A tragédia que assolou o país na manhã da quarta-feira (13), na qual dois jovens mataram 8 pessoas e depois se mataram, em Suzano (SP), acendeu o sinal de alerta nas escolas de Campo Grande. Desde a segurança na entrada ao acompanhamento emocional dos estudantes passaram a ganhar mais espaço na preocupação rotineira nas escolas.
O impacto de uma notícia avassaladora como a da tragédia em Suzano naturalmente desperta debates. E foi o que aconteceu, na manhã desta quinta-feira, no primeiro contato entre alunos e educadores do Colégio Salesiano Dom Bosco, na região central de Campo Grande.
“Na verdade, o bem-estar emocional já é rotineiramente explorado na nossa escola. Porém, entendemos que quando acontece algo grave assim, é o momento de se refletir ainda mais sobre o que está acontecendo”, destaca Lúdio da Silva, coordenador do ensino médio da escola.
A preocupação com a segurança na instituição é permanente e rigoroso. A acesso dos estudantes é mediado desde a catraca e os jovens são monitorados nos corredores. “Mas no ponto de vista pedagógico, devemos ordenar uma ação, iniciando primeiramente pelo debate em sala de aula, o que já acontece nas disciplinas como sociologia e filosofia”, afirma o coordenador.
Neste ano, pais e estudantes do Dom Bosco já tiveram palestra que trabalham temas como a valorização da vida, formação do bom cristão e do cidadão honesto. “Temos um momento chamado manhã de reflexão. O tema que estamos trabalhando é a discussão e o aprofundamento sobre a felicidade. De que forma ela pode ser alcançada e que meios temos para promovê-la”, aponta o educador.

Luz de alerta
Entre os educadores do Colégio Raul Sans de Matos, o impacto da tragédia de Suzano foi descrito como avassalador. “É algo que afeta a comunidade escolar. Nós pensamos nos nossos alunos, nos nossos professores e demais funcionários. É uma questão de segurança, mas também nos obriga a repensar nossos métodos, nossa postura. Uma tragédia dessas acende uma luz de alerta muito grande, faz com que fiquemos bem mais atentos”, destaca Sizenando Sadakane, diretor pedagógico da escola.
A unidade destaca que, antes das aulas terem início, professores e gestores fazem resenhas de assuntos que podem emergir nas salas de aula. “Esta tragédia é algo que vai surgir naturalmente, e o professor deve tratar do assunto com os estudantes, sempre na perspectiva de promover o valor da vida, da família e da tolerância”, destaca.
Neste ano, a escola também passou a executar o projeto Escola da Inteligência, fundamentada em estudos do psicanalista Augusto Cury, a fim de trabalhar a educação socioemocional dos jovens. “Acreditamos que a tragédia de ontem tem muito a ver com essa questão, para além da segurança. Então, nossa escola se preocupa em trabalhar isso”, acrescenta Sadakane.
Assunto em pauta

Para especialistas, a questão da saúde emocional e da segurança de estudantes em ambiente escolar é um assunto que deve permanecer em pauta durante todos os momentos do ano letivo. Para o psicólogo Ângelo Motti, especialista em psicologia social, a melhor forma de promover compreensão sobre o tema é conversando abertamente sobre o assunto.
“A melhor forma é o diálogo, porque [crimes] é algo que está fora do nosso controle. Tem que explicar a elas que estamos sujeitos a atitudes desequilibradas como essa, que elas devem ser mais atentas com as coisas ao seu redor, quais caminhos se devem seguir quando estamos em situações como essa, etc. Não que se crie uma paranoia, mas que ela tenha uma atenção permanente”, explicou o psicólogo.
Ensino público em alerta
Em nota, a pasta informou que em todas as 95 escolas e nas 101 unidades de Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) já há esse controle, tanto na entrada de pessoas quanto em relação a quem leva e pega as crianças nas escolas.
Já a Guarda Civil Metropolitana, que faz um trabalho de segurança nas escolas, informou que desde início do ano letivo, realiza a operação “Escola Segura”. Ainda segundo o órgão de segurança, a Guarda conta com agentes nas escolas e principalmente na entrada e saída dos alunos. Equipes também fazem a segurança em horários de pico nos terminais de transbordo da Capital.