VÍDEO: sem solução? pais e mães fazem peregrinação para achar pediatras
Criança morreu na semana passada após atendimentos frustrados
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Criança morreu na semana passada após atendimentos frustrados
O problema existe desde sempre e parece que nunca vai ter solução: falta pediatras nas unidade de saúde de Campo Grande. Na semana passada, Enzo Manoel Godoy, 1 ano e 8 meses, morreu nos braços da mãe, Adriana Godoy da Silva, 26 anos. No momento de desespero, ela foi pedir ajuda em um shopping, mas nada pode ser feito. A mãe e o pai alegam que o menino passou por duas unidades de saúde e que quase foram para uma terceira, por orientação dada no atendimento nestes locais.
Na segunda-feira (12), só havia pediatras de plantão nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) dos bairros Coronel Antonino e Vila Almeida -cinco profissionais durante a manhã em cada uma, segundo escala da Prefeitura. A situação tirou pais e mães do sério nas outras unidades de saúde. Os relatos são sempre parecidos: acordei de madrugada, perdi trabalho, peguei ônibus para chegar aqui e não consegui atendimento.
Na UPA do bairro Coronel Antonino a movimentação foi grande o Jornal Midiamax conversou com três mães. Mesmo conseguindo atendimento médico, os pais reclamam de ter de se deslocar pela cidade para conseguir um médico. No diagnóstico da pediatria nos postos de saúde, os pais são unânimes. Faltam médicos nos bairros e o atendimento não é o adequado.
Aos 18 anos, Crislaine Ribeiro da Silva, mãe de um bebê de seis meses, diz que ligou no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para saber onde havia pediatra e não perder tempo. No posto, ela reclama da demora na triagem e diz que já havia levado o filho no fim de semana em outra unidade de saúde, mas que não conseguiu ver o bebê saudável. “No sábado, eu fui no posto do Aero Rancho e falaram que não podia fazer nada e me liberaram. Só que ele não melhorou nada. Só piorou de sábado para cá”, diz.
Maria Wendi Batista Araújo, 23 anos, mãe de uma menina de dois anos e dois meses, diz que saiu do Nova Lima para ir até o Coronel Antonino. Ela mora perto da UPA Nova Bahia, mas reclama que é difícil encontrar pediatra. “Liga lá e eles falam que só a noite. Então, prefiro vir aqui, que é meio distante mas tem atendimento. Lá é de fazer vergonha”, conta. Ela também faz o deslocamento de ônibus. “Tem que estar pegando ônibus com ela enjoada, chorando, fica difícil. Tinha que ter um pediatra lá, de dia e de noite”.
Fabiana Barbosa, 24 anos, saiu do Portal da Lagoa e foi com o marido procurar atendimento para a filha de 1 ano e seis meses. Gestante, ela precisava de uma consulta para ela, mas não conseguiu. Ela e o marido vieram com o bebê em uma motocicleta. “Eu sou bem atendida, mas a maioria dos remédios não têm”.
No bairro Nova Bahia, Jussara Correia, 52 anos, e o filho Kauã, 9 anos, deveriam coletar sangue para um exame que detecta a suspeita de gripe. Mãe e filho passaram pelo atendimento no posto da família no Bairro Vida Nova e foram encaminhados para o Nova Bahia, mas no local, não havia material para a coleta. Mãe filho perderam a viagem e tiveram que pagar dois ônibus. “É péssimo [o atendimento de saúde em Campo Grande]. Horrível. Perto de casa, o posto de saúde é bom, toda a equipe. Mas aqui, demora demais. Saí com febre e não resolveu nada. Vamos voltar para casa”.
Na UPA Universitário não havia pediatra nesta manhã. Teve pai e mãe em busca de atendimento e tendo de procurar outro posto de saúde. Márcio Modesto, 38 anos, saiu do Jardim Los Angeles com a mulher e o filho de 3 anos e não conseguiu atendimento.
“Viemos direto e não sabíamos que não tinha pediatra. Agora, vamos tentar que ir para o outro posto. É complicado ter que pegar ônibus e se deslocar até com a criança ruim. Acho o atendimento em Campo Grande horrível. As crianças precisam muita atenção e não têm”.
