Ocorreu no fim da manhã desta sexta-feira (23) o primeiro encontro entre o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e herdeiros do Hotel Campo Grande, edifício desativado que poderá ser revitalizado e transformado em moradias populares. A reunião, que durou cerca de 40 minutos, contou com participação da responsável pelo espólio, Maria Adelaide de Paula Noronha – acompanhada de um advogado -, além de Marquinhos. Eles deixaram o gabinete sem dar declarações.

Mais cedo, o prefeito destacou que os proprietários estariam empolgados com a ideia de desapropriação. O espólio no qual o imóvel está inserido alonga-se desde 2016 e seria necessário a quitação de dívidas para que a divisão de bens pudesse, finalmente ocorrer.

Em 2018, uma fazenda do espólio, localizado em Cáceres (MT), seria vendida para que as despesas envolvendo os demais bens pudessem ser quitadas. Porém, a comercialização não teria sido concluída. A desapropriação do Hotel Campo Grande, portanto, possibilitaria ganhos de R$ 13 milhões, já retirando as dívidas tributárias relacionadas ao edifício, e permitiria que o procedimento de partilha caminhasse para a conclusão.

A proposta de transformar o prédio em 117 apartamentos de até 30 m², voltados para pessoas de baixa renda, é uma das apostas da Prefeitura para aumentar a população no Centro e, assim, resolver problemas urbanísticos decorrentes de desocupações e economizar com a infraestrutura, já que o Centro já dispõe de todo o aparato.

Para tanto, o executivo pleiteia verba de R$ 38 milhões do programa Pró-Moradia, do Ministério do Desenvolvimento Regional, voltado para a transformação de bens abandonados em habitação, via Retrofit.

Dividiu opiniões

A notícia de requalificação do antigo cartão-postal da cidade causou frisson na cidade, mas também chegou a dividir opiniões. Alguns lojistas chegaram até a fazer abaixo-assinado para dissuadir a Prefeitura da proposta.

Segundo o prefeito, a oportunidade de utilizar recursos federais para transformar o Centro é única e deve ser aproveitada. “Caso contrário, esses prédios ficarão abandonados e fechados. E mais, por que pobre não pode morar no Centro? Me disseram para levar essas habitações para regiões mais distantes,, mas se eu fizer isso, haverá necessidade de construir novas escolas, novos postos de saúde e trazendo pro Centro já temos toda essa infraestrutura disponível”, detalha.

Marquinhos também destaca que o programa federal que pode liberar os R$ 38 milhões é específico para recuperar prédios abandonados pela moradia e que a verba é totalmente engessada. “Não adianta mandar fazer hospital. O dinheiro não é para esse fim”, aponta.

O fomento à moradia na região central é uma das exigências, por exemplo, do financiador da revitalização da 14 de Julho, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), além de ser uma das diretrizes do Plano Diretor, que entrou em vigor em agosto.

Além do projeto para o Hotel Campo Grande, a Prefeitura também teria um “plano B”, no caso, recorrer à obra – há mais de 20 anos abandonada – do que seria uma unidade do hotel Delta Park, na Rua 26 de Agosto, próximo ao Mercadão Municipal. Marquinhos afirmou que uma proposta de destinação a esse prédio está em andamento e deve caminhar simultaneamente ao do Hotel Campo Grande. “Esse programa tem muitas exigências, então queremos apresentar mais de um, já que pode ter possibilidade de que apenas um seja aprovado. Mas nada impede que os dois sejam”, conclui.

* Atualizada às 11h55 para acréscimos de informações