A professora aposentada Ivani de Oliveira Souza Sanches, de 60 anos, marca no calendário o dia 23 de setembro de 2013 como uma realização importante. Neste dia, ela conquistou a merecida aposentadoria integral, após 35 anos vestindo a camisa da educação em Campo Grande.

Porém, em 2018, ao reencontrar uma colega que se aposentou em situação idenêntica, Ivani foi alertada de que estava recebendo um valor errado por sua aposentadoria – cerca de R$ 1 mil a menos do que tem direito, segundo relata.

“Foram quase cinco anos até eu perceber que recebia a menos. Depois disso, fui na ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação), consultei a tabela de pagamento para quem se aposentou na minha letra e vi que realmente eu estava recebendo muito menos do que tenho direito”, destaca a aposentada.

A partir daí começou a via crucis da professora. Em março do ano passado, ela procurou o IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) e relatou a situação. Segundo ela, o erro foi reconhecido pelos funcionários, mas foi informada que a correção só viria dali a 30 dias.

“Só que esses 30 dias nunca chegaram. Abriram o processo administrativo, mas nunca me posicionaram de nada. Cada vez que solicitava informação, pediam mais tempo. O assunto foi se arrastando e agora estou prestes a completar um ano que não recebo informações”, relata.

Nenhuma providência

Segundo Ivani, o que ela esperava, inicialmente, era que logo após a irregularidade fosse apresentada, pelo menos os valores de pagamento de seu holerite fossem acertados e ela passasse a receber o valor correto em sua aposentadoria. “Eu até esperaria negociar o que eles me devem, mas não entendo porque ainda não resolveram. Já vai fazer um ano”, denuncia.

Cansada de esperar, a aposentada decidiu ingressar com ação judicial, para a qual foi alertada de que precisaria de uma cópia do processo administrativo. Porém, Ivani afirma que o IMPCG dificulta entregar a cópia solicitada.

“Pedi essa cópia do processo há um mês e me informaram que me dariam após um prazo de dez dias. Mas, depois recebi ligação dizendo para eu desistir dessa cópia, pois em 15 dias a situação estaria resolvida. Quem esperou um ano espera 15 dias, né? Mas, depois disso, nada foi resolvido e ninguém sabe me explicar o andamento da situação”, protesta.

A aposentada relata que a última informação que recebeu foi vaga – o processo estava em análise. “Mas ele ficou seis meses em análise! É um descaso total, porque ninguém sabe me responder o que está acontecendo”, conta.

Ivani pretende ir ao IMPCG esta tarde para um ultimato. “Hoje só saio de lá com essa cópia em mãos. Isso que está acontecendo comigo é um descaso muito grande, um desaforo contra quem vestiu a camisa da educação por 35 anos. Trabalhava dia e noite, das 6h às 18h, para montar o Instituto Mirim. E é esse o reconhecimento que eu levo”, conclui.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande solicitando informações sobre o caso. Porém, até a publicação da matéria, não recebeu resposta.