#CG121: Do mercado financeiro para o campo, Luiz é exemplo de quem assumiu o risco na pandemia

A pandemia do novo coronavírus trouxe uma realidade completamente diferente do habitual para os campo-grandenses, mas principalmente para as empresas que se viram obrigadas a reformular o modo de trabalho para segurar as finanças e evitar a falência. A fase obscura que a doença trouxe causou temor nas pessoas que se sentiram fragilizadas e com […]

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A pandemia do novo coronavírus trouxe uma realidade completamente diferente do habitual para os campo-grandenses, mas principalmente para as empresas que se viram obrigadas a reformular o modo de trabalho para segurar as finanças e evitar a falência. A fase obscura que a doença trouxe causou temor nas pessoas que se sentiram fragilizadas e com medo das demissões, mas houve quem encontrasse na pandemia, um motivo para mudar de ramo e deixar a paixão guiar os novos rumos da vida.

É aqui que se encaixa Luiz Ricardo Rocha, economista e administrador formado na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e que passou anos trabalhando em uma cooperativa de crédito em Campo Grande. Contudo, a vocação para uma área diferente da sua formação, levou a desafiar os riscos e entrar no mundo da agropecuária justamente nos momentos de incertezas e dúvidas sobre o futuro.

Depois de formado, Luiz abriu seu próprio negócio e consumou seu aprendizado na faculdade em um restaurante. Ele ficou com o estabelecimento por cerca de um ano e meio, mas o desinteresse pelo ramo acabou culminando no fechamento e na primeira mudança em sua vida.

Tendo a experiência em economia como seu principal trunfo, Luiz ingressou em uma cooperativa de crédito em Campo Grande no ano de 2017 e por lá, cresceu dentro da empresa permanecendo fiel ao seu trabalho por pelo menos três anos. Entretanto, os obstáculos impostos para seu crescimento, tanto pessoal como profissional, além de permanecer em um setor específico, auxiliaram o jovem a desenvolver uma paixão que ainda não estava totalmente aflorada: a agropecuária.

“Eu já não via muito prazer em trabalhar, aquele anseio de crescer e desenvolver dentro daquele ramo. Dentro desse período que eu estive trabalhando na cooperativa, eu iniciei como caixa e fui trabalhar no atendimento ao produtor rural. Então mesmo que eu trabalhava com o produto financeiro, comecei a lidar diariamente um pouquinho com a atividade de cada, seja na pecuária, seja na agricultura”, explica.

#CG121: Do mercado financeiro para o campo, Luiz é exemplo de quem assumiu o risco na pandemia
O economista e agora trabalhador do agro, ficou três anos em uma cooperativa de crédito até mudar o seu ramo. (Foto: Reprodução, Arquivo Pessoal)

A ‘falsa’ promessa da promoção e a vontade de mudar

Um pouco antes da pandemia se instalar em definitivo não só em Mato Grosso do Sul, mas no país inteiro, Luiz Ricardo comenta que houve algumas promessas de promoções por parte da empresa para seu crescimento, mas a chegada da doença parecia ter interrompido a conclusão das promessas que ficaram somente nas palavras.

“Eu fiquei um pouco insatisfeito no meu ambiente de trabalho e decidi que talvez seria uma oportunidade para mudar. Inicialmente eu conversei com o RH da minha empresa, me aconselharam a esperar mais um tempo, quem sabe três meses após o período [da pandemia] e tudo estaria voltando normal a situação e haveria aquela prometida promoção. Eu não concordei e fui firme na minha decisão e decidi que seria a hora de estar mudando”.

A chegada da pandemia trouxe um impacto grande para empresas de diversos setores, que acabou gerando uma grande onda de demissões por vários cantos do país. Entretanto, sabendo das dificuldades e das incertezas do futuro, Luiz não deixou transparecer a preocupação e sabia que com o aprendizado no começo da sua trajetória na cooperativa, e o Estado tendo um grande manejo na agropecuária, uma nova oportunidade estaria aparecendo.

Depois de entrar com o pedido para a rescisão do contrato de trabalho, o economista e administrador teve que esperar alguns dias pela papelada finalmente chegar. Um pequeno surto do coronavírus acabou atingindo os funcionários e a empresa se viu obrigada a fechar para cumprir o processo de quarentena, o que acabou atrasando toda a documentação de sua saída.

O agro e seus desafios

Tendo que esperar pela sua rescisão, o economista não titubeou ao utilizar uma das ferramentas da internet que dá acesso a vagas em todos os lugadores do país para procurar uma oportunidade no setor da agropecuária. A mudança parecia tão repentina, mas o desafio motivou Luiz Ricardo a se candidatar uma vaga para o campo em uma empresa de fertilizantes, adubos, sementes e produção de grãos.

“Eu me inscrevi na vaga numa quarta, na quinta a empresa entrou em contato comigo para uma entrevista e no dia seguinte, vieram com uma proposta de salário. Aquela experiência que adquiri, em termos mais básicos na cooperativa, foi aquilo que fundamentou a minha mudança para esse ramo do agronegócio e principalmente numa produtora de fertilizantes e sementes. Foi isso que serviu de base para mim”, conta.

Sair de um ramo estabilizado e construir a carreira em outro setor diferente é desafiador, porém, Luiz Ricardo aponta que a motivação de sair do mercado financeiro e ir trabalhar no agronegócio é que o setor é crescente em Mato Grosso do Sul. “Como o foco do nosso Estado é quase totalmente voltado ao setor agro, eu vi uma oportunidade mesmo em situação de pandemia. Foi uma realização muito grande”.

A família não aceitou tão facilmente a ideia da mudança e procurou conversar com o rapaz, mas que recebeu o apoio necessário. Desde então, com um novo ramo pela frente, ele pretende esquecer o passado do mercado financeiro e trabalhar somente no ramo campo e no setor do agronegócio, que depois de muito tempo, aflorou.

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