem comorbidades são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas. No entanto, especialistas dizem que vacinar os mais jovens é uma estratégia importante para frear a transmissão do vírus.
Outro trecho da nota do ministério diz que “os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos”. A vacina da Pfizer, único imunizante autorizado no Brasil para uso em adolescentes, já foi amplamente testada nessa faixa etária. Outros países como Estados Unidos, Chile, Canadá, França e Israel também usam a Pfizer em adolescentes.
Rosana Leite de Melo assumiu a pasta de Enfrentamento à Covid-19 após a saída de Luana Araújo, que ficou poucos dias no cargo. Ela era defensora da vacinação em massa, crítica do uso da cloroquina (remédio sem eficácia contra o coronavírus) e chegou a falar em pressão política do governo Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (15), o ministro Marcelo Queiroga afirmou que há “excesso de vacinas” no Brasil, após uma série de Estados enfrentarem crise de abastecimento do imunizante da AstraZeneca.
*Com Fábio Oruê
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