Frota cresce a ‘passos lentos’
A tarifa do transporte coletivo teve aumento de 30% nos últimos cinco anos, em Campo Grande. Entre 2010 e 2016, o valor passou de R$ 2,50 para R$ 3,25. A Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) já deu início ao processo administrativo para realizar os estudos que visam a obtenção do percentual de reajuste da tarifa dos ônibus.
Enquanto aumenta a passagem, a frota cresce a passos lentos, provocando a queda do número de passageiros. No mesmo período, o número de ‘carros’ cresceu 10%, passando de 537 para 593 veículos. Essa ‘organização’ é apontada como um dos fatores que aumenta o número de veículos nas ruas, principalmente as motocicletas, que concentra o maio número de acidentes com vítimas graves e mortes.
A data do reajuste costuma ser entre o fim de outubro e meados de novembro. Conforme a Prefeitura de Campo Grande, o estudo tem duração, em geral, de um mês e leva em consideração índices oficiais do período mais próximo a data do reajuste.
Para calcular de quanto será o reajuste, são levados em consideração a variação do preço do combustível -diesel-, o percentual de reajuste do salário do motorista -por meio de convenção coletiva da categoria-, o INPC (Índice de Preços ao Consumidor)acumulado, o IPCA-Oferta Global – valores entre a data de cálculo da tarifa em vigor e a data de elaboração do cálculo do reajuste)- e uma conta intrincada que leva em consideração o número de passageiros pagantes por quilômetro equivalente nos últimos doze meses.
De acordo com o IBGE, considerando os últimos 12 meses (setembro 2015-setembro 2016), o índice está em 9,15%. Em setembro de 2015, o INPC registrou 0,51%. Do ano de 2015 para 2016 , a passagem o percentual de reajuste foi de 8,83% . Já o diesel, teve o preço reduzido pela Petrobras nas refinarias em 2,7%, na último sábado.
Passageiros X frota
Levando em consideração o número de pessoas transportadas por dia em 2014 (215.860) e a população oficial da Capital no último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 786.797 habitantes. 1 em cada 3,6 habitantes utilizam o transporte público.
A frota dos ônibus do transporte coletivo em Campo Grande não tem apresentado grande evolução no número de veículos. Conforme dados da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), em dez anos, entre 2004 e 2014, o número de ônibus não saiu da casa dos ‘500’. Eram 511 veículos em 2004 e passou para 583 em 2014.
Dados da página do Consórcio Guaicurus indicam que a frota aumentou para 593 veículos em 2015/2016. Já o número de passageiros caiu em média 18 mil pessoas por dia. De 215.860, em 2004, caiu para 197.53, em 2014.
Reclamações e denúncias
As reclamações dos passageiros sobre a frota do transporte coletivo em Campo Grande são muitas. Sucateamento, falta de veículos e demora na espera são apenas algumas das reclamações de quem espera o coletivo todos os dias.
Mais a fundo, os problemas e denúncias também são fartas. O Termo de Concessão assinado pelas empresas do Consórcio Guaicurus (Viação Cidade Morena, Jaguar, Viação São Francisco e viação Campo Grande) e o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho (PTB) é alvo de suspeitas. O documento, que deveria ser divulgado para consulta pública, não é encontrado digitalizado em lugar algum.
Em junho deste ano, o Gaeco (Grupo de atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPE-PR (Ministério Público do Paraná) deflagrou a Operação Requixá, que apurava a existência de uma organização criminosa no segmento de concessão de transporte coletivo urbano em municípios do interior paranaense, um esquema que também pode ter sido replicado em Campo Grande e outras 17 cidades.
O ‘sumiço’ de ônibus também é denúncia frequente. Os veículos articulados seriam escondidos pelos empresários e ônibus menores, com menor capacidade de passageiros colocados em circulação.