Barragens improvisadas e novas construções são associadas ao alagamento

Ver os vizinhos sofrerem a cada chuva e ter que conviver com a compaixão e o medo de ser a próxima vítima, já virou rotina para os moradores da Rua Japuru, no Bairro Otávio Pécora. Algumas casas da região ficam de baixo d’água sempre que há temporais na cidade, mas durante a chuva de quarta-feira (2) novas famílias protagonizaram essa triste realidade e experimentaram o sentimento de ter seus lares inundados pela águas.

Para o chapeiro Rafael Everton Guimarães, de 34 anos, o susto foi ainda maior, porque soube da inundação pela mãe. Ele não estava em casa quando a água começou a subir e só ficou sabendo do ocorrido porque a mulher, de 51 anos, ligou pedindo ajuda. “Ficamos muito desesperados. Isso é muito triste, não esperávamos. A água entrou na varanda e chegou até a cozinha, molhando estantes e o sofá”, contou.

A vendedora Rose Pereira, de 45 anos, que também teve a casa invadida pela primeira vez nessa quarta-feira, relacionou o problema a construção recente de um condomínio, alguns metros acima e e a algumas barragens improvidas, feitas pelos próprios moradores, como forma de conter a água que desce da enxurrada. “Antes era tudo terra, mas fizeram os prédios e agora a água não é absorvida e acaba descendo. Como os moradores fizeram barragens, acumula certa quantidade de água que entra em outras casas”, explicou ao lembrar que acordou com o barulho da chuva e quando viu a água já estava na varanda de sua casa.

As barragens também foram citadas por Rafael. Segundo ele, na tentativa de resolver o problema em suas casas, os vizinhos acabaram criando outro. “A falta de escoamento da água da chuva faz com que casas que não alagavam, agora também tenham inundações. Desse jeito vamos ter que fazer contenção também, para não termos prejuízos na próxima chuva”, ressalta.

“É muito rápido. O desespero é muito grande. A água da chuva vem com cheiro muito forte de urina e esgoto, mas minha casa é alta então minha principal preocupação é com meus vizinhos. Tem gente que já perdeu tudo. Um vizinho ajuda o outro quando chove. Agora fico pensando que na próxima chuva vai alagar de novo” finalizou a vendedora, ao narrar a noite de ontem.