Motociclistas ‘clandestinos’ são maioria e principais vítimas nas ruas
Autoescolas registram queda de 30% na procura
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Autoescolas registram queda de 30% na procura
Os motociclistas ‘clandestinos’ são a maioria da população que anda pelas ruas sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação). O preço para tirar a habilitação e facilidade para adquirir a motocicleta, em suaves e longas prestações, são apontados como fatores para a quantidade de pilotos sem CNH.
O dado é preocupante e, segundo o comandante do BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito), Renato Tolentino Alves, os últimos acidentes com mortes de motociclistas ocorridos na última semana, em Campo Grande, envolveram pessoas não habilitadas. Até o dia 16 de junho, o BPTran registrou 1.537 infrações de condutores que não possuíam CNH.
“Nos preocupamos muito em relação ao condutor não habilitado. As duas mortes na semana passada, foram de motociclista que não tinham CNH. É sintomático e revela um quadro preocupante para quem lida com trânsito”, diz.
O comandante cita quatro fatores que contribuem para o número de condutores não habilitados nas ruas. O primeiro, é a fiscalização, especialmente na periferia, que precisa ser melhorada. Seguido por uma rediscussão no transporte público. “Se tivéssemos um transporte público melhor, não só em Campo Grande, mas em termos de Brasil também, o cidadão usaria menos o veículo”.
Os outros dois fatores citados por Tolentino são o comércio, que vende os veículos, principalmente as motocicletas, sem questionar se quem vai conduzir é habilitado “A indústria e o comércio precisam ser incluídas na discussão. Vendem e não perguntam se possui habilitação. Consegue-se adquirir o veículo com muita facilidade e o fato de não ser habilitado é um problema”.
Seguido pelo preço da CNH “O cidadão consegue adquirir a moto, financiada, mas a CNH é um fator de custo a mais e ele acaba fazendo a opção equivocada de deixar a CNH para segundo plano. Tem que fazer o contrário. Antes de aquirir o veículo, procure autoescola, faça o treinamento, se habilite primeiro e depois faça a aquisição do veículo”, completa o comandante do BPTran.
Segundo as autoescolas, a saída para conquistar clientes, apesar da crise, são as promoções. Porém, somente as aulas podem ser parceladas e o consumidor tem a possibilidade de pesquisar e pechinchar. As taxas do Detran são padronizadas e devem ser pagas no ato da inscrição. Para piorar, desde o mês de janeiro deste ano, o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) exige que novos motoristas façam aulas em simuladores. Por esse motivo, o valor a ser pago por uma carteira de motorista sofreu aumento médio de R$ 300.
Números
De acordo com o SindCFCMS (Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado do Mato Grosso do Sul), somente entre 2014 e 2015 a procura pela primeira carteira caiu 30%. De 4,5 mil para 3,1 mil, considerando a média mensal. A crise econômica é apontada como um dos fatores que justificam a queda na procura pelos CFCs (Centro de Formação de Condutores).
Os números do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) são bem parecidos com o do sindicato. Considerando o Estado, em 2014 foram, 6.480 habilitações para conduzir carros, 11.292 para motocicletas e 23.085 para ambas, um total de 40.857. A média mensal ficou em 3,4 mil. No ano passado, foram 5.661 para categoria A, 11.609 para B, 45.119 AB, total de 39.304 no ano e 3,32 por mês.
Em Campo Grande, segundo os dados do Detran, em 2014 foram emitidas 1.652 CNHs para a categoria A, 6.609 para B e 4.071 para AB, totalizando 12.332. Em 2015, foram emitidas 1.528 CNHs para conduzir carros, 6.925 para motocicletas e 4.006 para ambos, totalizando 12.459. A média mensal ficou em mil novas habilitações.
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