Preconceito ainda é motivo de luta para população negra em Campo Grande
Neste domingo comemora-se Dia da Consciência Negra
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Neste domingo comemora-se Dia da Consciência Negra
Já se passaram 128 anos desde que a princesa Isabel, em nome do Imperador Dom Pedro II assinou a Lei Áurea, que abolia oficialmente a escravidão no Brasil, porém, mais de um século depois, olhares tortos, desvalorização e inferiorização, são atos de preconceito enfrentados, no mínimo, pelos 15 mil afrodescendentes que vivem nas 22 comunidades quilombolas em Mato Grosso do Sul.
Lucineia de Jesus Domingos Gabilão, de 34 anos, presidente da Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola Chácara do Buriti, destaca que a comunidade recebeu os primeiros remanescentes em 1920, mas só foi oficializada em 2005.
Atualmente o local conta com 55 famílias que tiram o sustento da terra. São aproximadamente 20 produtos produzidos no local e revendidos em feiras e mercados de Campo Grande. Fora da comunidade que, segundo a presidente da associação, tem renda familiar inferior a dois salários mínimos, a realidade ainda preocupa.
“Não é fácil. Dizer que não existe preconceito é mentira. Temos relatos constantes. É uma luta diária e que não para. Ouvimos muito dizerem que não existe mais preconceito, mas essa não é a nossa verdade. Falta um olhar mais atento para nós”, declara.
Joel da Penha, que no primeiro trimestre de 2016 chegou a ser anunciado como possível dirigente da coordenadoria Municipal de Igualdade Racional, que seria inaugurada no dia 21 de março, mas nunca saiu do papel, destaca a necessidade de representantes e políticas públicas comprometidos com as comunidades.
“Não existe quase o crime do racismo, mas existe o racismo institucional. Fazem homenagens, mas são poucos os projetos a favor da comunidade negra. Este racismo institucional ainda é muito forte. quase não temos representantes negros. É de implementar projetos para que a população negra seja mais valorizada”, observa.
Questionado sobre a Coordenadoria que não foi oficializada, Penha explica que houve problemas administrativos, mas que já houve reuniões e a questão é promessa ficou para a próxima gestão. “Estava perto da eleição e o atual gestor não queria que parecesse algo político e entendemos isso. Já conversamos e esperamos a Coordenadoria no próximo ano”, frisa.
Entre as questões já discutidas para que sejam solucionadas com a implementação da Coordenadoria estão o acesso à educação, saúde e cargos institucionais. “Temos um plano nacional de igualdade racial e queremos políticas públicas para as comunidades quilombolas que ainda sofrem com essas questões”, frisa.
Em Campo Grande existem três comunidades de remanescentes de quilombos, Tia Eva, São João Batista e a Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola Chácara do Buriti. De acordo com os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em Mato Grosso do Sul há 2.449.024 habitantes, 51,1% deste montante são considerados brancos e 48,9% se enquadram como negros, pardos e amarelos.
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