Desinformação deixou usuários irritados

A paralisação parcial dos motoristas de ônibus, no começo da manhã desta terça-feira (6), deixou os usuários do transporte coletivo perdidos. Nos pontos de integração, a procura por informações era intensa e nem os funcionários do Consórcio Guaicurus sabiam o que dizer à população. As informações eram baseadas em notícias divulgadas pelos jornais e rádios. 

No ponto de integração localizado em frente à Escola Estadual Hércules Maymone, a informação era que os ônibus só voltariam a circular por volta das 6h30, porém, às 6h17, o 070 (Terminal General Osório-Terminal Bandeirantes) já estava no local. 

A dona de casa Elizabeth Santos da Silva, perdeu a consulta médica, no Hospital Evangélico e reclamou da situação.”É uma desconsideração com a gente. Temos compromisso e ficamos prejudicados. É uma coisa sem nexo, não dá nem para expressar. Lá [no hospital], era por ordem de chegada. Já perdi”, reclamou. 

Um trabalhador que preferiu não se identificar disse que precisava chegar às 7h30 no trabalho. “Vou chegar atrasado. Não tem como acontecer uma coisa dessa”. 

No ponto de integração do Shopping Campo Grande, o pedreiro Zico Genôves pediu aos funcionários, o telefone do Consórcio para reclamar. “Estou desde 6h05 e não desceu e nem subiu nenhum ônibus 072 (Terminal Morenão-Terminal Nova Bahia). Vou chegar atrasado porque está tudo atrasado”. 

Nos terminais de transbordo, a movimentação esteve tranquila até às 6h30, pois os ônibus dos bairros não chegavam ao local. Somente após esse horário, a maioria dos veículos começaram a deixar as garagens. 

De acordo com o diretor financeiro do STTUC (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), Willian Alves da Silva, a paralisação deixou aproximadamente 400 veículos das empresas Viação Cidade Morena e Jaguar fora das ruas, por aproximadamente 2h00 [entre 4h30 e 6h30]. As empresas Viação São Francisco e Campo Grande não aderiram ao movimento. 

“A paralisação de alerta foi pelo não cumprimento do acordo coletivo, firmado em novembro. Era para o reajuste já ser pago e estar no holerite de novembro. As empresas estão acenando um acordo e, hoje, deve acontecer uma reunião entre sindicato e os representantes das empresas. Se não for cumprido acordo, será dado um novo prazo e será definido se haverá uma paralisação geral”, explicou o sindicalista.

Reajuste 

O decreto que estabeleceu novo preço para tarifa do transporte público foi suspenso, na tarde da sexta-feira (2), por determinação do vice-presidente do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Ronaldo Chadid. O valor passaria de R$ 3,25 para R$ 3,53 a partir da última segunda-feira (5).

Após a suspensão, a Prefeitura tem prazo para enviar a documentação pertinente e esclarecer a situação. O Executivo municipal informou que recorreria da decisão enviando os documentos solicitados.

Na suspensão, o TCE informou que irá avaliar a documentação com atenção especial, pois “é muito estranho esse aumento no final do mandato, fora de época, no apagar das luzes. Precisamos analisar com muito cuidado essa situação, principalmente porque o País passa por um momento de crise e a população, sobretudo a mais carente é a que mais sofre”, disse o presidente da Corte, conselheiro Waldir Neves.

A tarifa do transporte coletivo teve aumento de 30% nos últimos cinco anos, em Campo Grande. Entre 2010 e 2016, o valor passou de R$ 2,50 para R$ 3,25.  No mesmo período, a frota cresceu apenas 10%, passando de 537 para 593 veículos. O transporte público é alvo de reclamações por parte da população que se queixa de veículos velhos e insuficientes para a demanda.

(Matéria editada às 7h para acréscimo de informações)