Nas ruas de Campo Grande, valores de multas dividem opinião da população

alteração entrou em vigor nesta terça-feira

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alteração entrou em vigor nesta terça-feira

Valores aplicados às infrações de trânsito já estão mais caros. As alterações do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em decorrência da Lei Federal 13.281, sancionada no dia 4 de maio deste ano, entraram em vigor nesta terça-feira (1º) e dividiram opiniões da população nas ruas de Campo Grande.

Conforme as mudanças, as infrações leves aumentaram de R$ 53,20 para R$ 88,38. As médias, de R$ 85,13 para R$ 130,16. As graves, passaram de R$ 127,69 para R$ 195,23 e as gravíssimas, de R$ 191,54 para R$ 293,47.

Com 5.407 mil autuações, aplicadas desde o início de 2016, o ato de dirigir e manusear o celular está entre as principais multas registradas pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) na Capital. A partir de hoje passa de infração média e passa a ser gravíssima.

A favor da multa, o montador de móveis, Thiago Leandro, de 19 anos, diz que foi vítima de um grave acidente de trânsito provocado por desatenção de um condutor, que segundo ele, estava falando usando o celular enquanto dirigia. 

“Considero certo aumentar o valor da multa porque eu quase morri em um acidente porque o motorista estava no celular. Isso tira a atenção e provoca muitos acidentes. Eu sempre paro minha moto para atender o telefone, mas muita gente não faz isso. Se pesar mais no bolso, eu acredito que eles melhorem”, declara.

A manicure Sonia da Silva Lopes, de 51 anos, também é a favor das mudanças do CTB. “Eu quase fui atropelada porque o condutor estava no celular e não me viu. Acredito que quanto mais cara a multa mais consciência as pessoas vão ter. A gente nota muita infração no trânsito”, afirma.

 Cleber Gellio/Midiamax

Taxista há 12 anos, Adalberto Garcia, de 35 anos, acredita que as multas não solucionam os problemas no trânsito e que seria necessário investir em educação. “Só multar não adianta, essa não é a melhor saída. Tem de ter um esforço maior quando à educação. Quem recebe multa, deveria ser obrigado a participar de um curso de educação e responsabilidade no trânsito”, sugere.

O pecuarista Antônio Rezende, de 66 anos, diz ser contra o aumento. “Acho isso um absurdo. Estão aplicando multas caras para fazer arrecadação. As infrações vão continuar do mesmo jeito. Eu, por exemplo, ando devagar, tomo cuidado, mas sou o maior furador de sinal que existe. Passo despercebidamente, sou multado, mas não resolve. Paguei quase R$ 4 mil em multas esse ano. Sou a favor da fiscalização, mas querem arrecadar demais. O Detran [Departamento Estadual de Trânsito] é um dos maiores arrecadadores”, frisa.

 Cleber Gellio/Midiamax

Lenice da Silva Santos, de 55 anos, também discorda das alterações de valores. “Fazem a gente pagar e ainda tiram os pontos na carteira. Tinha de ser justo, ou pagar a  multa, ou perder os pontos. Esse aumento é muito alto e injusto. Os valores arrecadados não condizem com os serviços oferecidos. É uma vergonha”, ressalta.

De acordo com o Detran de 1º de janeiro de 2016 até 31 de outubro foram aplicadas 485.440 multas em Mato Grosso do Sul, sendo, 186.998 em Campo Grande. Questionada a respeito do valor arrecadado com as multas, a assessoria de comunicação do órgão ressalta que não há levantamento a respeito.

Quanto ao destino dado ao recurso oriundo das infrações de trânsito a assessoria de comunicação explica que de acordo com o artigo 320 do CTB, “a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito”.

Conforme a determinação, o percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas deve ser depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com o diretor-presidente da Agetran para saber quanto é arrecadado com as multas aplicadas em Campo Grande e qual o destino do recursos, porém, ele disse que não estava na Agetran e que só terá as informações à tarde.

 

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