Frequentadores do Parque das Nações denunciam infestação de carrapatos
O Parque das Nações Indígenas, o principal cartão-postal de Campo Grande, pode estar sofrendo uma infestação de carrapatos. Já são vários relatos de usuários que sofreram picadas, principalmente após sentarem-se na grama, nos últimos dias. A data dos relatos coincidem com as obras de desassoreamento dos lagos do parque. Foi o caso da chefe de cozinha […]
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O Parque das Nações Indígenas, o principal cartão-postal de Campo Grande, pode estar sofrendo uma infestação de carrapatos. Já são vários relatos de usuários que sofreram picadas, principalmente após sentarem-se na grama, nos últimos dias. A data dos relatos coincidem com as obras de desassoreamento dos lagos do parque.
Foi o caso da chefe de cozinha Vaneide Sarati de Souza Silva, de 39 anos, que na última quinta-feira (20) combinou com mais três amigas de correr no Parque das Nações. Ela afirma que todas sentaram na grama, como sempre fazem, mas, desta vez, notaram picadas por todo o corpo ao chegarem em casa.
“No começo pensei que era de pernilongo. Mas, na sexta-feira, as picadas se tornaram bolhas, que coçam e ardem. Quando procurei atendimento médico, a primeira coisa que a médica me perguntou foi se eu corri no Parque das Nações. Quando respondi que sim, ela afirmou que pode ter sido picada de carrapato”, relata.
A partir daí, Vaneide precisou iniciar tratamento. Além de antibióticos, ela passou a utilizar um sabonete medicinal. Marido e filho de Vaneide também deverão fazer um tratamento preventivamente, já que os sintomas sugerem a ocorrência de um tipo de sarna contagiosa e que requer longo tratamento.
O engenheiro civil Rogério Wolf, de 47 anos, também foi vítima de picadas de carrapatos após frequentar o Parque das Nações na última semana. Ele caminhou no local com o pai, que é idoso, e sentou por poucos minutos numa área de gramado. Ao chegar em casa, sentiu a coceira e notou pontos vermelhos nas duas pernas.
“Voltei com as duas pernas cheias de picadas de carrapato. Não sei o que pode ser feito, se pode pulverizar a grama, mas acho que é um risco grande à saúde”, descreve o engenheiro.
Riscos
De fato, carrapatos estão associados à várias infecções bacterianas em humanos. A mais grave delas é a febre maculosa, que causa sintomas como febre alta, manchas vermelhas no corpo, dores musuclares e abdominais, além de dores de cabeça. Não é o caso, porém, de Mato Grosso do Sul, onde não há registro de carrapatos infectados com a bactéria Rickettsia rickettsii, principal causadora da maculosa nos estados que fazem divisa com MS.
Porém, quem frequenta parques precisa estar atento para a incidência de carrapatos e se preparar para evitar as picadas. A recomendação seria utilizar roupas que protejam os membros, camisetas de mangas longas, calças compridas, evitar sentar em grama, e verificar o corpo com frequência.
“Os carrapatos não causam dor quando picam, porque esses aracnídeos secretam uma substância analgésica durante o ato. Muitas vezes, a picada só é notada horas depois. E é onde mora o problema, porque dependendo do tempo em que o carrapato passa no corpo, aumenta a probabilidade de uma infecção”, explica o biólogo Eduardo Monteiro.
A pulverização de veneno como controle de carrapatos em parques também não é recomendada, porque pode infectar lençóis freáticos e causar desequilíbrio ambiental. Para o biólogo, a propósito, é possível que as obras de desassoreamento dos lagos tenha ocasionado algo semelhante.
“Não é possível afirmar sem uma análise, mas as capivaras, que são os principais hospedeiros dos carrapatos, estão evitando o parque depois que os lagos foram secados. Acredito que possa, sim, ter causado algum desequilíbrio ambiental. os carrapatos alimentam-se de sangue e, na ausência dos animais, eles vão picar quem estiver por perto”, considera Monteiro.
Controle
De acordo com a GUC (Gerência de Unidades de Conservação) do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), responsável pela administração do parque, o monitoramento da fauna e flora local é realizado perenemente, mas até o momento não havia relatos semelhantes aos informados pela reportagem.
“É muito importante que os usuários possam registrar esses relatos por telefone ou e-mail, de preferência enviando fotos da área do parque onde ocorreram as picadas, para que possamos desviar uma equipe. Como o parque é muito grande, essa orientação é fundamental para que a gente chegue a uma resposta rápida”, apontou Leonardo Tostes Palma, gerente de Unidades de Conservação do Imasul. Os casos podem ser reportados pelo telefone (67) 3318-5013 ou pelo e-mail [email protected].
Segundo ele, uma equipe será designada para iniciar vistoria no Parque. “Mas é importante lembrar que nesta época do ano esses casos de picada de carrapato são mais comuns. A orientação é que, se possível, as pessoas evitem a grama e utilizem calça comprida e camisetas de manga em qualquer mata”, conclui.
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