Se para quem tem experiência no mercado de trabalho já é complicado encontrar uma oportunidade, imagina para quem não nunca trabalhou e está em busca do primeiro emprego. Muitas pessoas, principalmente os mais jovens, encontram certa dificuldade para conseguir uma vaga de trabalho e, na maioria dos casos, a falta de experiência e/ou capacitações são fatores que interferem na conquista do tão sonhado emprego.

Murillo Ferreira conseguiu seu primeiro emprego aos 22 anos em uma clínica oftalmológica em Campo Grande onde já atua há um ano e cinco meses. Ele conta que na época, quando buscava por uma oportunidade não tinha nenhuma capacitação e ficou muito tempo em busca de uma vaga. “Eu fui em muitas lojas e empresas deixar meu currículo, até era chamado para entrevistas, mas pela falta de experiência ou conhecimentos me dispensavam”, lembra.

Certo dia, em sua rede social, Murillo viu um anúncio de uma vaga para atuar na recepção de uma clínica. Mesmo um pouco desmotivado por tantas respostas negativas, ele tentou a vaga. No post não tinha informações se precisava ou não ter experiência, então enviou seu currículo e explicou sua situação. “Na hora eu pensei, não tenho experiência, mas não custa nada enviar o currículo. No mesmo dia a empresa entrou em contato comigo e me chamou para uma entrevista. Chegando lá, foi uma surpresa, pois mesmo sem experiência, me contrataram e eu fiquei muito feliz. A vaga abriu meus olhos para a área que atuo e já quero fazer faculdade em Recursos Humanos para poder contribuir ainda mais à empresa”, conta o jovem.

Joice Aparecida, de 24 anos, é outro exemplo que enfrentou dificuldades para encontrar o primeiro emprego. Atualmente ela trabalha há oito meses de carteira assinada em uma rede especializada de cookies artesanais da Capital. Ficou um ano procurando emprego, diariamente saia porta em porta e a resposta que mais recebia era que ela não tinha experiência com nenhum trabalho.

Trabalho: jovens enfrentam dificuldades para conseguir primeiro emprego em Campo Grande
Joice trabalha há oito meses de carteira assinada em uma rede especializada de cookies artesanais da Capital (Foto: Divulgação)

Na loja em que trabalha, ela atua como auxiliar de produção e conta como o emprego mudou muito a expectativa de vida. “Me sinto confiante como pessoa e como profissional porque acreditaram em mim. Sou mãe e agora me sinto mais tranquila em cuidar dos filhos, oferecer alimentação, vestuário, e conseguir conciliar trabalho com a maternidade”, conta.

Contratante

Natalie Pavan é sócio fundadora da rede especializada em cookies artesanais em que Joice trabalha. A empresária conta que um dos pilares da empresa é trabalhar para gerar valor nas pessoas, melhorar a perspectiva de vida de cada uma delas e a maneira simples de fazer isso, é oferendo o primeiro emprego.

“Buscamos contratar potencial e não currículo. Sabemos que muitas vezes o funcionário vai mudar de emprego, não vai permanecer a vida toda na empresa, e isso não é o nosso objetivo, pelo ao contrário, oferecendo oportunidade de aprendizado, estamos naturalmente contribuindo para formação de um ser humano que vai somar de uma forma ou de outra na sociedade”, argumenta Natalie.

Ela acredita que a pessoa que está no primeiro emprego tem muito mais potencial para aprender e se envolver com o trabalho e que por trás de currículos existem pessoas brilhantes.

Empecilhos

Cometer erros de português no currículo pode representar várias mensagens para o recrutador como: falta de domínio do idioma, falta de atenção ou até mesmo, displicência. Falhar na revisão do principal documento entre candidato e entrevistador é queimar todas as chances de contratação, é o que aponta o levantamento realizado pela Catho com diversos recrutadores. Segundo a pesquisa, 34% deles afirmam que erros de gramática são o principal fator para eliminação de candidatos.

A análise ainda apontou outros fatores que fazem com que um currículo seja descartado imediatamente. Segundo os profissionais de Recursos Humanos, os motivos para eliminação são: 25% por falta de experiência, 10% por ausência de objetivos profissionais e 9% porque os candidatos moram longe da empresa.

Para a gerente da Catho, Bianca Machado, o processo de recrutamento começa muito antes da entrevista. Ele é iniciado quando os currículos começam a ser selecionados. Ainda segundo o levantamento da Catho, um recrutador recebe em média de 30 a 50 currículos por vaga, desses, 5 a 10 candidatos chegam a participar de uma entrevista.

“Em um cenário de grande concorrência, os números de candidaturas para vagas estão cada vez maiores. É função do recrutador filtrar os candidatos e escolher aquele que se encaixa melhor ao perfil do cargo. Se queimar no primeiro contato por conta de erros de gramática não é perder uma oportunidade de entrevista, e sim, várias. O currículo deve receber muita atenção antes de ser enviado ao mercado”, afirma Bianca.

Agora com essas boas dicas vale se atentar mais ao currículo e buscar capacitações para aprimorar as chances de conseguir um emprego. E faça como o Murillo e a Koice, não desista de buscar, pois uma hora a oportunidade chega.

Em Campo Grande, a Prefeitura oferece algumas capacitações gratuitas para jovens de 15 a 29 anos, com o objetivo de proporcionar oportunidades para aprimorar a carreira. O programa Levanta Juventude está com inscrições abertas e acontecerá de 11 a 15 de novembro com cursos de: marketing pessoal, dicção, oratória, empregabilidade, liderança, empreendedorismo, habilidade comportamental, inteligência emocional e elaboração de currículo.