Os dois estados inauguraram a Subestação de energia Campo Grande II

Com a presença de diversos políticos do Consórcio Brasil Central, foi inaugurada, na tarde desta quinta-feira (18), a subestação Campo Grande II de energia elétrica. A subestação foi implementada com recursos do Consórcio, R$ 55 milhões, e é administrada em conjunto, entre a Cel Engenharia Ltda, empresa privada, e a empresa estatal goiana Celg Geração e Transmissão S.A.

A subestação é uma promessa do governo do estado, de “aumento de competitividade” do setor, que garante que a subestação fornecerá subsídio à Energisa. Além disso, o governo espera o crescimento do setor industrial, que deve aproveitar o fornecimento de energia, que tem capacidade de tensão de 230 kVA. A Celg também espera ser a terceira fonte de energia de Brasília, conforme explicou José Fernando Navarrete, presidente da estatal.

 

 

 

 

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) elogiou as privatizações de setores estratégicos, ao afirmar que a estatal Celg é uma “exceção à regra”. “Todos sabem que sou radicalmente a favor das privatizações, mas a Celg é uma exceção. Hoje a empresa tem R$ 80 milhões em caixa e é um orgulho inaugurar essa subestação e estar aqui nessa terra abençoada”, afirmou. O governador, ainda assim, já sinalizou que pretende dar continuidade ao processo de privatização da Celg no governo de Michel Temer (PMDB).

Em Goiás Perillo é alvo de críticas pela transferência de setores públicos à iniciativa privada, e levantou polêmicas por conta do setor educacional, que transfere para as OSs (Organizações sociais) a administração de escolas estaduais. A lista de organizações também já foi alvo de críticas pelo MPE de Goiás (Ministério Público Estadual).

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) criticou o que chamou de “demonização” das privatizações. “Nosso país demonizou as concessões ou privatizações, chamem do que quiser, mas isso [subestação] é um exemplo de que a junção entre os setores público e privado funciona muito bem”, defendeu.

O Consórcio, para os representantes dos estados da região centro-oeste, sinaliza um “protagonismo” da região em relação a outros estados brasileiros. “Todos sabemos que o centro-oeste é o propulsor e integrador do estado nacional”, declarou o presidente da Celg.

Sobre a diminuição na tarifa de energia em Campo Grande com a nova subestação, Azambuja afirmou que “isso aqui traz competitividade, energia de qualidade”. “Já tivemos uma redução, saímos da tarifa vermelha, a tarifa é essencial para o desenvolvimento dos nossos estados, agora, é uma regulação entre o preço da geração, a transmissão e a distribuição, e acho que isso aqui dá mais competitividade e futuramente podemos ter mais reduções pra ficar ainda mais competitivo”, finalizou.

Transferência de tecnologia

Os dois governadores também assinaram um “Termo de Cooperação Mútua”. Mato Grosso do Sul irá transferir para o Governo de Goiás a tecnologia do sistema online de outorga de recursos hídricos, que foi criada e implementada recentemente pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). A outorga é um dos seis instrumentos exigidos pela Política Nacional de Recursos Hídricos – lei federal 9.433 – e busca assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água.

O secretário da Semade (Secretaria estadual de meio ambiente e de desenvolvimento econômico), Jaime Verruck, explicou que o estado era um dos mais atrasados em relação a outorga. “Hoje temos um sistema de outorga que é referência nacional. Goiás tinha um sistema de outorga anterior ao nosso, mas que cria muita dificuldade na análise, e hoje nossa análise é feita toda pelo computador e vamos transferir todo esse conhecimento”.

O estado, no entanto, é alvo de investigações pela contaminação dos recursos hídricos pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul). O MPE acusa o despejo de esgoto sem o devido tratamento em córregos que desaguam no Rio Dourados, principal fonte de abastecimento para os habitantes do município a 200 quilômetros da capital. E na 1ª Vara da Justiça Federal de Dourados, promotores estaduais e o MPF (Ministério Público Federal) apontam a contaminação desse mesmo rio por agrotóxicos.

Questionado sobre a fiscalização, Jaime Verruck respondeu que “a quantidade de resíduos nós fazemos análise por um laboratório do Imasul, através de checagem. A questão do agrotóxico nós não identificamos parâmetros que gerassem mortalidade de peixes e coisas assim”.

A contaminação, no entanto, foi atestada pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Paraná em água coletada de junho a agosto de 2010 em cavaletes no Jardim Canaã e no Jardim Universitário. O próprio MPF divulgou a constatação da “presença do agrotóxico clorpirifós etílico – inseticida, pesticida e formicida, classificado como altamente tóxico pela Anvisa – e o temefós – larvicida comumente utilizado contra proliferação de mosquitos”.