O lucro anual de R$ 12 milhões do Consórcio Guacurus não foi o suficiente para impedir a demissão de motoristas de ônibus. As demissões, conforme as empresas consorciadas, foi devido a crise econômica da pandemia.

De acordo com informações apuradas pelo Midiamax, foi um total de 17 motoristas desligados da empresa. Questionado, o confirmou as demissões e disse que o motivo é o mesmo usado pelas empresas atualmente: ‘crise do coronavírus'. A reportagem também entrou em contato com o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Urbano de ), mas ligações não foram atendidas.

Os desligamentos acontecem depois de duas semanas em que os motoristas do transporte público realizaram paralisação de duas horas no dia 20 de julho para discutir ajuste na legislação municipal. Na ocasião, os motoristas acusaram as empresas de transporte coletivo de pressionarem o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano), como forma de forçar a prefeitura e Agetran (Agência Municipal de Trânsito) a revogar a Lei 6.481/20, de 14 de julho de 2020.

Posteriormente, o Setur (Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo Urbano de Passageiros do Estado de Mato Grosso do Sul) encaminhou ao MPT (Ministério Público do Trabalho) protocolo de denúncia pedindo investigação da paralisação dos motoristas.

Lucro de R$ 12 milhões

Em 2019, a empresa de consultoria da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) revelou que durante todo o ano passado, o Consórcio Guaicurus teve um lucro líquido de R$12.289.916,89, considerando R$ 11,1 milhões do consórcio e R$ 1,1 milhão da Assetur, associação que administra o grupo de empresas. O montante milionário representa que por mês, durante o ano passado, as empresas lucraram mais de R$ 1 milhão, já com todos os encargos, salários e custos descontados.

O consórcio também apresenta 18 cenários possíveis de lucro da empresa no prazo de 5 a 7 anos dependendo do valor da tarifa, que é ajustada todos os anos. Na época, a pesquisa mostrou que em todas as projeções, em apenas duas delas as empresas operariam no vermelho. Daqui a 7 anos, por exemplo, com uma tarifa custando R$ 3,75 o consórcio ainda teria lucro líquido de R$ 469 mil em um ano.

Os melhores cenários de lucro para os empresários seriam, claro, com a tarifa pesando mais ainda no bolso do passageiro. Na projeção daqui a 5 anos com tarifa de R$ 4,49, o consórcio fecharia o ano lucrando o montante de R$ 19,1 milhões líquidos. O mesmo valor de tarifa daqui a 7 anos renderia incrível lucro de R$ 23 milhões no ano.