Bruna Alves Vieira, 24 anos, mora no Portal Caiobá e saiu transtornada da UPA sem conseguir atendimento para os filhos de 6 e 4 anos. “Faz sete dias que eles estão ruim e estou seis dias que seu estou sem trabalhar. Falou que não tem, só de noite. Choram de dor e demora demais ”
A Prefeitura não informou quantos pediatras há em Campo Grande, com base em qual o critério é feita a escala de plantão nas Upas e qual o deficit de pediatras.
O que diz a Prefeitura
Sobre o caso do bebê Enzo, a Prefeitura disse que os pais se responsabilizaram pelo transporte da criança para a UPA Vila Almeida, mas decidiram que antes iriam para casa almoçar e buscar roupas para a criança. Foi informado que sempre que há necessidade de traslado para outra unidade de saúde, as ambulâncias do Samu prestam esse serviço, exceto, como foi o caso, dos pacientes optarem por transferência própria.
Nesta segunda, no UPA do Universitário, local onde não havia pediatras, uma família foi em busca de atendimento para um bebê que havia desmaiado e de fato, a criança passou por atendimento com clínico-geral e deveria ser encaminhada para outra unidade pelo Samu.
Outra queixa frequente dos pais ainda é sobre o fechamento do Cempe (Centro Municipal Pediátrico) que funcionava no Centro da cidade, facilitando o acesso e concentrando um número maior de pediatras. No local eram atendidas especialidades e urgências.
A respeito da instalação de uma unidade que pudesse atender a toda cidade, nos moldes do antigo Cempe, a Prefeitura informou que atendimento, por determinação do Ministério da Saúde, deve ser descentralizado, este o motivo de o Cempe “ter sido criado de forma irregular e com recursos retirados de outras áreas da saúde. Não aprovado sequer pelo Conselho Municipal de Saúde e sem verbas – por estar irregular – do Ministério da Saúde”.
Na época da extinção da unidade, a Prefeitura afinou que no Cempe, havia 34 pediatras e todos seriam ser lotados na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). A expectativa era de que não faltasse mais atendimento nas UPAs. Atualmente, a Prefeitura afirma que há três unidades têm pediatras nos três períodos (matutino, vespertino e noturno) e outras unidades pediatras no período noturno.
A Prefeitura justifica ainda que entregou o Centro de Especialidades Infantis, onde funcionava o antigo CRS Guanandy, no entanto a unidade é para atender especialidades, ou seja, os médicos das unidades de saúde, após primeiro atendimento, encaminham para os especialistas daquela unidade.
Morte no shopping
O bebê Enzo, segundo os pais, começou a passar mal na terça-feira (6) depois de sair do Ceinf (Centro de Educação Infantil) Osvaldo Maciel de Oliveira, no Bairro Taquarussu. Desde então, passou por duas unidades de saúde públicas e iria para uma terceira.
A primeira unidade de saúde procurada foi o Centro de Especialidades Infantis, recém inaugurado no Guanandi. O pai Flávio Maurício de Arruda Lopes que o atendimento foi negado e a recomendação foi procurar a UPA do Leblon. Nela, segundo o relato de Flávio, a criança recebeu apenas soro e foi liberada, com a indicação de procurar outra UPA, da Vila Almeida. Nesse trajeto, quando eles iam pegar um táxi, Enzo piorou e morreu nos braços da mãe.
A Sesau afirmou que os pais teriam negligenciado o filho. “A mãe relatou a equipe médica que a criança estava com diarreia e vomito fazia um dia, no entanto, pelo grau de severa desidratação provavelmente a criança estava doente há mais tempo, sendo que no sistema consta que a última consulta da criança ocorreu em 2015
“A mãe foi orientada a levar imediatamente a criança a UPA, onde o tratamento seria prosseguido pelos pediatras. A assistente social da UPA conversou com a mãe deu as orientações e a mãe garantiu que iria até a UPA Vila Almeida terminar o tratamento da criança. No entanto, a mãe da criança não seguiu a orientação e a criança veio a falecer por volta das 16h30 de ontem. Do aconselhamento na UPA Leblon até a morte da criança se passaram em torno de 5 horas do atendimento”, explicou por meio de nota.
O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga e será encaminhado para a Depac (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), onde será investigado.
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