Professores e alunos protestaram em frente à SED

O CELMS (Centro Estadual de Línguas e Libras de Mato Grosso do Sul) encerra, oficialmente, as atividades no próximo dia 23 de agosto. Como justificativa, o governo de Mato Grosso do Sul alega queda na arrecadação, necessidade de ‘manejar’ os recursos da SED (Secretaria Estadual de Educação) para a educação básica e o reajuste dos professores estaduais. Com o encerramento do Centro, calcula economia de R$ 1,2 milhão anuais em recursos da pasta.

Nesta quarta-feira (26), a secretária Maria Cecilia Amendola da Motta convocou a imprensa para discutir o fim do CELMS, mas foi surpreendida por um protesto de professores e estudantes. Cerca de 31 pessoas trabalhavam no Centro, entre Campo Grande e Dourados, e a maioria perderá o emprego, já que os cargos não eram efetivos.

“Este ano a gente trabalhou com planejamento e foi comunicado que faríamos um aumento este ano para os professores e decidimos uma situação onde cortaríamos para honrar com o compromisso do governo. O foco da educação na verdade é a educação básica e este ano estamos em negociação com o sindicato”, comentou.

Nesta tarde a categoria aceitou a última proposta do Governo encaminhada que previa aumento salarial de 7,64% para os professores e 2,94% para os administrativos – índice semelhante ao concedido para a maioria dos servidores.

A secretária também alega que a educação básica em Mato Grosso do Sul está defasada e precisa de maior investimento.

“Não que não achemos importante o centro de línguas, mas o inglês já é oferecido na grade curricular e o espanhol algumas escolas oferecem. Libras, nós temos 7 escolas que oferecem libras. Agora o Alemão, o Russo e o Italiano, momentaneamente vai ficar suspenso. Não que a gente ache que não seja importante, mas não podemos extrapolar aquilo que é função nossa, como é a educação básica”, alegou.

Governo alega economia de R$ 1,2 milhão com fim do Centro de Línguas

Professor de italiano, Lino Alves dá aulas no centro desde 2014. Ele relata ter sido completamente surpreendido pela notícia e teme pela falta do emprego. “Eu não sabia e quero uma satisfação, me desestruturou completamente. Vou ter que fazer empréstimo para pagar as contas, e eu votei nesse governador”, criticou.

Números não batem

Para fechar a conta do ‘menor impacto’ de corte a SED alega evasão dos cursos ofertados pelo Centro, além de afirmar que apenas 24% dos alunos do curso são estudantes da rede estadual. Os professores negam evasão, e afirmam que as matrículas para o próximo semestre diminuíram em razão do anúncio de que as atividades do Centro chegariam ao fim.

Nesta tarde a secretária afirmou que o curso tinha somente 825 alunos em Campo Grande e cerca de 180 em Dourados. Levantamento dos professores, no entanto, afirma que há 68 turmas com 1.423 alunos até agosto deste ano.

Além do CELMS o governo deixou de ofertar, este ano, o cursinho pré-vestibular, alegando a mesma falta de recursos. Outros cortes e remanejamentos podem ocorrer, segundo a titular da SED.

Conforme explicou a secretária, a SED estuda encerrar e remanejar turmas da rede estadual, além de encerrar alugueis de prédios onde funcionavam unidades da educação estadual, incluindo escolas, que migram para os prédios de propriedade do governo. Em Campo Grande, o local onde funcionava o Centro de Línguas irá abrigar uma coordenadoria regional da pasta.