Governo negocia passar pagamento da folha ao banco espanhol

Representantes sindicais de categorias de servidores de Mato Grosso do Sul demonstram preocupação com uma possível troca do banco responsável pela gestão da folha de pagamento dos mais de 70 mil funcionários do Governo, que negocia tirar do Banco do Brasil e levar para o Santander a administração dos R$ 462 milhões.

Os principais receios giram em torno da rede de atendimento do banco espanhol disponível no interior do Estado, a relação duradoura que os servidores possuem com o banco brasileiro e os benefícios que teriam com a mudança de instituição financeira. Além de questionarem as intenções do Executivo estadual.

“Nós temos preocupação com isso, sim. O Banco do Brasil, mesmo tendo taxas altas, tem economia mista e não está no mercado para gerar só lucro. Um banco privado tem outras taxas e formas de tratar os clientes. Sem contar que o Banco do Brasil pelo menos tem um caixa eletrônico em todos os municípios”, diz a vice-presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Sueli Melo.

Esta percepção é compartilhada pelo tenente Thiago Mônaco, líder da ABSS-MS (Associação Beneficente dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais oriundos do quadro de Sargentos Policiais e Bombeiros), que aponta para o detalhe de a troca de instituição ser negociada em ano eleitoral.

“Queremos saber quais são as reais intenções do governo com isso e quais os benefícios que a mudança vai trazer para o servidor público”, indaga Mônaco. “Estamos com o Banco do Brasil há praticamente 20 anos, temos uma relação antiga com o banco, que tem estrutura necessária para ter participação nos 79 municípios do Estado, com algumas exceções”.

O tenente da Polícia Militar afirma que a mudança na relação para um novo banco causa uma “insegurança e apreensão” por parte dos servidores. “Esse dinheiro que vai ser aplicado com a venda dessa folha vai ser utilizado para o quê? ”, questiona.Menos agências no interior deixam servidores preocupados com venda da folha

Tanto Thiago Mônaco, quanto o coordenador geral do Fórum de Servidores de Mato Grosso Sul, Fabiano Reis, dizem que neste momento estão organizando uma reunião para deliberar quais ações serão tomadas pelo colegiado, porém, antes, querem uma posição do governo estadual sobre o assunto para apresentarem no encontro.

“Estamos avaliando o que de bom pode trazer para o servidor essa questão da folha. Geralmente quando fecha a negociação, o banco oferece melhores serviços e linhas de crédito; e o governo também ganha”, diz Fabiano. “Vou ver se convoco uma reunião para segunda (5) ou terça-feira (6)”.

Negociação

Na quarta-feira (28) o governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, ambos do PSDB, estiveram em São Paulo (SP) para negociar com a cúpula do Santander a portabilidade da folha de pagamento do funcionalismo público de MS, que atualmente é orçada em R$ 462 milhões por mês.

De acordo com o governo tucano, ainda não está definido quanto o Estado deve lucrar com a venda da folha de pagamento. Além da portabilidade da gestão dos salários, Reinaldo quer que o Santander expanda a oferta de crédito a correntistas, financiamentos a empreendimentos públicos e investimentos em Mato Grosso do Sul.

Ainda segundo a administração tucana, o Santander foi o banco que mais cresceu no ano passado, quando obteve lucros de 35%, com taxa de rentabilidade de 17% no 3º trimestre de 2017.

(Foto: Divulgação/Assessoria)