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Cotidiano

Coronavírus: um mês após alertarem para caos, pesquisadores propõem lockdown em Dourados

Estudo feito a pedido da Defensoria Pública de MS por pesquisadores de universidades aponta ineficiência das ações tomadas até aqui.
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1240Pouco mais de um mês depois de alertarem as autoridades de Saúde de Dourados –a 233 km de Campo Grande– que o município caminhava para se tornar o epicentro da pandemia de coronavírus em Mato Grosso do Sul, um grupo de pesquisadores recomendou a adoção do lockdown severo na cidade a fim de enfrentar a doença.

A sugestão foi apresentada em meio a estudos que apontam que haverá crescimento no número de casos e de óbitos nos próximos 14 dias. A cidade foi, durante quase todo o mês de junho, a primeira em casos de Covid-19 no Estado e ainda hoje lidera no total de óbitos –são 47 até este sábado (11), com 3.379 infectados e taxa de 1.515,6 casos por 100 mil habitantes.

O estudo foi elaborado a pedido da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, tendo as digitais de pesquisadores da UFGD ( Federal da Grande Dourados), Ufob (Universidade Federal do Oeste da ), UFBA (Universidade Federal da Bahia) e UFU (Universidade Federal de Uberlândia). Foram elaborados dois relatórios, um sobre Dourados e outro referente aos 11 municípios daquela microrregião de Saúde.

O estudo foi apresentado na quinta-feira (9). O “Relatório técnico de alerta Covid-19: análise geocartográfica e procedimentos a serem adotados com urgência para reduzir o número de mortes evitáveis por Covid-19 na microrregião de saúde de Dourados-MS” apontou que a taxa de morbimortalidade da doença na região chega a 5,21 –soma dos indicadores de morbidade, mortalidade e aumento da taxa de incidência.

O resultado sugeriu o lockdown como forma de conter a doença por 14 dias, aliado a outras ações de enfrentamento e de fiscalização. Para a microrregião, a orientação foi para a adoção de “medidas austeras de restrições de mobilidade e de aglomeração, somadas a todas as demais medidas de prevenção apontadas nos procedimentos básicos indicados pelas autoridades sanitárias” para reduzir a propagação do coronavírus.

Conforme o estudo, além do fechamento total em Dourados, foram recomendados apenas deslocamentos essenciais em Jateí e Maracaju, restrições de mobilidade em Rio Brilhante, Laguna Carapã e Douradina, e restrições para aglomerações em , Deodápolis, Fátima do Sul, Itaporã, e Glória de Dourados.

“Construímos os níveis de alerta para orientar a tomada de decisão dos gestores com o objetivo de adotar medidas e procedimentos básicos de prevenção de agravos à saúde, colapso do SUS e sua rede complementar e redução de mortes evitáveis”, explicou Adeir Archanjo da Mota, doutor em Geografia e professor UFGD, líder do Grupo de Pesquisa Saúde, Espaço e Fronteiras.

Prefeitura foi alertada sobre situação do coronavírus em Dourados no início de junho

O pesquisador reforça que, em 5 de junho, minuta do alerta foi enviada ao gerente do NEA (Núcleo Emergencial de Assistência) do Comitê de Gerenciamento de Crise da Prefeitura de Dourados.

“Embora o alerta indicasse que Dourados se tornaria o epicentro da doença podendo acarretar danos à saúde da população, perdas de vidas e colapso no sistema de saúde, a minuta parece não ter sido considerada para efeito de planejamento de medidas e ações coordenadas para prevenção da doença e redução dos impactos da pandemia na macrorregião”, enfatizou Mota.

Conforme o estudo, a curva de contaminação na cidade prova que as medidas adotadas até aqui são modestas e sem resultados proporcionais para a contenção da doença. A interação espacial dos municípios do entorno com Dourados ajuda a agravar a situação de contenção do coronavírus na região.

Mota salienta que, com essa situação, centrar esforços em Dourados pode ser insuficiente: a recomendação é de ações multi-institucionais entre os municípios para políticas comuns de ação, que incluam barreiras sanitárias. Outro ponto focado na gestão douradense é a adoção de políticas de comunicação e educação para orientar sobre a prevenção à doença e necessidade de se respeitar decretos de restrição e mobilidade e pró-.

Neste sentido, o estudo reforça que apenas localidades que apostaram no isolamento tiveram êxito em conter a Covid-19, especialmente aqueles que, na disparada de casos, declararam o lockdown.

“No curto prazo, compreendemos que a medida de lockdown pode soar como uma medida impactante para alguns. A medida recomendada tende a preservar vidas, o sistema de saúde, bem como refletir positivamente na retomada da economia a médio e longo prazo. Para isso, a medida de lockdown quando tomada, deve ser fiscalizada e respeitada para que também proteja a economia”, esclareceu Mota.

Momento para adoção de medidas tênues já passou, afirma pesquisadora

Fernanda Vasques Ferreira, doutora em Comunicação pela UnB (Universidade de Brasília) perdeu o momento apropriado para a adoção de medidas tênues, quando a situação estava mais controlada. Agora, para ela, é momento de ações extremas.

“Embora algumas pessoas tenham visão imediatista e não consigam compreender, o fechamento total também poderá resguardar a economia e propiciar uma retomada do setor produtivo com mais segurança evitando o abre e fecha”, ponderou a pesquisadora.

Conforme o relatório técnico, elaborado em 24 de junho, ainda não existe uma previsão para se atingir o platô da curva em Dourados (isto é, o momento no qual o total de casos diários deixará de crescer e se estabilizará). Ao contrário: a curva de predição indica crescimento, com as estimativas estando abaixo dos números reais.

Desta forma, a recomendação é de reforço das medidas sanitárias em vigor e da testagem da população para melhor direcionar as ações.

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