Cidades que retomaram aulas nas particulares têm 30 vezes mais casos de Covid-19 em MS

Sete municípios liberaram abertura de escolas privadas; em alguns, autorização veio semanas antes de total de infectados crescer até 30 vezes.

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Tidas como “exemplos” pelas entidades que apoiam o retorno das aulas presenciais na rede privada em Campo Grande, as 7 cidades sul-mato-grossenses que liberaram as escolas particulares a abriram suas portas viram um aumento de até 30 vezes, juntas, no total de pessoas que contraíram a doença após a medida.

Os dados foram comparados pelo Jornal Midiamax com base nas datas em que as prefeituras emitiram autorizações para que as escolas abrissem e nos informes da Secretaria de Estado de Saúde sobre o volume de infectados. Nesta quinta-feira (3), reunião no Ministério Público de Mato Grosso do Sul definiu que a rede privada de Campo Grande poderá voltar a receber alunos em 21 de setembro, mas apenas na faixa de 0 a 5 anos e com limitação de 30% da capacidade das salas. Além disso, a taxa de ocupação de UTIs na cidade deve se manter inferior a 85%.

Em todos os casos, porém, a medida das prefeituras valeu apenas para a rede privada e mediante a adoção de medidas de biossegurança.

São Gabriel do Oeste é um exemplo de cidade que liberou as aulas particulares antes de a Covid-19 avançar sobre sua população. Depois de retomar as aulas em meados de maio, voltou a suspendê-las em 22 de junho, quando o total de infectados chegou a 80 –naquele momento, a incidência da doença era de 298,8 casos por 100 mil habitantes, a 10ª maior do Estado.

A nova autorização para funcionamento das escolas veio em 3 de julho, quando a cidade mais que dobrou o número de doentes –162 casos, com a incidência disparando a 605,1 casos por 100 mil habitantes. Nesta quinta-feira (3), São Gabriel do Oeste totalizou 808 casos (incidência de 2.968,3 por 100 mil, a sexta maior em Mato Grosso do Sul) e chegou a 5 mortos.

Contudo, o município não foi o primeiro da lista a liberar as aulas presenciais na rede privada. Em Amambai, desde 3 de junho um colégio particular teve autorizado o funcionamento, mediante a adoção de medidas de biossegurança –que vão da higienização dos alunos ao distanciamento social nas aulas. Cinco dias depois, alunos do Ensino Médio foram chamados a retornar, e os do Fundamental, no dia 15 de junho.

Abre e fecha

O assessor jurídico da Prefeitura de Amambai, Caio Fachin, explicou que, apesar disso, diante do surgimento de casos de Covid-19 no município, a própria escola achou por bem suspender as aulas –que começaram a ser retomadas recentemente, ainda seguindo o plano de biossegurança aprovado pelo Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19.

“Esse plano trazia o espaçamento entre carteiras, desinfecção das salas de aula e proibição de lanches. Apenas aulas seriam liberadas, com tapetes na entrada da escola e salas com desinfetante para calçados, e a redução no número de alunos. Além do uso de máscaras e outras”, salientou. “Mas a própria escola decidiu por bem suspender as aulas de novo com o aumento de casos. Em tese, hoje tem autorização para funcionar”.

Em 3 de junho, Amambai registrara 6 casos de coronavírus, sem óbitos. O boletim da Secretaria de Estado de Saúde desta quinta contabilizou 4 óbitos e 177 infectados no município (quase 30 vezes mais). A taxa de incidência é de 444,4 casos por 100 mil habitantes, a 62ª do Estado. Na próxima semana, o comitê de combate à Covid-19 na cidade deve analisar a flexibilização das medidas, com o retorno da Educação Infantil.

Reabertura antes do pico

Em 3 de agosto, foi a vez da Prefeitura de Maracaju liberar o retorno das aulas presenciais nas escolas particulares. Naquele momento, a cidade tinha 214 casos de coronavírus e 3 óbitos. Nesta quinta-feira, o volume de casos chegou a 333 (aumento de 55,6% no período) e 4 óbitos, com taxa de incidência de 693,4 por 100 mil –a 48ª do Estado.

Dois dias depois, uma escola particular de Bela Vista também informava o retorno das atividades presenciais no município que, até aqui, está entre os mais baixos índices de incidência e de casos do Estado. Em 5 de agosto, não havia mortes na cidade, e o volume de doentes desde o início da pandemia era de 14 (taxa de incidência de 56,8, a 73ª ou sétima mais baixa).

No último boletim, além de atribuir um óbito ao município, a SES apontou que o total de infectados chegou a 21 –alta de 50%, com a incidência subindo para 84,9 por 100 mil mas, apesar de crescer, graças aos resultados de outras cidades, ser a 78ª e segunda mais baixa de Mato Grosso do Sul.

Em 6 de agosto, foi a vez de Chapadão do Sul autorizar o retorno das aulas presencias na rede privada. Naquele momento, a cidade registrava 377 casos (incidência de 1.495 casos por 100 mil, a 10ª maior do Estado) e 3 óbitos. Hoje, a cidade totaliza 8 mortes relacionadas à Covid-19 e 554 casos (incidência de 2.141,9 por 100 mil, a 15ª mais alta), aumento de 46,9% no total de infectados no período.

Ribas do Rio Pardo presencia a reabertura das escolas particulares para atividades presenciais desde 14 de agosto, com 52 casos de Covid-19 registrados desde o início da pandemia (incidência de 211,3, a 11ª mais baixa do Estado). Em menos de um mês, o total de pacientes quase dobrou: são 103 no total (incidência de 412,6, a 16ª menor), com um óbito.

Em Ribas, assim como em todas as cidades sul-mato-grossenses no atual momento, as escolas municipais seguem fechadas –seguindo também orientações da rede estadual, que ainda não tem uma data para o retorno das aulas normais. O ensino vem ocorrendo à distância, também de olho na volta das atividades em outros Estados.

No Amazonas, por exemplo, após as aulas serem liberadas em Manaus, mais de 300 professores relataram terem sido infectados pela Covid-19.

O último município a confirmar o retorno das atividades presenciais nas escolas particulares foi Bataguassu, que anunciou a medida em 28 de agosto. Nesta quinta, a cidade registrou 742 casos positivos de Covid-19 (incidência de 3.181,1 por 100 mil, a terceira maior). O total de óbitos era o mesmo há 6 dias (6), mas os infectados eram 715 (incidência de 3.065,4 por 100 mil, a segunda maior do Estado). A doença avançou 3,77% no período.

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