Casal ‘Bolsolula’ diz que divergência política não é motivo de ódio

Há mais de 30 anos, Renato Russo (1960-1996) já embalava casais com preferências diferentes: “e quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?” Em 1986, quando “Eduardo e Mônica” foi lançada, Maria Katarina e Roger Vaz não tinham sequer nascidos. Mas, como o casal do Legião Urbana, os jovens de 17 […]

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Há mais de 30 anos, Renato Russo (1960-1996) já embalava casais com preferências diferentes: “e quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?”

Em 1986, quando “Eduardo e Mônica” foi lançada, Maria Katarina e Roger Vaz não tinham sequer nascidos. Mas, como o casal do Legião Urbana, os jovens de 17 anos, que viraram sensação das redes sociais nesta semana, bem sabem que “mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente uma vontade de se ver”.

Nesta terça (17), ela, estudante de enfermagem, resolveu assumir com ele, que cursa engenharia civil, o imbróglio da vida amorosa do casal: um relacionamento complicado.O status atualizado numa rede social viralizou: ela é adepta da corrente #lulalivre e ele é simpatizando dos entusiastas do #bolsomito.

Para mostrar suas posições políticas, ambos usam filtros em suas fotos de perfis com os rostos dos políticos, ela de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e ele de Jair Bolsonaro, do PSL. “Grande parte das pessoas que comentaram acham que as divergências políticas são motivos de ódio, o que ressalta o fato de existir tanta violência virtual”, diz Maria.

Até a tarde desta sexta (20), a atualização de “status” do casal tinha cerca de 70.000 compartilhamentos e 10.000 comentários. O casal ficou conhecido como “Bolsolula”, uma junção dos nomes dos políticos Bolsonaro e Lula.

Apesar de muitos internautas terem ido ao perfil do casal pelo humor, Maria afirma que ela e Roger também foram atacados com comentários agressivos por partidários do ex-presidente Lula e do capitão reformado Bolsonaro. Mas os dois afirmam que jamais se envolveram em discussões agressivas pelas suas preferências partidárias.

“Mas muita gente também foi por achar que é difícil se relacionar com pessoas que tenham diferenças políticas. Só que isso não é a centralidade em um relacionamento e as pessoas estão esquecendo disso”, afirma Maria.

Segundo a futura enfermeira, apesar de defender a soltura de Lula, que está preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, ela ainda não fez a escolha definitiva para as eleições de outubro. Já Roger está decidido a votar em Bolsonaro.

“Eu compactuo com algumas ideias dele. Eu acho que questões políticas já se tornaram clichês. Todos [os candidatos] têm as mesmas promessas. Já o Bolsonaro é diferente de todos e eu gosto disso. Gosto da personalidade dele de falar na cara, de responder o que tem que responder sem muito a questão de censura, sem esse politicamente correto”, diz Roger.

“As vezes acho que lhe falta um pouco mais de calma. Mas eu também entendo o lado dele, por ser atacado de todos os lados. Uma hora a paciência acaba mesmo”, completa.

Bolsonaro deve ser anunciado como candidato do PSL em convenção da legenda que acontece neste domingo (22). Apesar dos esforços de dirigentes do PT para formalizar Lula como candidato do partido, a situação do ex-presidente vive empasse no TSE, uma vez que o ele está preso. A convenção do PT está marcada para 4 de agosto, um dia antes da data limite para as legendas fazerem seus anúncios.

Pela idade, Maria e Roger são eleitores facultativos, mas ambos afirmam que tiraram título para participar do pleito presidencial deste ano.

“Acredito que não há problema nenhum em discutir política, no sentido de debater, mas a partir do momento em que você desrespeita a opinião política do outro, isso deixa de ser saudável”, afirma Maria.

Quanto ao “relacionamento complicado”, Maria afirma que foi “só uma brincadeira”, já que os dois ainda não estão “namorando oficialmente”.

“Mas pretendemos firmar um compromisso sério em breve”, diz ela. Os dois moram em Macapá e se conhecem há dois anos, mas só recentemente começaram a se envolver.
“Nosso relacionamento é muito bom, amigável, e a gente resolve tudo na conversa. Sempre soubemos dessas diferenças. Conversamos e chegamos a conclusão que isso não implicará de forma negativa no nosso relacionamento”, completa.

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