Mulheres questionam reforma do governo nas ruas
Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no Brasil e no mundo mulheres paralisam as atividades e marcham pelas ruas, na luta por direitos e igualdade. No centro do debate está o direito a aposentadoria, em razão da Reforma da Previdência, PEC 287, atualmente em votação no Congresso Nacional. A proposta do Executivo Nacional prevê uma idade mínima igual para homens e mulheres, 65 anos, o que desagrada as mulheres, que se afirmam em posição de desigualdade no mercado de trabalho.
Em Campo Grande, diversas mulheres, em especial às mulheres do campo, ligadas ao MST (Movimento Sem Terra), realizaram protesto durante a manhã, em frente à Previdência Geral, no centro da cidade. Em outros protestos registrados na cidade, a aposentadoria também foi discutida. Nesta tarde, nas ruas, as mulheres afirmam que a proposta do governo não leva em conta a desigualdade de gênero e pode dificultar ainda mais a aposentadoria.
Para a consultora de vendas, Sheila Maldonado, 43, o governo federal “esconde” o que está por trás do Déficit da Previdência, que foi de é de R$ 149,7 bilhões em 2016. “O governo faz o que é melhor para ele e não para gente. Se parassem de usar o dinheiro da Previdência para outras coisas não teria problema. O rombo é dos políticos”, afirma.
A vendedora Helena Flores Oliver, 24, afirma que a aposentadoria ainda não representa, para ela, muita preocupação, em razão da idade. Ainda assim, observar o que acontece com outras mulheres idosas a deixa apreensiva. “Não me afetou porque ainda está distante, mas está difícil para as mais velhas. A avó do meu marido já estava dando entrada pra se aposentar e agora vai levar mais tempo”, explicou ela. A vendedora complementa, afirmando que, nessa idade, as mulheres deveriam “descansar e aproveitar a vida”.
Rombo é das empresas
Servidora pública, Andrea Mont-Serrat, 39, declarou que a Reforma é uma indução ao erro. Isso porque, conforme declarou, o rombo previdenciário é das empresas. “As mulheres trabalham 7h e 49 minutos a mais que os homens, em razão da jornada doméstica. O trabalho doméstico ainda não é dividido e ainda existe a precarização do trabalho e o assédio. A reforma é uma indução ao erro. O rombo é das empresas. O governo escolheu as empresas e não o povo e acabou perdoando a dívida de grandes empresas”, comentou.
Só em Mato Grosso do Sul, 9 empresas agrícolas devem R$ 72 milhões no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). A C.G Solurb Soluções Ambientais – concessionária responsável pela coleta de lixo e limpeza na Capital – deve R$ 30,113 milhões ao Tesouro Nacional. Desse total, R$ 22,953 milhões são débitos chamados “não previdenciários”. Do montante, a empresa ainda deve R$ 7,159 à Previdência. Esses débitos compõe o que a Procuradoria chama de Dívida Ativa da União (DAU).
Empresas investigadas pela operação Lama Asfáltica, por sua vez, devem R$ 58,017 milhões ao Tesouro, R$ 4,565 milhões em dívidas Previdenciárias.
“O próprio texto reconhece os problemas das mulheres na questão trabalhista, salário menor, precarização, mas mesmo assim o governo acredita que a reforma será positiva, mas na verdade vai piorar. As mulheres negras e indígenas, o trabalho é ainda mais precarizado”, lembrou a estudante Thainara Félix, 22.