Lojistas são contra condomínio popular em hotel no centro de Campo Grande

Desde que foi anunciada a transformação do Hotel Campo Grande em um condomínio popular no centro da cidade, o tema da moradia tem sido alvo de polêmicas.

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Inquilinos de imóveis comerciais e residenciais estão com dificuldades. (Foto: Leonardo França)
Inquilinos de imóveis comerciais e residenciais estão com dificuldades. (Foto: Leonardo França, Midiamax)

Desde que foi anunciada a transformação do Hotel Campo Grande em um condomínio popular no centro da cidade, o tema da moradia tem sido alvo de polêmicas. O projeto até chegou a ser chamado de ‘favelão vertical’. Nesta quarta-feira (21), a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) se posicionou contra a ideia e diz que é preciso planejamento.

A entidade ressalta que defende o retorno dos moradores ao centro, mas não da maneira apresentada. “É preciso que seja feito com planejamento, garantindo bem-estar e qualidade de vida e não simplesmente jogando famílias em um lugar sem qualquer infraestrutura para uma habitação saudável e digna”, diz a CDL.

Em nota, os lojistas apontam que, para abrigar pessoas, o prédio precisa de uma reforma que seria ‘cara demais’. A CDL afirma que um levantamento aponta que a reforma custaria R$ 25 milhões e o imóvel estaria estimado em R$ 25 milhões, resultando em um total de R$ 54 milhões. Segundo os cálculos dos lojistas, considerando estes valores, cada moradia deve custar R$ 245 mil.

“Uma moradia popular, com infraestrutura básica de sala, dois quartos, banheiro e cozinha custa em torno de R$ 45 mil, apenas 18% do valor necessário para jogar famílias inteiras confinadas num dos quartos do antigo hotel”.

Já de acordo com dados da Prefeitura, a proposta prevê a reestruturação do antigo hotel para 117 unidades habitacionais. Para que a ideia saia do papel, é preciso liberação de pelo menos R$ 38 milhões – R$ 13 milhões estimados para a desapropriação e R$ 25 milhões para reforma e adequações.

A CDL finaliza dizendo que espera que a administração municipal promova um amplo debate sobre o assunto. “Ouvindo a população, empresários, entidades e instituições, para que a decisão seja tomada pelo bem das pessoas, sem populismo, ou intenções especulativas”, diz.

Condomínio Manoel de Barros terá até mosaico na fachada
Com transformação do hotel em condomínio, Campo Grande vai ganhar mosaico de Manoel de Barros | Foto: Divulgação

Condomínio popular: proposta para ocupar o Centro

No projeto, o condomínio popular não deve contar com vagas de garagem e deve dispor de um recurso chamado fachada ativa, que é quando os primeiros pavimentos tem utilização comercial ou institucional. A ideia é que no térreo haja uma base da Guarda Civil Metropolitana no primeiro pavimento, e possivelmente uma unidade da Emha (Agência Municipal de Habitação) no térreo.

A obra tem outros diferenciais, como recursos de vedação solar feitos com chapas de ferro e grafismos que devem presentear o Centro com um grande mosaico do poeta Manoel de Barros. “Menino do Mato”, a propósito, é uma obra do poeta. E cada andar trará referências a poemas de Barros.

Segundo o diretor de Habitação e Programas Urbanos da Emha, Gabriel Gonçalves, o projeto prevê a reforma dos antigos quartos de hotel em apartamentos de pequena dimensão. E isso tem um propósito: “Acreditamos que desta forma iremos atrair uma população mais jovem, que faz parte da equação de ocupação do Centro. A vida noturna, por exemplo, pode ser fomentada”, detalha.

Favelão vertical?

Apesar de parecer do projeto do condomínio popular agradar alguns campo-grandenses, há quem seja contrário e esteja planejando um abaixo assinado para expressar o desconforto com o projeto. Os moradores dos prédios da região são completamente contrários, chegando a chamar o projeto de “favelão vertical”, afirmando que a proposta aumentará ainda mais o descaso vivido no centrão de Campo Grande.

“Nós moradores e comerciantes dos edifícios Rachid Neder, Dona Neta e Arnaldo Serra somos extremamente contrários a esse favelão vertical. O descaso no Centro já é grande. Não adianta falar em segurança, porque não dura dois meses, e ai abandonam a gente outra vez”, disse um representante dos moradores.

(Colaboraram Guilherme Cavalcante e Ana Paula Chuva)

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