A enquete sobre a escolha de uma festa de Carnaval ou a compra de uma ambulância em Bonito, a 300 km de Campo Grande, causou polêmica entre os moradores. Em um dos destinos mais procurados do estado e conhecido pelas belezas naturais, a festa de Carnaval não é vista como um grande atrativo. Para a Secretaria de Turismo da cidade, o turista de Carnaval não é tão lucrativo quanto o ecoturista, o foco do município.

O secretário de Turismo, Indústria e Comércio, Augusto Barbosa, explica que o turista que vai à cidade para comemorar o Carnaval gasta até cinco vezes menos por dia do que o ecoturista e assim justifica que a festa não é prioridade na cidade. “O ecoturista, de aventura, ele não vai para pular o Carnaval, ele vai para aproveitar o que temos de melhor, turismo ambiental de referência para o mundo”, ressalta.

Barbosa aponta a festa de fim de ano como uma referência do que costuma acontecer também no Carnaval no centro da cidade. “Tivemos diagnóstico a campo do que acontece. Foi 20 mil pessoas na cidade, teve um aglomerado de pessoas de jovens em frente ao posto, era som alto, barulho, bebida e produzindo cinco caminhões de lixo por dia. Os empresários reclamaram destas aglomerações, as pessoas que moram ali também. Pensamos em consultar a população, a população é soberana”, diz.

De acordo com o secretário de Turismo, a ideia de fazer a enquete surgiu quando a administração se deparou com a limitação de recursos. Ele afirma que a terminou o ano com o orçamento apertado e cita que alguns balneários ficaram interditados durante as chuvas, causando ainda mais prejuízos.

Augusto explica que os R$ 200 mil disponíveis seriam um valor mínimo para garantir o palco, a iluminação, gerador, banda, banheiros e outros itens para o Carnaval. Por outro lado, a cidade só tem uma ambulância e necessita de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Móvel para atender tanto os moradores quanto os turistas da cidade.

Segundo o secretário, a resposta da população à enquete foi positiva. Entretanto, enquanto alguns moradores defendem a compra da ambulância, outros questionam nas redes sociais da Prefeitura se a administração pode destinar um recurso de cultura para a saúde. Barbosa explica que o recurso de R$ 200 mil é próprio da Prefeitura, que pode decidir como gastar, mas mesmo assim, decidiu pedir a opinião dos moradores. “Se é dinheiro federal ou estadual, aí você recebe recurso para comprar ambulância e só pode comprar ambulância, é carimbado. Só que neste caso o recurso é próprio do município, que pode decidir”.

Por enquanto, a ambulância está na frente da disputa, com 71% dos votos. O secretário ressalta que, mesmo que a saúde seja escolhida como prioridade, a cidade deve ter Carnaval, só que financiado pela iniciativa privada. “A iniciativa privada vai organizar Carnaval, mas não é entrada gratuita”.