Auditores-Fiscais e analistas tributários da no Mato Grosso do Sul, que ocupavam chefias e funções na alfândega de Corumbá e na equipe da malha fiscal vinculada a Campo Grande, entregaram nesta quarta-feira (22) seus cargos. Nesta terça-feira (21), um movimento nacional iniciou a mobilização e ameaçaram entrar em greve.

O ato no Estado acompanha movimento nacional da classe como protesto depois que o governo federal e o cortaram do orçamento de 2022 recursos para as atividades do órgão, e deixaram de prever a regulamentação do bônus de eficiência dos auditores-fiscais.

O presidente do Sindifisco Nacional em Mato Grosso do Sul, Anderson Novaes, explica que a classe luta há 5 anos pela regulamentação do bônus. Ele diz que em 2021, havia, inclusive, uma grande expectativa para que a demanda fosse solucionada, após os ministros (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil), além do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, se comprometerem a viabilizar o pagamento.

Novaes disse que os auditores-fiscais ficaram surpresos quando, na discussão do orçamento federal para 2022, o Congresso, com a anuência do Executivo, decidiu transferir os recursos que seriam necessários para o pagamento do bônus, para dar aumento a policiais federais no próximo ano.

Segundo Novaes, recursos da própria Receita Federal foram cortados para atender reajustes acordados com as carreiras policiais. “São R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 600 milhões somente para TI, a menos no orçamento da Receita para 2022. Sem esses recursos não teremos concursos externos e nem como assegurar o funcionamento de todos os sistemas do órgão”, alertou.

“Foi uma demonstração de absoluto desrespeito à administração tributária que tem se empenhado muito para promover a sustentação financeira do país”, analisou, completando que diante desta verdadeira “humilhação institucional”, o Sindifisco Nacional fez um chamamento institucional a toda a classe para a entrega maciça das funções e cargos de chefia, além da paralisação imediata de todos os trabalhos.

Alfândega de Corumbá

Em Corumbá, sete chefias assinaram conjuntamente uma carta de exoneração. No documento ressaltam que a solicitação ocorre em “apoio às diversas ações da mesma natureza” que estão ocorrendo no país e que se encontram “perplexos com o descaso com a classe e com o órgão por parte do governo federal”.

Assinaram a carta:

  • Erivelto Moyses Torrico Alencar, Delegado da ALF/COR
  • Ricardo Takeharu Suzuki, Delegado Adjunto da ALF/COR
  • Arthur Wamberth dos Santos e Silva, Chefe da Equipe Aduaneira 01 (EAD1) e Chefe Substituto da Seção de Vigilância Aduaneira (SAVIG)
  • Márcio Lázaro Mamede, Chefe da Equipe Aduaneira 02 (EAD2)
  • Filipe Zangarine Quadrado, Chefe Substituto da Equipe Aduaneira 02 (EAD2)
  • Silvane Maria Drumond Avelino, Chefe da Seção de Gestão Corporativa (SACOR)
  • Michelle Jimenez da Costa, Chefe da Equipe de Mercadorias Apreendidas (EMA)

Também pediram exoneração da função:

  • Marcos André Más – Supervisor Substituto Malha IRPF Campo Grande
  • Gilson Ishikawa – Supervisor da Malha IRPF Campo Grande

Mais adesões

Segundo a vice-presidente do Sindifisco Nacional MS, Yone de Oliveira, o movimento que começou na segunda-feira (20) vem ganhando força e ainda nesta quarta-feira é aguardada a adesão também das chefias de alfândega da Receita Federal em Ponta Porã. Ela destacou ainda que as exonerações devem afetar diretamente o trabalho da Receita e citou, o exemplo, da análise das declarações do Imposto de Renda, que pode ser prejudicada com a saída dos cargos do supervisor e do supervisor substituto da “malha”, em Campo Grande.

“Além, há muito que a fronteira está demandando por concurso externo para repor o pessoal, e adequar a prestação de serviços às demandas da aduana. Com esse corte, sabemos que nada será viabilizado.”