Mato Grosso do Sul é o segundo Estado em população  no Brasil

Estado com segunda maior população indígena do Brasil, Mato Grosso do Sul é destaque tanto quando o assunto são índios que se superam em meio aos desafios impostos pela urbanização ou quando os conflitos fundiários pautam o noticiário. Apenas nos limites de estão mais de 15 mil índios, cerca de 18% da população indígena do Estado.

Levantamento do Instituto Socioambiental, o maior sobre o assunto no Brasil, revela que dois povos, os terena e os guarani kaiowá, estão divididos em 3 mil hectares dentro do município de Dourados.

A reserva indígena em terra homologada pela União é dividida entre as aldeias Jaguapiru e Bororó e não conta com nenhum grupo isolado, ou seja, todos têm contato direto com o “homem branco”.

Pesquisas feitas pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) mostram que nos últimos 7 anos houve crescimento na população indígena de Dourados. Enquanto em anos anteriores a quantidade de índios vivendo nas aldeias oscilava entre crescimento e diminuição, desde 2010 o número só apresenta crescimento.

Se a população só cresce, os problemas também. A violência acaba sendo reflexo de um baixo investimento do poder público. Relatório do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), com dados do ano passado, mostra que a mortalidade infantil entre os indígenas no Estado é duas vezes maior que a média nacional, Dourados lidera o ranking em Mato Grosso do Sul.

Luta armada

Além da violência entre os próprios índios, motivada principalmente pelo consumo de álcool e drogas – fuga para alguns que não encontraram seu papel em uma área com tantos irmãos e pouco espaço – há também os recorrentes conflitos fundiários entre indígenas e produtores rurais.

Um dos últimos registrados na região sul do Estado teve como protagonistas índios da tribo guarani-kaiowá que vivem na terra Dourados Amambipeguá I, nos municípios de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai.

Em junho do ano passado agente de saúde indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, morreu e outras seis pessoas ficaram feridas durante confronto na Fazenda Ivu, perto da aldeia Te' Ýikuê. Assim como em outros casos no Estado, equipes da Força Nacional foram para a região com objetivo de evitar novos confrontos.

MS 40 anos: Vitórias e desafios da maior população indígena do Estado

Venceram

A luta contra a falta de oportunidade e as dificuldades impostas pela vida na aldeia não impediram que alguns índios conquistassem espaços nunca antes pensados. De advogado a rappers, os terena e guarani-kaiowá de Dourados têm muito do que se orgulhar.

Wilson Matos da Silva, hoje aos 56 anos, foi um dos primeiros indígenas da região a se formar em Direito e atuar como advogado. A formatura veio em 2003, de lá para cá, até a Comissão Especial de Assuntos Indígenas (Ceai) da OAB-MS (Ordem dos Advogados de Mato Grosso do Sul) ele presidiu.  O preconceito enfrentado dentro e fora da universidade é sempre lembrado por ele quando sua história vem à tona.

Outros que levaram o nome das aldeias Jaguapiru e Bororó para o noticiário nacional foram os rappers Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto. Juntos eles formam o Brô MC's, o primeiro grupo de rap indígena do país.

Os meninos que compõem principalmente em guarani ganharam o Brasil por meio da internet. Clipes gravados nas aldeias da cidade retratam a realidade enfrentada pelos indígenas nas aldeias.

Grupo criado em 2009, até hoje os meninos se apresentam em eventos espalhados por todo o Brasil. No mês passado, apresentado em São Paulo marcou mais uma das turnês do grupo pelo Brasil.