Mariana era a professora querida que alimentou sonhos nas mentes dos alunos
A menina que alimentava sonhos. Assim ficará lembrada a bióloga Mariana Pires, que faleceu no último dia 15, aos 28 anos, após não resistir aos ferimentos decorrentes um acidente de ônibus no Peru. Na tarde desta quarta-feira (22), após ser transladado de Lima até Campo Grande, seu corpo começou a ser velado no Cemitério Jardim […]
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A menina que alimentava sonhos. Assim ficará lembrada a bióloga Mariana Pires, que faleceu no último dia 15, aos 28 anos, após não resistir aos ferimentos decorrentes um acidente de ônibus no Peru. Na tarde desta quarta-feira (22), após ser transladado de Lima até Campo Grande, seu corpo começou a ser velado no Cemitério Jardim das Palmeiras por aqueles que a admiravam. Uma multidão, na verdade. Pessoas que, apesar das vozes embargadas pela dor da saudade, tinham as mais doces palavras para descrevê-la.
De forma geral, quem conviveu com Mariana não hesitou em repetir que a professora de biologia inspirou sonhos nos alunos e colegas com quem trabalhou. Eles, agora, ficam com a lição de que as coisas são possíveis, basta corrermos atrás. “Uma pessoa de paz e inspiração”, disse um dos presentes à reportagem.
Mariana era professora em uma escola estadual de São Gabriel do Oeste, a 133 km da Capital, onde atuou por 4 anos. No local, junto ao noivo Danilo Pereira de Oliveira, ela conseguiu equipar o laboratório que já existia, mas que estava parado. “Ela correu atrás e conseguiu as doações dos equipamentos e fez com que os alunos e nós, colegas, percebêssemos que é possível, sim, realizar as coisas”, disseram.
“Ela soube que em alguns lugares tinha material ocioso e foi atrás de doações, desenvolveu projetos para arrecadar esses materiais. Todo ano a gente faz uma rifa e esse ano o objetivo era comprar um microscópio. E ela conseguiu. Nos últimos dias de aula do ano passado, quando conseguiu montar o laboratório, ela levou os alunos para conhecerem células de animais, de plantas. Ela foi muito cuidadosa com isso”, traz outro relato.
Um enorme e doce coração
Desde o anúncio de seu falecimento, as redes sociais da professora foram preenchidas por homenagens. Na tentativa de fazer a tristeza esmaecer, relatos de belas lembranças ganharam mais espaço em depoimentos emocionantes. Não foi diferente durante seu velório. “Mariana era dona de um coração enorme, ela tinha uma alegria contagiante, ela inspirava a gente”, relataram outros presentes. “Ela gostava de animais, cães, era defensora da ciência”, completaram.
De personalidade inquieta, Mariana também é descrita como alguém movida pela curiosidade, o que dá sentido, por exemplo, a sua escolha pelo curso de biologia, à inquietude por compreender os mecanismos da vida, à vontade de explorar o não descoberto. E nessa doce aventura pelo conhecimento, tornou-se conhecida por ser alguém que transmitia paz e inspiração àqueles com quem convivia.
“Foi um privilégio conhecer a Mariana. Ela não parava um segundo, mas era uma pessoa que transmitia paz e nos inspirava a todo momento”.
Uma das formas de manter a lembrança de Mariana sempre presente é o esforço que pode estar por nascer em breve: a menina que inspirou e alimentou sonhos em alunos e colegas poderá – quem sabe – nomear o laboratório de biologia que tanto defendeu, pelo qual tanto lutou.
É uma tentativa que deve, segundo amigos, ganhar força nos próximos dias, junto às autoridades de São Gabriel do Oeste. Uma forma honrosa, gentil e serena de fazê-la presente não só nas lembranças, mas no lugar onde milhares deverão descobrir e se encantar, assim como a professora, com as belezas e mistérios da vida. Mariana será cremada na quinta-feira (23), em Paranaíba. Ela desejava “se tornar plantinha”, terra ou água. Eterna na natureza.
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