Força-tarefa procura escorpiões em condomínio onde menina de 6 anos foi picada

Combate aos escorpiões é necessária para evitar que acidentes aconteçam. Várias medidas de prevenção também devem ser tomadas

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Apesar do hábito noturno
Apesar do hábito noturno

Equipes do Civitox e do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) foram nesta quinta-feira (26) à tarde ao Residencial Reinaldo Busanelli, na região do Campo Nobre, para procurar mais exemplares de escorpiões da mesma espécie que picou a menina Maria, de 6 anos, na véspera de Natal. Ela ficou internada em estado grave no HR (Hospital Regional).

De acordo com o chefe do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), o médico Sandro Benites, essa é a primeira vez que acontece um acidente de tamanha gravidade envolvendo a espécie Tityus confluens, sendo mais comuns com outras espécies.

“Isso muda toda a forma como os mecanismos de controle atuam com essa espécie. Antes era muito comuns ataques do escorpião amarelo gigante [Tityus serrulatus], o mais perigoso, e o escorpião preto [Tityus bahiensis]”, explica à reportagem Sandro Benites.

O médico ainda aponta que a pequena Maria só foi sala devido a agilidade em seu atendimento. “Quando chegou ao hospital, 70% de seu coração estava comprometido pela toxina do veneno do escorpião, destruindo suas fibras cardíacas. A rápida ação foi fundamental”, comenta o chefe do Civitox, que completa.

“Ações como a de hoje são importantes porque o escorpião é uma praga urbana e a fêmea não precisa do macho para se reproduzir, por isso é importante fazermos esse tipo de ação para prevenir acidentes com esse animal”, conclui.

Maria continua internada no HR já com 60% do coração em pleno funcionamento, mas em coma induzido e intubada. A previsão é que ela siga nessa condição por mais 72 horas, período necessário para que o coração dela se recupere mais.

Mãe relembra o desespero ao ver filha picada

Força-tarefa procura escorpiões em condomínio onde menina de 6 anos foi picada
Mãe da menina picada pelo escorpião (Henrique Arakaki, Midiamax)

A situação de Maria foi tão grave que, entre o encaminhamento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Universitário até o Hospital Regional, ela vomitou 20 vezes, revela Benites. Entre a picada do escorpião no local onde mora e a chegada ao hospital, onde ela tomou todos o antídoto, foram cerca de uma hora.

“Ela desceu do apartamento para brincar e quando tocou no patins, que estava embaixo da escada, foi picada. Ela logo voltou para a casa dizendo ‘mãe, alguma coisa me furou! Socorro, socorro’. Eu imaginei que era picada de escorpião”, conta a mãe da pequena Maria, a manicure Elizabeth da Silva.

Força-tarefa procura escorpiões em condomínio onde menina de 6 anos foi picada
Pedreiro mostra animal capturado e colocado no álcool (Henrique Arakaki, Midiamax)

Assim que percebeu a gravidade situação, ela pediu ajuda para um vizinho e levou a filha direto para a UPA mais próxima, no Universitário. “Minha filha maior já tinha visto outros dois escorpiões andando pela casa e até matamos eles. Ainda estou nervosa com o que aconteceu, mas estou muito confiante em Deus”, diz Silva.

Outro morador do local, o pedreiro Armando Lugo, conta que há cerca de um mês capturou um escorpião em sua cama, o guardando dentro de um recipiente de vidro, no álcool. “Um bichinho pequeno desse faz um estrago tão grande”, diz.

Ele também afirma estar preocupado pois sabe que os escorpiões costumam sair à noite e, quando as luzes dos locais são acesas, eles correm e não é possível vemos com tanta facilidade e se prevenir de futuras picadas.

Condomínio está tomando medidas de prevenção

De acordo com a subsíndica do Residencial Reinaldo Busanelli, Regina Célia Pereira, medidas para prevenir a presença de escorpiões estão sendo tomadas, principalmente quanto a limpeza do condomínio. As tampas das caixas de esgoto estão sendo trocadas, assim como está sendo realizado o corte do mato, feito em parceria com o CCZ.

Força-tarefa procura escorpiões em condomínio onde menina de 6 anos foi picada
Equipes realizando a força-tarefa nesta quinta-feira (Henrique Arakaki, Midiamax)

Além disso, os moradores do local também estão recebendo orientações sobre isso. “A gente também precisa da colaboração dos moradores, pois muita gente amonta sujeita nos blocos e objetos de baixo das escadas. Tudo isso favorece situações como essa”, argumenta Regina. Cerca de 1,2 mil pessoas moram no condomínio, que possui 384 apartamentos.

Christiane Brandão, gerente do Scraps (Setor de Controle de Roedores, Animais Peçonhentos e Sinantrópicos) do CCZ, afirma que é muito importante os moradores terem cuidados para controlar os escorpiões, já que é algo difícil de se fazer, sendo necessário para isso construir barreiras físicas e usar inseticidas para afastá-los.

“É importante criar barreiras como telas nas janelas, já que o escorpião é capaz de escalar grandes alturas, telas nos ralos, tampas plásticas nas pias e no tanque. É muito importante manter o ralo fechado mesmo no banho, por que nossos shampoos e sabonetes são produtos químicos que podem irritar o animal, fazendo com que ele saia do ralo e ataque alguém sem que perceba que o escorpião esteja ali”, diz a gerente.

 

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