Socicam, Assetur, Mega Serv e Total estão na lista

A informação de que o transporte coletivo de Campo Grande pode passar por uma organização setorial, que consiste na divisão de terminais por viações, não deixou os usuários muito otimistas. Para a maioria, os ‘locais estão abandonados há muito tempo e a mudança de gestores não parece resolver muita coisa’.

Maria Inês Calisto, de 55 anos, por exemplo, disse que usa o transporte coletivo frequentemente e os terminais fazem parte de sua rota. Segundo ela, a péssima qualidade dos banheiros é um ponto em comum entre eles. “Eu nem entre nos banheiros né, porque o cheiro é insuportável, mas nem precisa, é só olhar para os bebedouros para ver que tudo está um caos”, destacou ao lembrar que os usuários também são responsáveis por isso.

O estudante Leandro Gomes, de 28 anos foi ainda mais critico, afirmando que ‘não tem o que falar da manutenção, porque ela simplesmente não existe’. “A situação está bem critica hoje, mas acredito que já foi melhor. Acho que antes ainda existia o mínimo de cuidado”, disse.

A vendedora ambulante Elaine Gomes, de 40 anos, criticou a sujeira, dizendo que o caos aumenta a cada dia. “Meu ponto fica próximo ao banheiro e é impossível utilizá-lo. Até atrapalha nas vendas”

Carmen Silva, de 28 anos foi a única dos entrevistados a dizer que está satisfeita com o serviço. Segundo ela a manutenção dos terminais sempre foi boa, e ‘atualmente tem melhorado’.Terminais abandonados 'sobram' para empresas após troca-troca de contratos

Desde a última semana rumores de demissões em massa, transferências de postos de serviço e troca de gerenciamentos dos terminais têm rodeado o Consórcio Guaicurus. Ainda não há um posicionamento oficial da empresa sobre todas as acusações, mas segundo o diretor João Rezende, as demissões estão descartadas e as transferências já estão acontecendo. “Essa situação contratual da pessoa com a empresa é uma coisa que não tem dúvidas entre nós. A pessoa não tem prejuízo nenhum, não tem demissão nenhuma, não tem rescisão nenhuma. Não tem prejuízo de direito adquirido. É só anotação. Não tem absolutamente nada”.

Há ainda, a informação repassada pelo secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Coletivos de Campo Grande, Cândido Meira Santino, de que as gestões foram dividas pela proximidade da sede da empresa com o terminal, levando em consideração também a locomoção dos trabalhadores. Com isso, a partir de agora, o terminal Júlio de Castilho está diretamente ligado à Viação Campo Grande, os terminais Nova Bahia e General Osório à Viação São Francisco, os terminais Guaicurus e Morenão à Viação Cidade Morena e terminais Bandeirantes e Aero Rancho à Viação Jaguar.

Isso também não foi confirmado pelo Consórcio. Sobre a manutenção dos terminais, a assessoria afirmou que é única e exclusivamente da Prefeitura. O Executivo foi procurado por e-mail, mas ainda não se pronunciou.

Troca-troca

Desde 2010, quando a Socicam, que também é responsável pelo terminal rodoviário da Capital, assumiu a manutenção dos prédios, houve uma sucessão de transferências de responsabilidades. Na ocasião a prestadora de serviço ganhou o contrato de R$ 8,1 milhões, por ser única a participar do processo licitatório, visto que as outras ‘não atendiam à demanda’, fixada em 80 mil passageiros ao mês.Terminais abandonados 'sobram' para empresas após troca-troca de contratos

Quando o contrato foi suspenso, em 17 de dezembro de 2012, no último ano da gestão de Nelsinho Trad, na época PMDB, a Assetur (Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Campo Grande) ficou como única responsável pelos terminais.

Na mesma data foi divulgado que a empresa Total Administração de Serviços Terceirizados LTDA assumiria o serviço de limpeza e manutenção dos terminais. Em 2013 denúncias de atraso salarial dos funcionários e não realização dos serviços de limpeza nas unidades de saúde levou a Prefeitura a suspender o contrato e no dia seguinte fechou emergencialmente com a Mega Serv.

Em agosto do mesmo ano o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Calote, entregue ao MPE (Ministério Público Estadual) apontou possíveis irregularidades no contrato. Mesmo assim, em outubro a prestadora de serviço venceu licitação e passou a atender a Capital sem regime de emergencial.