Ele ficou com sequelas da histoplasmose

Paulo Firmo Souza, 50 anos, trabalhava no setor de manutenção do Hospital Regional Rosa Pedrossian de Campo Grande como encanador desde a inauguração e foi designado, juntamente com outros 4 funcionários, para lavar a laje do hospital que estava tomada de fezes de pombos. Segundo o encanador apenas máscaras cirúrgicas foram fornecidas para a realização do serviço e a limpeza foi feita apenas com água. “Pelo que me lembro, a limpeza foi feita em setembro de 2015 com a mangueira de incêndio, levou uns 10 ou 12 dias para fazer todo o serviço”, conta.

Pouco tempo depois ficou doente. No começo eram gripes que demoravam a ser curadas. Mas quando começaram os desmaios, quedas de pressão e convulsões Paulo e a esposa Rute Firmo, 41 anos, ficaram preocupados. Consultas, exames, atendimentos de emergência não foram suficientes para dar um diagnóstico e até tratamento para leishmaniose ele recebeu. Após meses de sofrimento finalmente um veredito: histoplasmose e tuberculose, devido à inalação de fungos contidos nas fezes de pombos. Apesar de ficar internado por 3 meses e tratamento posterior, Paulo perdeu o movimento de pernas e braços.

Ele não sabe dizer se algum outro funcionário também adoeceu. Em pouco tempo vieram as gripes constantes e, logo depois, começaram os vômitos, pressão baixa, desmaios, convulsões, perda de sentidos, convulsões e até perda de memória, relata Rute, esposa de Paulo, que trabalha como técnica pericial. “Em março do ano passado ele teve um desmaio num supermercado e passou mal. O dono do estabelecimento até ajudou”, relembra.

Foram meses de investigação e nenhum diagnóstico conclusivo. “Ele passou por muitos exames e às vezes eu o levava para a emergência e, quando chegávamos,  já estava normal. Os médicos me diziam que não poderiam receitar nada. Até pensamos que poderia ser câncer. Em janeiro do ano passado, os médicos acharam que ele estivesse com Leishmaniose e foi tratado, mas o antibiótico fazia mal para ele”, acrescenta.

O tratamento para leishmaniose foi administrado por mais de um mês e o diagnóstico de histoplasmose e tuberculose chegou no final de março de 2016, após uma biópsia da ferida que ele tinha no nariz. “Em abril ele foi internado e ficou no hospital por mais de 3 meses, ele tinha que tomar remédio na veia, porque não adiantava tomar via oral”, destaca Rute.

Como sequela, Paulo teve seus membros atrofiados, incontinência urinária e hoje sofre com a situação . “Quando ele estava no hospital e estava com a memória comprometida ele ainda conversava. Mas quando melhorou e tomou consciência da situação ele se fechou e não falava mais com a gente. Ele precisou de atendimento psicológico e ainda hoje passa por sessões. Além disso, o médico fala que ele teria de passar por 5 sessões de fisioterapia por semana, mas faz apenas duas porque é o que o convênio cobre”, lamenta Rute. Segundo ela o médico neurologista indicou as 5 sessões para ter condições de reabilitação, porém a família não tem condições de arcar com o tratamento particular.

Pombos no HR

A presença de pombos no Hospital Regional foi flagrada em vídeo enviado por leitores do Jornal Midiamax e foi testemunhada por Ruth enquanto acompanhou o pai que ficou internado no hospital. “Era comum ver pombos nos quartos e eles não se importam com a presença das pessoas”, conta.

Procurado, o Hospital Regional emitiu nota onde afirma que a doença de Paulo Firmo “não tem ligação aos pombos”. Com relação a presença das aves, o hospital alega que “foi um fato esporádico, e as medidas administrativa já foram tomadas para evitar novos episódios”.