Sindicato afirma que o governo para tentar aumentar a segurança dos trabalhadores
Trabalhar como taxista em Campo Grande está ficando cada vez mais difícil e perigoso. A opinião é da própria categoria que afirma não haver segurança e estar exposto aos mais diversos tipos de crimes. Para alguns taxistas, o fato de o Brasil não ser permitido o porte de arma agrava ainda mais a situação, já que enquanto os bandidos estão armados, eles não tem como se defender.
Trabalhando há 25 anos como taxista, Walter Cesário, de 48 anos, diz que dos anos 90 para cá, quando começou a trabalhar mudou muita coisa, para garantir a segurança, mas mesmo assim foi vítima cinco vezes de assaltos, e em um deles, tomou dois tiros, um no pescoço e outro no abdome. Marcas que levará para sempre. “O serviço sempre foi um pouco perigoso, porque a gente pega gente na rua, gente que não sabemos quem é. Mas de um tempo para cá está cada vez mais difícil, eu mesmo deixei de trabalhar à noite”, diz.
O pedido, foi da esposa, que não quer mais ver o marido em situação de perigo. Ele revela que além do assalto, em que levou dois tiros, já ficou preso no porta-malas por horas a fio até a chegada do socorro. “Uma vez eu peguei um cliente aqui no pronto Socorro (ele trabalha no ponto da Santa Casa) e me falaram para levar lá perto da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Lá eles falaram para eu sair do carro e com a arma da mãe me prenderam no porta-malas”, diz.
Cesário conta que teve medo de morrer, principalmente porque o porta-malas armazena o cilindro de gás e não havia quase espaço. “Tenho problema de coração, fiquei com medo de ficar lá todo espremido e ter alguma coisa. A sorte é que não levaram o celular e eu pude chamar a polícia que rodou a região até me encontrar”, diz,
Quem também toma precauções para evitar assaltos é o taxista Claudemar Faccio, de 38 anos. Ele conta não pegar clientes na rua, apenas pelo aplicativo ou pelo rádio, para evitar situações de risco. “è muita insegurança. A gente vê direto um cara ou dois assaltado os taxistas. Estamos vulneráveis. Eu não pego mais ninguém na rua. Só pelo aplicativo ou pelo rádio, porque assim, pelo menos, tem o registro”, diz.
As precauções têm dado certo. Faccio nunca foi assaltado. Ele ainda diz que o jeito é esse. Cada um procurar se defender, já que o sindicato pouco faz pela categoria. “Não há politica sindical, se a gente não se mobiliza, não vai atrás, não fazem nada” critica.
Conforme o presidente do sindicato campo-grandense dos taxistas, Bernardo Quartin, a entidade já procurou o governo para tentar aumentar a segurança dos trabalhadores. “Oficiamos no dia 5 de abril, ao comando metropolitano da Polícia Militar, um pedido para que a polícia desenvolva ações de abordagem, tanto na periferia, quanto na região central, visando segurança de taxistas e mototaxistas”, afirma o sindicalista.
Quartin diz que o sindicato tem tentado sensibilizar o poder público não apenas na segurança dos taxistas, mas também na condução dos trabalhadores, expostos ao trânsito no exercício da função. “A segurança do trabalhador é uma preocupação constante”, afirma.
Segundo Bernardo, o assalto cometido na noite desta sexta-feira (22), ainda não havia sido comunicado oficialmente às três empresas de radio táxis que operam na Capital.
O sindicato pontua ainda que, na Capital, em 2014 foram registrados 26 assaltos contra taxistas, 25 no ano passado, e cinco até o mês de abril de 2016.
Na madrugada desta sexta-feira (22), um taxista, de 28 anos foi vítima de lesão corporal após fazer uma corrida até a Rua Rui Barbosa, no centro da Capital. O passageiro teria fingido não ter dinheiro suficiente para pagar a corrida e agrediu o taxista para fugir.